Queda do ditongo oral crescente
Por: Salezio.Francisco • 5/5/2018 • 1.616 Palavras (7 Páginas) • 340 Visualizações
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Uma coisa interessante, foi que em quase todas as análises, o ditongo “ei” não sumia no final das palavras, mas no meio delas, sim. A palavra “peixe” por exemplo, virou “pexe”, mas a palavra almocei, continuou com sua sonoridade intacta comparada à escrita. Já o ditongo “ou”, independente da sua posição na palavra, sempre é perdido quando falamos espontaneamente. “chegou” vira “chegô” e “pouco” vira poco.
Observamos também, nossa própria fala, e a das pessoas de nosso convívio. Eu analisei minha mãe e a Janaína analisou o marido dela. Nada diferente na fala da minha mãe, ocorreram todas as quedas possíveis. Talvez essas quedas sirvam para facilitar a fala e para que ela fique mais rápida e flua melhor. Já o marido da minha colega, que tem o nome de Aires, não deixa cair um ditongo sequer. Observando –o pensamos que talvez essa queda não ocorra na fala dele, porque o nome dele possui ditongo oral decrescente, e ele exercita isso desde quando aprendeu a falar. Seria essa queda então, um vício de linguagem brasileiro? De todas as pessoas que foram analisadas, apenas com uma não aconteceu a monotongação. Se toda língua é passível de mudanças, podemos estar caminhando para a extinção do ditongo oral decrescente.
“ Os segmentos [w] e [y] são tidos também como sons intermediários, pois participam tanto da natureza das vogais como na constituição das consoantes. Nesse caso, em vez de ser o centro da sílaba, a vogal fica numa de suas margens (aclive/declive), conforme as consoantes. Do ponto de vista fonético, apresentam, simultaneamente, traços distintivos [- vocálico, - consonantal]. Em virtude dessas e de outras particularidades, observa-se que, mesmo em língua padrão, transita-se muito facilmente da ditongação à monotongação. Casos como /ou/ pronunciado como /ô/, tal como em “falô, comprô, levo” são muito frequentes, independentemente do nível de escolaridade. O índice é cada vez maior quanto mais nova for a faixa etária, mostram as pesquisas Situações como /ei/ pronunciado como /ê/, como ocorre em “pexe, fexe e amexa”, também são muito usuais. Ocorre, ainda, a sequência /ai/ pronunciada como /a/ em palavras como “caxa, faxa, baxa”. Essas situações nos mostram que os ditongos decrescentes estão em pleno processo de extinção. Na realidade, todas as línguas são passíveis de mudanças. Essa é apenas uma delas.” (Glória Dias- literatura e linguística)
Os dados vieram de várias regiões do Brasil, a maioria do Nordeste (mais de Fortaleza - Ceará), do Distrito Federal e de Unaí – Minas Gerais.
Nome
Idade
Região
Observações
Drielle Lara
28
DF
Ocorreu a queda do “ei”e do “ou” em quase todas as palavras, exceto naquelas terminadas com “ei”
Mychelle Araújo
35
DF
Ocorreu a queda do “ei”e do “ou” em quase todas as palavras, exceto naquelas terminadas com “ei”
Jessica Gurgel
24
DF
Ocorreu a queda do “ei”e do “ou” em quase todas as palavras, exceto naquelas terminadas com “ei”
Dyego Lau
27
DF
Ocorreu a queda do “ei”e do “ou” em quase todas as palavras, exceto naquelas terminadas com “ei”
Luiz Fernando
24
DF
Ocorreu a queda do “ei”e do “ou” em quase todas as palavras, exceto naquelas terminadas com “ei”
Marlon Junior
23
DF
Não ocorreu monotongação em quase nenhuma palavra, porém a fala foi bem vagarosa.
Priscila Dantas
24
DF
Ocorreu a queda do “ei” nas palavras em que ele se encontrava no final da primeira sílaba. Não houve queda do “ou”
Rodrigo Catão
22
DF
Ocorreu a queda do “ei”e do “ou” em quase todas as palavras, exceto naquelas terminadas com “ei”
Maísa Sá
24
DF
Ocorreu a queda do “ei”e do “ou” em quase todas as palavras, exceto naquelas terminadas com “ei”
Edilene Sá
45
DF
Ocorreu a queda do “ei” nas palavras em que ele se encontrava no final da primeira sílaba. Não houve queda do “ou”
Aressa
23
DF
Ocorreu a queda do “ei” nas palavras em que ele se encontrava no final da primeira sílaba. Não houve queda do “ou”
Alessandra Caldeira
25
MG
Ocorreu a queda do “ou” em todas as palavras. Não houve queda do “ei”
Raisa Gomes
26
CE
Ocorreu a queda do “ou” em todas as palavras. Não houve queda do “ei”
Nilo Sérgio
49
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