O Plano Bresser e Plano Verão
Por: Hugo.bassi • 24/7/2018 • 1.324 Palavras (6 Páginas) • 287 Visualizações
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Em 15 de janeiro de 1989, o governo brasileiro decretou, pela terceira vez, um congelamento forte de preços, parecido com o Plano Cruzado, mas agora denominado Plano Verão, sendo a segunda reforma monetária do governo Sarney. Elaborado sob a supervisão dos ministros Maílson da Nóbrega (Fazenda), João Batista Abreu (Planejamento), Dorothéa Werneck (Trabalho) e Ronaldo Costa Couto (Casa Civil), o Plano Verão teve a mesma concepção dos pacotes anti-inflacionários aplicados anteriormente no Brasil e em outros países (Sandroni, 1999).
Ao contrário do Plano Bresser e de forma semelhante ao Plano Cruzado, o Plano Verão realizou uma reforma monetária, introduziu uma nova moeda, o “Cruzado Novo”, desindexou a economia, paralisou as minidesvalorização cambiais, não previu uma formula de indexação de salários e era acompanhado de políticas fiscal e monetária muito mais rígidas, além de extinguir a OTN (Obrigação do Tesouro Nacional) e a URP (Unidade de Referência de Preços). Seria uma “política ortodoxa” em contraste com a “política heterodoxa” do Plano Cruzado, porém em quatro meses foi possível verificar que a política ortodoxa do Plano Verão não foi eficiente (Bresser Pereira, 1989).
No plano financeiro o déficit público não diminuiu, ele aumentou devido à absurda política de juros reais pagos pelos títulos públicos no primeiros três meses do plano. A política monetária rígida não se materializou apesar dos juros reais elevados. A dívida pública interna cresceu muito, pois seu valor nominal dobrou enquanto a inflação nesse período, medida pelo IGP, ultrapassou 60%. A taxa de inflação oficial mensal, apesar de o congelamento ter sido praticamente mantido, alcançou 7,31%. O plano teve prejuízos em termos de perda de credibilidade do governo e de crédito do Estado. O governo foi incapaz de controlar o déficit público, apesar das insistentes manifestações de intenção e dos erros cometidos em relação à taxa de juros e à desindexação da economia e a do Estado evidenciada pela dificuldade de colocação das Letras Financeiras do Tesouro (LFTs) e os elevadíssimos juros (Bresser Pereira, 1989).
No plano real e no social os resultados também eram preocupantes, pois os salários médios reais estavam em declínio devido a conversão dos salários em novos cruzados por um nível inferior à média do ano anterior (1988) e a produção industrial apresentava sinais de recessão, pois o nível de emprego vinha reduzindo-se a alguns meses. Esse quadro negativo da economia na época era resultado das metas não cumpridas do plano, ou seja, nada foi feito para reduzir a dívida e os juros externos, os mesmos só aumentaram, não houve qualquer redução significativa de despesas ou aumento de receitas públicas e as despesas com juros sobre a dívida interna aumentaram consideravelmente (Bresser Pereira, 1989).
Apesar disso, o fato de o Plano Verão de 1989 ter sido antecedido pelo Cruzado e Bresser não foi suficiente para fazer com que ele não se tornasse um dos planos com piores consequências para a economia brasileira na história do país. No início da década de 1990, com o fracasso do Plano, a economia brasileira vivenciou a hiperinflação, essa política conteve a inflação abaixo dos 20% a.m. no primeiro semestre, mas, a partir do segundo semestre, houve intenso processo de aceleração inflacionária, indo de 30% ao mês à 84% ao mês já em março de 1990.
REFERÊNCIAS
ABREU, Yolanda Vieira e COELHO, Sanay Bertelle. Evolução Histórica da Moeda: Estudo de Caso: Brasil (1889 – 1989). Málaga, Espanha: Eumed.Net, Universidade de Málaga, 2009. 104 p.: il.
PEREIRA, Luiz Carlos Bresser. O plano verão e a crise estrutural da economia brasileira. Revista de Economia Política, vol. 9, nº 4, 1989.
PEREIRA, Luiz Carlos Bresser. Plano Bresser: A Versão de Otenização. F. G. V., 2004.
ROVERI SIDNEY, Amanda Todeschini e MARTINS, Renata Jerola. Sarney e o Plano Verão: o inicio do estrago. Unicuritiba, 2012.
SANDRONI, Paulo. Novíssimo Dicionário de Economia. São Paulo, 1999. Editora Best Seller.
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