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Economia Solidária e Socialismo: Uma Nova Perspectiva Socioeconômica

Por:   •  22/2/2018  •  11.907 Palavras (48 Páginas)  •  464 Visualizações

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Portanto, começarei fazendo uma breve revisão do pensamento socialista do século XIX, alcançando de forma genérica as crises conjunturais mais atuais causadas pelo capitalismo e a sua globalização, chegando até ás novas tendências econômicas socialistas como a idéia de uma economia solidária, que vêm sendo encarada de forma muito séria, mas ainda sem o apoio necessário do governo federal, como uma forma alternativa para se superar a crise social do trabalho na atualidade e um possível início de superação da racionalidade capitalista de produção e sociabilidade, tão almejada pelos que ainda acreditam em uma sociedade e economia mais igualitárias e seguras para todos.

A partir da idéia da economia solidária darei mais destaque ao cooperativismo autogestionário, a sua evolução histórica, o novo cooperativismo, as diferenças significativas entre uma sociedade cooperativa e uma empresa capitalista, a importância dessa idéia para a sociedade, os obstáculos que vêm sendo enfrentados para o seu desenvolvimento dentro de uma sociedade capitalista, a reflexão que é retomada sobre a questão da centralidade do trabalho como categoria social, anteriormente levantada por Marx, as novas preocupações do movimento sindical para contornar o problema do trabalho dentro da sociedade capitalista e dá a este, um caráter novo e muito mais amplo, pois desde o esquecimento do socialismo e o advento do neoliberalismo o trabalho tomou uma função que não ultrapassa a economicista.

As reflexões que a economia solidária nos proporciona, giram em torno da nossa consciência e valores sociais, ou seja, como nós interpretamos a nossa sociedade e como nós nos posicionamos dentro de uma sociedade em crise como a atual. Será que nossas iniciativas de mudanças e nossos conceitos de sociedade mais igualitária estão realmente corretos? O estado social crítico em que vivemos é um problema unicamente político (sentido estrito de políticas paliativas) como costumamos colocar no nosso dia a dia, ou será que nós também temos uma parcela de culpa considerável dentro dessa situação crítica?

Assim este trabalho toma a função de conexão entre duas perspectivas econômicas ideologicamente unidas, em função de uma mesma causa, a economia socialista e a economia solidária, pois a racionalidade socialista é o principio básico utilizado pela economia solidária para que esta possa proporcionar a viabilidade econômica, que o socialismo deixou a desejar anteriormente nas suas investidas.

Um questionamento deve ser levantado dentro deste debate: será que a economia de transição, a ponte condutora, que irá conduzir a sociedade atual até a economia socialista tão desejada, não é bem o que se pôs em prática na antiga URSS, e sim por meio de uma prática econômica baseada numa racionalidade cada vez mais solidária e culturalmente cooperativista?

Não é objetivo deste trabalho, o detalhamento e aprofundamento dos conceitos categóricos da economia política marxista, mas uma reflexão econômico-sociológica que estabeleça o eixo de ligação, do pensamento socialista do século XIX com esta que na atualidade vem tomando a postura de um novo pensamento socialista.

2. O Novo Socialismo Emana da Sociedade Civil

De nada adiantará falarmos em novo socialismo se não buscarmos primeiro entender a essência do antigo socialismo. Os primeiros indícios de idéias que almejavam a igualdade entre os homens, que se tem constatado, datam da fase de transição do feudalismo para o capitalismo nos séculos XVI com Thomas More em sua obra (Utopia) e Campanella (Cidade do Sol) e XVII na Inglaterra com o movimento dos niveladores (levellers), todos estes idealizavam uma sociedade mais igualitária.

Mas foi no século XIX com o real desenvolvimento das idéias e das práticas capitalistas, a partir da expansão da produção industrial, que o teor das diferentes doutrinas sociais se tornou mais consistente, começaram tomar uma linearidade e a ser difundidas pela sociedade como uma corrente de pensamento legítimo.

O pensamento socialista surgiu no interior do capitalismo quase que paralelamente ao seu desenvolvimento por uma corrente denominada utópica, em que despontam os três maiores e mais importantes precursores do pensamento socialista, que são Saint-Simon, Charles Fourier na França e Robert Owen na Inglaterra.

Ainda que utópicas, suas idéias foram fundamentais para a formação posterior do pensamento socialista cientifico criado por Karl Marx e Friedrich Engels, que nos dias atuais está sendo alvo de revisões importantes tornando-se fonte de inspiração socialista para a produção de novas idéias e embasamento ideológico de novos movimentos sociais.

Devido à imaturidade do capitalismo naquele começo de século e, portanto, das imaturas relações de trabalho somando-se ao fato de os trabalhadores ainda não se encontrarem organizados como classe, a deficiência dos utópicos de organizar seu pensamento e sistematizar formas mais viáveis para se alcançar à sociedade por eles idealizada, foram pressupostos para o surgimento do socialismo cientifico, uma teoria que de forma cientifica, demonstraria todas as falhas e contradições do capitalismo industrial em marcha.

A partir da incapacidade dos utópicos, o socialismo científico que foi desenvolvido por Marx e Engels no começo e meio do século XIX, estruturou-se sobre aquilo que considero as bases do pensamento socialista, essas bases nada mais são do que a sua teoria científica do materialismo histórico, a metodologia dialética marxista, a luta de classes, a mais-valia e o conceito de alienação do trabalho.

De forma alguma o pensamento socialista resume-se a esses conceitos, porém a essência do movimento em todo o mundo se fundamentou nessas categorias. Toda a crítica real ao modo de produção capitalista do século XIX, às idéias liberais clássicas de Adam Smith e David Ricardo é feita a partir de Marx e Engels quando as relações capitalistas começam a alcançar a sua maturidade real.

A óptica dialética pela qual Marx avalia a sociedade toma um caráter filosófico mais materialista, assim, não só os problemas sociais, mas o mundo e o próprio homem passam a ser interpretados como partes de uma rede de processos interligados e não como pontos isolados, inertes e imutáveis. Essa concepção dialética da sociedade é considerada uma das maiores genialidades da metodologia científica marxista. O pensamento marxista de baseia na afirmativa de que para se compreender uma sociedade devemos analisar a forma como ela produz, distribui, troca e consome as suas riquezas e todos os desdobramentos

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