Resenha do Artigo: O Astrolábio, O Mar e O Império
Por: Juliana2017 • 21/2/2018 • 1.490 Palavras (6 Páginas) • 412 Visualizações
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Com o início da organização do ensino náutico, com a preparação dos pilotos e com o controle por parte da coroa, de acordo com o “regimento dos pilotos” (publicado em 1592) que definia as atribuições dos cosmógrafos-mores que eram os responsáveis pelas demarcações internas do reino e pelos limites externos. O regimento apontava para a articulação entre interesses políticos e a importância que o controle sobre as rotas e localização de terras distantes passou a ter na geopolítica europeia.
O “regimento dos pilotos” previa ainda comentários sobre a esfera terrestre na qual estava dividida em 360 graus que servia para marcar os astrolábios e quadrantes, para medir a altura dos astros no mar. Isto porque havia a necessidade de se localizar, de se deslocar com segurança de um ponto a outro, de identificar as novas terras, impôs a padronização das medidas utilizadas para a fabricação dos tais instrumentos.
É importante ressaltar que a autora explora especificamente uso de instrumentos náuticos como o astrolábio para determinar a latitude e a agulha de marear para ajustar o rumo de acordo com os roteiros. Os instrumentos foram desenvolvidos e adaptados. Sendo que o primeiro deles utilizado para medir a altura da estrela Polar foi o quadrante. Como a estrela Polar não podia ser visualizada ao sul da linha do Equador a alternativa foi substituir o quadrante pelo astrolábio, o mais indicado para leitura solar.
O astrolábio existia desde a antiguidade e acredita-se que fora os árabes que introduziram na península Ibérica. Sua utilização no mar deveu-se a sua capacidade de medir de forma precisa a altura dos astros. Os portugueses foram adaptando o astrolábio para uso no mar e ajustando para facilitar o calculo de latitude.
Além do astrolábio, a agulha de marear era utilizada para ajustar o rumo que as embarcações deveriam seguir de acordo com os roteiros. Era um instrumento com vários arcos que se entrecruzam no zênite que obedecia aos princípios da esfera 360 e suas subdivisões formando 32 rumos distintos que serviam para classificar os ventos.
A agulha de marear portuguesa era feita a permitir a leitura dos graus de variação ortiva e ocídua do Sol devido aos orifícios existentes nos pontos leste e oeste. Havia duas frestas nelas nas quais passava um fio onde atravessava a luz do sol e no meio do fio era colocado um ponteiro permitindo que a luz do Sol lançasse uma sombra na circunferência da Rosa apontando a declinação do Sol. Após a coleta dos dados era necessário tabelas e aplicação dos cálculos para se determinar corretamente a variação da agulha.
Assim as embarcações eram guiadas por homens que seguiam roteiros e informações assinalados em cartas de marear, com auxilio do astrolábio e da agulha de marear, iam cruzando os mares, percorrendo rotas que ligavam as terras pertencentes a Portugal.
Como vimos, para o sucesso da grande epopeia dos Descobrimentos foi necessário a criação de um saber náutico que alem das técnicas envolveu a invenção de instrumentos preciosos que permitiram aos navegadores se orientassem em alto-mar para não se perderem em locais longínquos.
Para a compreensão do tema “expansão marítima europeia” as disciplinas deste semestre foram fundamentais graças a uma abordagem clara, objetiva e profunda sobre seu processo social e político, os interesses econômicos, os avanços técnicos na arte de navegar, seus protagonistas e o desafio de traspor os mares.
As aulas ao vivo via satélite, o ambiente Web, os livros-textos; todos esses recursos deram a possibilidade de refletir de forma interessante e significativa sobre a expansão marítima europeia, sobre os desafios de vencer obstáculos e se aventurar no mar com seus mistérios e lendas, sobre o mar como objeto da história.
Nesse sentido, estes estudos me fizeram ir além daquela história que permeia os livros didáticos onde as grandes navegações são em geral tratadas como uma sucessão de gloriosos acontecimentos graças a determinação de reis e príncipes como o infante d. Henrique, de navegadores como Vasco da Gama, Cristovão Colombo, Pedro Ávares Cabral transformados em figuras heroicas ou em homens à frente de seu tempo.
As disciplinas do 4º semestre do curso de história despertaram reflexões sobre a história dos sujeitos comuns que participaram da empresa das navegações: artesões, cartógrafos, navegadores, marinheiros, religiosos. As dificuldades enfrentadas pelos navegadores em alto-mar: viagens longas, embarcações precárias, oceano desconhecido. A vida cotidiana das embarcações deixou de ser vista de forma romântica e idealizada, passou a ser mais intensa, levando em conta as relações sociais, tensões, violência, medos, doenças, mortes.
Nesse contexto cabe ressaltar as motivações econômicas, o pioneirismo de Portugal por conta de sua centralização política, camada mercantil fortalecida, posição geográfica. O capitalismo passou a ser um conceito importante para compreender o processo das grandes navegações. Nessa nova análise fundada em aspectos econômicos, a união entre rei e burguesia foi decisiva para juntar recursos, bancar e treinar homens para concretizar esse projeto.
Assim, as disciplinas deste semestre contribuíram de forma decisiva para formar uma nova leitura, uma nova consciência, ressaltando as motivações econômicas e políticas, o espírito aventureiro de navegadores, a formação de cartógrafos e sábios na arte de
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