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A UTILIZAÇÃO DO LIVRO DIDÁTICO DE PORTUGUÊS NA REDE PRIVADA DE ENSINO

Por:   •  26/4/2018  •  3.138 Palavras (13 Páginas)  •  412 Visualizações

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Durante o processo de investigação, foi dada ênfase ao uso do LDP no CBIC. Desta forma, tratou-se de uma pesquisa de campo de caráter qualitativo em que foi utilizada inicialmente a técnica de observação, tendo por objetivo a coleta de dados para apresentar determinados aspectos da realidade escolar.

Foram investigadas quais as normas da escola acerca da adoção de livro didático e o uso deste ou de outros materiais pelos professores em sala de aula. Para isso, utilizamos a técnica da entrevista em que foi eleita uma amostra de 60% do universo que foi pesquisado. Esse universo era composto pelos professores de língua portuguesa do nível escolar que foi analisado - ensino fundamental II e médio - Assim, Assim, dos 9 professores de língua portuguesa existentes na escola, 6 foram entrevistados. As perguntas das entrevistas foram previamente formuladas em forma de questionário e foram registradas no momento da entrevista. A investigação se deu também a partir do manuseio dos livros didáticos pelos pesquisadores em que foram observados a distribuição dos conteúdos, os tipos de textos utilizados, a forma escolhida para o ensino da gramática e a regularidade da presença de textos e exercícios. Os pesquisadores também observaram algumas aulas de língua portuguesa para uma melhor análise da utilização do livro didático durante a aula.

Através da entrevista, foram investigados também os aspectos físicos, a rotina da escola, tais como intervalo, entrada e saída de alunos, acesso à biblioteca, reuniões etc. Todos os dados colhidos em entrevista foram relatados em diário de campo. Procuramos descrever também a estrutura funcional e social da escola através de entrevista aos agentes responsáveis - funcionário da secretaria.

Assim, as entrevistas não eram estruturadas, uma vez que determinadas características a serem observadas não puderam ser planejadas, pois ocorreram ocasionalmente. Desta forma, foi também despadronizada e focalizada.

O trabalho foi realizado em equipe para que possamos obtenha uma maior realidade da questão estudada e os pesquisadores não foram participantes, foram sujeitos passivos, pois não se integraram à comunidade escolar.

Destarte, através de entrevistas e depoimentos foram obtidas as opiniões dos agentes quanto às suas funções, ao material de trabalho utilizado, à realidade da escola e aos sentimentos envolvidos em seu trabalho, que serão apresentados em nosso trabalho.

Assim, este artigo traz dois capítulos que apresentam o referencial teórico e o estudo dos dados colhidos, respectivamente, e posteriormente, a análise desses dados.

CAPÌTULO I

Como referencial teórico, nossa pesquisa partiu dos estudos realizados no âmbito da teoria educacional, por autores como Ângela Paiva Dionísio e Maria Auxiliadora Bezerra (2005), e da análise das propostas das Diretrizes Curriculares do Ensino Médio e do Plano Nacional do Livro Didático.

O descompromisso com a qualidade do livro didático presente em muitas escolas públicas do país vem se erradicando com o surgimento do Programa Nacional do Livro Didático (doravante PNLD), instituído em 1996 pelo MEC. A partir daí, os livros adotados pelas escolas deveriam passar por uma avaliação oficial sistemática prévia e desde então o LDP vem despertando uma atenção renovada de educadores e pesquisadores, suscitando debates e polêmicas. Desta forma, o conjunto de princípios e critérios que orientam a avaliação do LDP vem sofrendo sucessivas reformulações e se configurando “como um fruto legítimo, ainda que tardio, da ‘virada pragmática’ (...) como uma brusca mudança na concepção do que seja ‘ensinar língua materna’”. (DIONISIO, BEZERRA; 2005: 14).

Considerando a complexa reflexão sobre a escolha e uso do LDP, procuramos ampliar e aprofundar a discussão sobre o papel do livro nas relações de ensino/aprendizagem, sendo que essa discussão, a partir da criação do PNLD, vem se constituindo como parte das políticas públicas para a educação nacional. Segundo Dionísio e Bezerra:

Independentemente do ponto de vista particular deste ou daquele especialista, podemos dizer que o PNLD, especialmente a partir da avaliação oficial sistemática, estabeleceu perspectivas teóricas e metodológicas bastante definidas para o LDP, perspectivas estas que se tornaram possíveis graças a uma movimentação no campo da reflexão sobre o ensino de língua materna que bem poderíamos considerar como uma mudança de paradigma. (DIONISIO, BEZERRA; 2005: 15).

Contudo, as medidas propostas pelo PNLD não são adotadas pelas escolas da rede privada. A coordenação pedagógica dessas escolas possui a liberdade de escolha do material didático a ser utilizado, cabendo a ela e ao seu corpo docente a escolha de um material que atenda às propostas das Diretrizes Curriculares do Ensino Médio e que forneça ao aluno, além de todo o conteúdo estabelecido nos Conteúdos Básicos Comuns (CBC) e Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), a formação real de um cidadão que tenha o pleno domínio de sua língua materna.

Assim, a qualidade do ensino e do material adotado pela escola, mesmo não passando por uma avaliação oficial prévia, acaba sofrendo diversas avaliações posteriores através de exames municipais, estaduais e federais que identificam e analisam o rendimento escolar e a proficiência em língua do aluno. Salientamos assim, a importância dessas avaliações externas do rendimento escolar, e principalmente, da análise de seus critérios e resultados, uma vez que recolhem indicadores comparativos de desempenho que servirão de base para futuras tomadas de decisões no âmbito da escola e nas diferentes esferas do sistema educacional. O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e o Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB) são exemplos de avaliações externas.

Desta forma, a elaboração de um material didático pelas escolas da rede privada, mesmo possuindo uma liberdade maior para sua construção, está sempre sujeita a uma aprovação posterior, sendo que esta corresponde aos resultados a serem obtidos nas avaliações externas. Porém, ressaltamos a importância da construção ou adoção de um bom referencial didático que contribua para um aprendizado efetivo do aluno e que consequentemente, será comprovado nos resultados desses exames.

Entretanto, partindo da análise dos LDP por Dionísio e Bezerra (2005), verifica-se de que forma o texto - maior instrumento para o ensino/aprendizagem da língua - está presente nestes. Inicialmente só os literários, depois os não literários também foram inseridos. Seu estudo esteve voltado

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