O Trabalho Feminino e sua Trajetória
Por: YdecRupolo • 16/7/2018 • 3.491 Palavras (14 Páginas) • 240 Visualizações
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Os movimentos feministas, no entanto, não se calaram diante desta nova ordem, mas continuavam a se estruturar e a luta para alterar as condições sociais das mulheres. Goldemberg e Toscano (1992, p. 19) afirmam que,
ao longo do século XIX, o feminismo foi se estruturando enquanto movimento, na medida em que as diferenças de tratamento entre homens e mulheres, no mercado de trabalho e no conjunto da sociedade, foram se tornando cada vez mais evidentes. Além dos salários menores que as mulheres recebem, era flagrante sua marginalização dos processos decisórios, nos locais de trabalho, a precariedade das leis de proteção à maternidade e a superexploração da força de trabalho feminino eram algumas das discriminações que as mulheres sofriam.
A parti da segunda metade do século XIX, uma reivindicação das mulheres se tornou um marco importante na história das sociedades ocidentais – o direito ao voto. Este movimento denominado como movimento sufragista, teve seu início nos EUA e na Inglaterra. De acordo com Goldemberg e Toscano (1992), em Manchester, no ano de 1865, surgiu o primeiro grupo de mulheres com o objetivo de lutar pelo voto feminino. Ainda segundo estas autoras, as mulheres buscavam através do direito ao voto, a lutar também pela conquista de melhores condições sociais como exemplo, a ampliação do mercado de trabalho, salários e direitos trabalhistas iguais aos homens, maior acesso a à educação, entre outras.
Tais movimentos se espalham pelo mundo ocidental entrando em recesso, contudo, no início do século XX, com o advento da Primeira Guerra Mundial, ainda que tenham sido retomados mais tarde (SAFFIOTI, 1976; GOLDEMBERG e TOSCANO 1992).
Durante a segunda metade do século XIX, a luta das mulheres se evidenciava cada vez mais. Sugiram diversos jornais escrito por mulheres que se disponibilizavam a debater questões femininas. O conteúdo desses artigos nos jornais, entretanto, eram de duas ordens: alguns questionadores da condição da mulher e outros, ao contrário, da ordem conservadora.
No final do século XIX as mulheres por fim conseguiu uma conquista importante, a possibilidade de um maior acesso à educação. Em 1881, as mulheres puderam ingressar em um curso superior (ROCHA-COUTINHO, 1994).
A luta feminina continuou forte e adentrou o século XX. Goldemberg e Toscano (1992) afirma que, em 1910, Clara Zetkin propôs na segunda Conferência Internacional da Mulher Trabalhadora, a criação do Dia Internacional da Mulher, o dia 8 de março, como forma de homenagear as mulheres pela sua luta pela democracia, pelo socialismo e pala paz. Segundo as autorias, incialmente, esta data foi festejada apenas pelas mulheres socialistas de alguns países da Europa e, somente em 1975, ela foi aceita pelos demais países do mundo, ao ser incluída no calendário oficial da ONU (Organização das Nações Unidas). A escolha desta data se deve a um episódio ocorrido em 8 de março de 1857, no qual morreram queimadas 129 mulheres que participavam de um movimento de luta por melhores condições de trabalho em uma fábrica em Nova York.
No Brasil, o feminismo foi fortemente influenciado pelo movimento dos países europeus e norte-americanos, porém teve suas peculiaridades em função de como o país foi constituindo sua história e o modo como foi se estruturando social e culturalmente.
a escravidão, a tardia emancipação do centro de dominação, o modelo fundiário imposto pelo colonizador português e a influência da Igreja Católica como força política e instrumento de controle social são, ao nosso ver, elementos que permitem melhor entender as peculiaridades do feminismo em nosso país. Esses elementos são os fatores mais diretamente responsáveis pelo patriarcalismo, pelo paternalismo, pelo conservadorismo e pelo machismo brasileiro. (Goldemberg e Toscano, 1992, p. 25)
Ainda de acordo com a autora, o feminismo no Brasil apenas constituiu enquanto movimento organizado na segunda década do século XX e estava inicialmente voltado para o direito ao voto. As reivindicações eram defendidas geralmente por mulheres de classes média e alta, eram as que tinham maior acesso à educação e, portanto, maior possiblidade de tomar conhecimento dos noticiários internacional. Bertha Luiz foi um nome altamente significativo na luta das mulheres brasileiras.
Segundo Saffioti (1976), após voltar em Londres, em 1919, ela tornou-se líder do movimento feminista brasileiro e, em 1922, veio a se tornar a Federação Brasileiro pelo Progresso Feminino. De acordo com esta autora, a luta desta Federação voltava-se para sete princípios:
1. Promover a educação da mulher e elevar o nível da instrução feminina; 2. Proteger as mães e a infância; 3. Obter garantias legislativas e práticas para o trabalho feminino; 4. Auxiliar as boas iniciativas da mulher e orienta-la na escolha de uma profissão; 5. Estimular o espírito de sociabilidade e de cooperação entre as mulheres e interessa-las pelas questões sociais e de alcance público; 6. Assegurar à mulher os direitos políticos que a nossa Constituição lhe confere e prepará-la para o exercício inteligente desses direitos; 7. Estreitar os laços de amizade com os demais países americanos, a fim de garantir a manutenção perpétua da Paz e da Justiça no Hemisfério Ocidental (SAFFIOTI, 1976, p.258).
A preocupação das mulheres dos movimentos feministas além do voto, era de se integrar socialmente no mercado de trabalho, questionando a condição social em que as mulheres estavam organizadas. Destaca-se que nesta época, as mulheres de classe média já estavam iniciando sua participação no mercado de trabalho.
Em 1932, as mulheres brasileiras tiveram uma vitória, o direito ao voto, que constituiu um dos marcos na sua trajetória social e, em 1936, elas conseguiram o Estatuto da Mulher (SAFFIOTI, 1976).
No final desta mesma década, especificamente me 1939, iniciou-se a Segunda Guerra Mundial, que findou em 1945. Novamente as mulheres europeias e norte-americanas tiveram que se desdobrar entre as tarefas do lar e assumir pela segunda vez, as funções dos homens que estavam na frente de combate nas fábricas. Ao término das guerras, houve uma forte pressão por parte da sociedade, para que as mulheres se voltassem novamente apenas para seus afazeres domésticos. Esta pressão, de certa forma, não se deu sem que houvesse uma oposição e resistência feminina. Para esta pressão mais intensa nos anos 1950 e 1960, também no Brasil, muito contribuíram entre outras coisas, com várias teorias psicológicas da época que tentavam mostrar a importância da presença da mãe para o desenvolvimento saudável de seus filhos (ROCHA-COUTINHO,
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