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GEOGRAFIA DOS GRANDES ESPAÇOS MUNDIAIS

Por:   •  11/5/2018  •  16.270 Palavras (66 Páginas)  •  427 Visualizações

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Outro ator importante nesse cenário é a China. Essa nação nos últimos anos vem intensificando seu crescimento de forma a tornar-se uma das maiores economias do mundo. Esta intensificou sua estratégia de desenvolvimento interno, por meio do fomento a tecnologia e a inovação, posicionando-se como um grande vetor no comércio internacional, tanto como exportadora – de bens de média e alta tecnologia – como de importadora – de commodities. O crescimento chinês e a expansão da exportação dos seus produtos manufaturados pressionaram para baixo o preço destes últimos no mercado internacional, fazendo com que seus produtos ganhassem mercado, bem como pressionou para cima o preço das commodities, devido a grande demanda por estas. A abundância de recursos naturais no território brasileiro, somado ao fato da alta no preço dos bens primários no mercado internacional, direcionou os setores econômicos do país para a especialização na produção de commodities[2], fator que representa a reprimarização da pauta exportadora brasileira. Todavia, há no processo de especialização em produtos da cadeia primária de produção, consequências de ordem econômica, ambiental e social.

A desindustrialização brasileira pode ser avaliada através de diversas abordagens ou por meio de diversos fatores, contudo o foco deste trabalho está em analisar a desindustrialização brasileira como uma consequência das conjunturas macroeconômicas do comércio internacional. Para isso, tomar-se-á a ascensão chinesa no mercado internacional, conjuntamente ao crescimento da sua relação com o Brasil como eixo de análise. O presente artigo encontra-se dessa maneira dividido em cinco partes.

A primeira parte é uma introdução ao tema do trabalho. A segunda ilustra os debates teóricos que visam entender os motivos da desindustrialização brasileira, analisando o fenômeno da abertura comercial em 1990 e as suas implicações econômicas para o país. Em seguida, a terceira parte aborda o crescimento da economia chinesa e a sua integração comercial com o Brasil, analisando os impactos dessa. Na quarta, abordam-se as consequências de ordem ambiental e social da especialização brasileira em bens primários. A quinta parte tem como finalidade, ilustrar quais são as perspectivas futuras para o caso brasileiro, assim como buscar soluções que visem aumentar o dinamismo industrial na soma do produto econômico do país. Por fim, a sexta e última parte, aborda as considerações gerais acerca do trabalho.

2 DESINDUSTRIALIZAÇÃO: DA CONCEITUALIZAÇÃO AO DEBATE TEÓRICO

Antes de realizar uma análise acerca da dinâmica da desindustrialização, passemos a definir o conceito de desindustrialização. “O conceito “clássico” de “desindustrialização” foi definido por Rowthorn e Ramaswany (1999) como sendo uma redução persistente da participação do emprego industrial no emprego total de um país ou região” (OREIRO e FEIJÓ, 2010, p. 220). Da mesma forma que há diversas conceituações sobre a desindustrialização, há grandes divergências entre economistas sobre as causas reais da perda da importância da indústria que vem apresentando o Brasil nos últimos anos. “Mais recentemente, Tregenna (2009) redefiniu de forma mais ampla o conceito “clássico” de desindustrialização como sendo uma situação na qual tanto o emprego industrial como o valor adicionado da indústria se reduzem como proporção do emprego total e do PIB” (OREIRO e FEIJÓ, 2010, p. 221). Passemos agora a ilustrar as diferentes concepções entre os economistas ortodoxos e os heterodoxos.

A ortodoxia discute a perda de participação da indústria brasileira no PIB como consequência de fatores externos – a concorrência externa frente à produção nacional, por exemplo. Segundo essa ótica, a concorrência externa é um instrumento que auxilia no melhor desempenho de um país. Por meio desse ideal, a concorrência externa pressionaria a indústria nacional, de forma a eliminar do mercado as indústrias mais fracas e menos competitivas, fortalecendo assim as indústrias com maior potencial de eficiência. Esta situação viria a reconfigurar o cenário industrial, culminando na produção de bens que permitam ao país melhor inserção no mercado internacional. Para tanto, na perspectiva ortodoxa, não há influência direta do câmbio no processo de desaceleração industrial brasileiro, mas sim, das políticas expansionistas que ao reduzirem o desemprego, também aumentam o custo da mão-de-obra, reduzindo o investimento em capital físico e, consequentemente, diminuindo a competitividade. Muito além ainda, o câmbio apreciado para a visão ortodoxa, se constitui como elemento positivo, apoiando-se na premissa de que este fato pode induzir ao processo de modernização da estrutura produtiva por meio da importação de bens de capital. É possível, assim analisar, que a ortodoxia exclui os custos sociais e econômicos implícitos no processo acima descritos. Passemos a analisar, os argumentos heterodoxos para a explicação do mesmo fenômeno.

A economia heterodoxa vê na indústria, o motor de crescimento das economias capitalistas (THIRWALL, 2002). O setor produtivo industrial, de acordo com a heterodoxia, seria o responsável pela presença de dinâmicas de escala, bem como pela presença de inovação tecnológica. É, dessa forma, o setor industrial o elemento chave para o progresso científico em um país. Para os economistas dessa corrente, no setor industrial há menor instabilidade de preços do que no setor de produção de bens primários, por exemplo, uma vez que o preço desses últimos bens é função da oferta e da demanda de agentes externos, de maneira que o crescimento da economia seria condicionado e dependente das condições do mercado econômico internacional. Os produtos da indústria de transformação, em oposição aos bens primários, seriam de natureza econômica mais independente, além de fomentarem a absorção de tecnologia e capital.

Os teóricos heterodoxos acreditam que a perda de dinamismo da indústria no cenário brasileiro é fruto de uma desindustrialização precoce, e que direciona os segmentos produtivos do país ao fenômeno chamado de “doença holandesa”. O fenômeno referido se refere à descoberta de recursos naturais e humanos em abundância, que somado a fatores internacionais favoráveis gera a apreciação do câmbio, direcionando os investimentos do país para o setor com maior potencial de geração de renda – no caso referido, o de produção de commodities. Todavia, para muitos teóricos heterodoxos – sobretudo para os novos-desenvolvimentistas – a doença holandesa que atingiu o Brasil não foi derivada das descobertas de recursos

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