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IMEDIATISMO NO ESPORTE: UMA DISCUSSÃO SOBRE A INICIAÇÃO DESPORTIVA PRECOCE.

Por:   •  6/9/2018  •  2.451 Palavras (10 Páginas)  •  331 Visualizações

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2.2 DA CRIANÇA AO ADOLESCENTE:

Respeitar o processo de crescimento e maturação de crianças (estas analisada na faixa etária de 6 a 12 anos), e adolescentes (12 a 18), parece ser um discurso aplicado de forma ativa por profissionais de educação física, será?

Como será que enxergamos essas crianças ao se aplicar uma atividade, que foque a observação e não a análise do que a teoria nos apresenta e o que a prática mostra? Cada vez mais nota-se a introdução de crianças no campo esportivo, seja por vontade dos pais, devido aos seus compromissos profissionais seja para se ocupar o tempo dessas crianças com diversas atividades, ou por seus professores que vêem em seus alunos retratos de si mesmo quando também foram considerados ou de fato foram um “futuro atleta”, ou ainda ambos, pais e professores/técnicos, que se realizam frustrando jovens que muitas vezes querem apenas vivenciar, conviver, explorar e conhecer um mundo ainda pouco experimentado por elas. Sabe-se que todos nós percorremos ao longo de nosso ciclo vital, estágios de crescimento (quantitativo) e maturação (qualitativo), temos o momento certo de estimular nossas habilidades motoras básicas como: estabilidade, manipulação e locomoção, e estas estão atreladas ao nosso desenvolvimento físico, cognitivo e social. Segundo Sullivan (2004, p. 19), durante a infância, as mudanças provocadas pelo crescimento físico são súbitas e visíveis. Mas crianças se desenvolvem de outros modos menos evidentes que apresentam implicações importantes para as práticas esportivas. Não se deveria esperar por parte das crianças uma resposta igual ao dos adultos no que concerne o treinamento, interação com os colegas de equipe ou compreensão de estratégias. Parece que vemos a criança como um adulto, pronto para atender a exigências no campo esportivo condizente com atletas de alto nível, já tentando plantar a “semente do jovem atleta” em seu subconsciente. Será esse o caminho certo? Do que adianta querer orientar, gritar, encher os alunos com informações técnico-táticas, que podem entediar e fazê-los perder o gosto pela prática, sendo que se pode fazer da diversão de das brincadeiras um forte aliado para colaborar e enriquecer o acervo motor dessas crianças, que merecem viver de maneira descompromissada e amistosa, interagindo sem se distinguirem uma das outras? De acordo com Sullivan (2004, p. 19), crianças com idade entre 6 e 8 anos não entendem o jogo de fato, apenas demonstram aptidão física e habilidade para imitar. O autor ainda ressalta a importância de se enfatizar o aprendizado de habilidade básica sem forçá-las a atuar num nível que, cognitiva e socialmente, não são ainda capazes de entender, ou seja, estimular os chamados “jogadores de colmeia” a se explorar e não com a finalidade de habilitar, selecionar e/ou impor técnicas de movimentos especializados. Sabemos que a criança se desenvolve muito mais em atividades lúdicas, porque não tratar de pôr em prática as diversas formas de manifestações culturais, já que somos tão diferentes culturalmente, porém tão parecidos biologicamente? Habilidades como arremessar, chutar, correr, saltar, agarrar, bater, pular, etc., não estão em maior ou menor grau em todos os esportes, e mais ainda, em nós desde tenra idade? Não será mais fácil numa especialização/iniciação precoce, deixar as crianças se descobrirem e em cima disso, respeitando seu desenvolvimento, se trabalhando aos poucos os fundamentos esportivos? Deve-se levar em conta, como o ser humano se desenvolve, para que não se prejudique esse indivíduo ao longo de sua vida, com uma especialização que o limite em outras atividades, seja ela esportiva ou não, restringindo de sua vivência e experiências enquanto criança, que possamos propor um ambiente que contribua positivamente para o desenvolvimento pleno, para que esta criança venha a ser um processo e não um fim para a especialização precoce.

2.3 DESENVOLVIMENTO COMO FATOR PARA SE COMPREENDER E APROVEITAR

Trabalhar com o corpo humano, se torna imprescindível conhecer esse corpo, como ele se manifesta, se desenvolve e se expressa. Somos movidos por estímulos que contribuem e variam de cultura para cultura, fatores ontogênicos e felogênicos, desenvolvimento e crescimento. É essencial termos em mente ao se trabalhar com a iniciação esportiva com crianças que, seu desenvolvimento biopsicossocial, caminham de “mãos dadas”, o que acontece é que, cada um se sobressai de maneira mais notória que os outros, mas isso não significa ou indica que desenvolvimento o impedirá de aprender, desde que seja estimulado de maneira satisfatória. A terceira infância é uma fase onde, do ponto de vista do desenvolvimento físico e do crescimento são bem mais vagarosos, porém correspondem ao período em que a melhoria da atividade motora propicia a ampliação da prática das atividades físicas, as brincadeiras se mostram indicadores de diferenciação entre os sexos.

2.4 POTENCIAL GENÉTICO

No que ser refere aos benefícios de uma iniciação/especialização precoce, o que se destaca é um benefício superficial do indivíduo, nesse caso o jovem atleta, o qual objetiva-se extrair o máximo de seu potencial genético, e um destacado interesse das partes envolvidas na “construção” desse “campeão”, aqui as federações, ministério do esporte em apenas buscar medalhas e títulos, o que causa uma dúvida que merece reflexão, como acerca de como anda o aspecto psicológico desse jovem atleta. Segundo Sullivan (2004, p. 21), a maturidade para o esporte não pode ser prevista tendo como base a idade outros parâmetros específicos. O que dá margem para se questionar, o porquê de se antecipar o ápice de um atleta tendo em vista somente seu desenvolvimento. A infância é o ponto de partida para se compreender o porquê do trabalho precoce, devido a sua pouca relevância opinativa, sua flexibilidade e a extração daquilo que posteriormente acredita-se já estar comprometido: seu desenvolvimento físico. É ainda entendida como um período de grande importância para o desenvolvimento motor, sobretudo porque é nessa fase que ocorrem o desenvolvimento das habilidades motoras básicas. Tendo em vista que todas as crianças exploram através de jogos e brincadeiras suas habilidades motoras básicas, através desta diversão ela se desenvolve em vários aspectos. Claro que aliadas com a prática esportiva esse desenvolvimento pode ser positivo ou negativo, benéfico ou maléfico. Segundo Alves C Lima (2008), os malefícios da atividade física são tão importantes quanto os benefícios, afinal, se feito de forma inadequada atrapalha o crescimento e o

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