Balanço Historiográfico sobre o Conceito de Feudalismo - Marc Bloch

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É importante lembrar que primeiro surge o senhorio, depois a vassalagem e, por isso, não se pode confundir senhorio e feudo, ainda que frequentemente estivessem juntos. Senhorio é o território que outorgava àquele que o possuía poderes jurídico-fiscais (senhorio banal) ou poderes econômicos (senhorio fundiário). Em muitas vezes, eram concedidos os dois juntos. Feudo é cessão de direitos, em geral, não necessariamente sobre um senhorio.

Já as relações senhoriais, era um vínculo existente entre senhores e servos. Os servos, trabalhadores dependentes, recebiam dos senhores proteção militar e lotes de terras, os mansos, através dos quais obtinham sua sobrevivência. Em contrapartida, trabalhavam nas terras dos senhores, a reserva senhorial, realizavam tarefas determinadas por eles e pagavam-lhes taxas.

Para Marc Bloch o que fez a sociedade se feudalizar foi a busca por proteção, foi aí que aconteceu o processo de enfeldar, através de concessões jurídicas. Quando um camponês comprava a proteção do senhor, dando a sua terra para ele em troca de proteção, este camponês produzia nessa terra devolvida pelo senhor, dava uma parte para este último e em troca ele (camponês) ganhava proteção militar.

Quanto a questão se havia circulação monetária ou não, Marc Bloch diz que o feudalismo conheceu, no seu auge, a ideia monetária (moeda). A historiografia marxista que excluiu esse fato.

Logo, as relações de proteção e políticas antecederam as econômicas no sistema feudal. O poder daqueles que oferecem proteção militar aumenta, isso leva o laço vassálico ser mais considerado que o laço sanguíneo (de sangue e de família). Os laços dos rituais vassálicos sobrepujam os de sangue, ou seja, a vassalidade em lugar de linhagem, o vínculo pessoal da vassalagem como uma forma de parentesco. E esse é um dos principais argumentos de Marc Bloch no qual não foi contestado.