Resenha Filme Escritores da liberdade
Por: Evandro.2016 • 7/9/2018 • 2.635 Palavras (11 Páginas) • 880 Visualizações
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3.Apreciação / crítica
3.1 Julgamento, mérito, estilo, forma, indicação.
O filme trata da questão da intolerância e desrespeito entre gangues por causa de etnia, religião, condições financeiras, sociais e até por costume ou tradição, pois ali quando alguém nascia já estava predestinado a viver desta maneira, porque desde o berço, na família, eram influenciados a isso, seja direta ou indiretamente, ou seja, geralmente a relação conflituosa com a família, ou o fato de ver algum familiar ser preso ou ferido por outra gangue fazia com que logo cedo os jovens começassem a viver assim. É notória a violência entre os alunos e a rejeição da professora em sala de aula. Os alunos não aceitam com facilidade uma professora branca, novata, que vive outra realidade social e que se preocupa com coisas que para eles não fazem sentido, como ter que terminar o segundo grau, já que para eles, naquela realidade social, só o fato de sobreviver a mais um dia é uma vitória. Os alunos não se sentiam motivados a estudar, pois havia uma situação bem mais crítica fora da escola e que lhes tomava todo o tempo, afinal, eles tinham que se defender, sobreviver, defender os amigos, etc.
Em seu livro Emoções e a Escola, a autora, Denise Camargo, cita sobre a motivação, dizendo que este é o principal fator que mobiliza e dá direção à ação de aprender, portanto, se o aluno não tem motivação, há um bloqueio para que se dê a aprendizagem, e o que está tomando essa motivação, neste caso, os problemas familiares e sociais principalmente, precisa ser resolvido primeiro para que o aluno tenha condições de direcionar seu foco e motivação na aprendizagem. A autora também relata que a desmotivação não é um defeito do aluno, ela está ligada a situações específicas, e pode ser que as motivações fora da escola estejam ativadas, pode ser que a motivação tenha mudado de alvo, como pudemos ver neste caso.
Quando o aluno cresce aprendendo outros valores em que o estudo não é importante, é em outras coisas que ele vai se envolver. Sobre isso, Denise Camargo cita que no universo familiar e social de muitos alunos, o estudo é desqualificado como valor para a vida, então, para eles, se torna algo sem importância também, pois os filhos se espelham nos pais e seguem seus conselhos na maioria das vezes. Sobre essa relação pais e filhos, o filósofo francês Merleau-Ponty aponta que as relações com os pais são mais do que relações com duas personagens apenas, elas são relações com o mundo. Os pais são os mediadores das relações com o mundo. A relação com os pais (os outros) é uma relação não de instinto, mas de história. Por isso a importância da relação entre pais e filhos, sobre o que vai ser ensinado ali, quais os valores que serão passados para a próxima geração e como isso pode influenciar definitivamente na vida dos filhos.
No filme, os alunos sofriam com as perseguições e o medo constante e não viam importância alguma na matéria que a professora estava passando no quadro. Praticamente todos os alunos da turma já haviam perdido amigos ou familiares por conta dessa desavença que vinha se perpetuando, e mesmo assim não conseguiam sair desse círculo vicioso.
Os alunos, no geral, vinham de uma classe social baixa e a maioria já estava acostumada a ser estigmatizada por sua etnia, classe social, religião. Tanto que quando encontram alguém que realmente se importa com todas as dificuldades que eles têm que enfrentar, como a professora Gruwell, ficam receosos em aceitá-la e respeitá-la, o que leva um bom tempo para acontecer.
O filme Escritores da liberdade contribui para uma nova perspectiva mediante aos problemas como preconceito e drogas, mostrando que há uma solução para isso. Neste caso, a solução foi a compreensão, a insistência, e persistência e o cuidado que a professora Gruwell teve com seus alunos. Não foi uma solução fácil e rápida como nos filmes de ficção, foi um longo caminho de tentativas com erros e acertos, cerca de dois anos aproximadamente, pois se trata da vida real, tão real que muitos dos personagens que viviam isso na vida real representavam eles mesmos no filme, e outros, participavam nos bastidores, como foi o caso da professora G.
A realidade é relatada de forma verdadeira, simples, mas o mais próximo possível do ocorrido. Serve de inspiração e incentivo a muitos educadores, professores e alunos, que vivem realidades de violência e desrespeito, mesmo que talvez não sejam tão evidentes assim, mas que precisam de uma solução, ou ao menos, uma motivação para mudar a situação. Escritores da liberdade inspira superação, motivação, mesmo que o problema pessoal de cada um esteja em qualquer outra área da vida que não seja a educacional, e também traz à tona uma situação já conhecida por muitos, só que com abordagem e perspectivas diferenciadas, mostrando uma história real, contada por quem verdadeiramente viveu este fato e que conseguiu mudar o rumo das coisas, apontando a existência de solução, embora o caminho não seja fácil.
O filme é de estilo simples e apresenta uma linguagem de fácil compreensão e adequada a situação, como por exemplo, o fato dos alunos utilizarem muitas gírias por serem jovens e membros de gangues. A história é coerente, ou seja, apresenta uma seqüência lógica ou linha de raciocínio com início, meio e fim, em que todos os fatos se conectam dando um sentido ao filme, e tanto a linguagem adequada quanto à coerência são características básicas de um filme verídico, pois há a necessidade de se relatar a história da forma em que ocorreu.
Dividi-se em introdução, conflito ou desenvolvimento e desfecho, porém, de forma diferenciada. Geralmente, o conflito ocorre no desenvolvimento, mas neste caso, o conflito surge logo na introdução, tomando a maior parte do filme, então, há um breve momento de clímax e o desfecho.
O filme é indicado principalmente à especialistas da área educacional e estudantes, mas recomenda-se ao público em geral, pois não se trata apenas de educação, mas sim, de relações humanas, emoções, aprender a lidar com problemas, tentativas com seus erros e acertos, e principalmente de superação e coragem diante dos problemas, ou seja, é uma lição de vida em qualquer situação.
Embora seja aplicável a qualquer disciplina, pode ser mais utilizado em sala de aula por Português e História, e no terceiro grau pode ser bem adequado a matérias ligadas ao ensino-aprendizagem, emoções e escola, relações humanas e literatura, lembrando que o filme é apropriado para uma ampla variedade de temas e
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