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NOVA ATLÂNTIDA: A utopia de Francis Bacon

Por:   •  5/4/2018  •  2.066 Palavras (9 Páginas)  •  451 Visualizações

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“Se todos vós jurardes pelos méritos do Salvador que não sois piratas nem derramastes sangue, legal ou ilegalmente, durante os últimos quarenta dias, podereis ter permissão para vir a terra”. [...] “Estamos prontos a prestar o juramento”. (BACON, 1979. p. 239).

Estas são as falas do representante de Nova Atlântida e de um dos tripulantes do navio. Aquele pede a este que jure que não são de má índole e, prontamente, este jura que não o são. Após este episódio, a eles é permitido que entrassem na ilha, como forma de agradecimento, eles se dispõem a trabalhar no que for preciso dentro da ilha.

4 O NASCIMENTO DA RELIGIÃO EM NOVA ATLÂNTIDA

O povo de Bensalem é um povo religioso e que guarda sua fé. O sacerdote e governador da ilha é quem conta como aquele povo foi evangelizado e quem foi o apóstolo daquela nação, conta ele:

Cerca de vinte anos depois da ascensão de nosso Salvador, aconteceu ser visto pelo povo de Refusa, durante a noite, a algumas milhas mar adentro, um grande pilar de luz, não facetado, mas em forma de uma coluna ou cilindro, formando um grande caminho, nascendo do mar em direção aos céus; e no alto resplandecia uma grande cruz, mais brilhante e fulgurante que o corpo do pilar; [...] ao chegar perto, o pilar e a cruz luminosa se desfez [...] e nada ficou para ser visto, a não ser uma pequena arca ou cofre de cedro, seca, sem qualquer sinal de umidade, apesar de flutuar sobre as águas; [...] abriu-se por si só, e nela foram encontrados um livro e uma carta. (BACON, 1979. p. 246).

O governador conta, com riqueza de detalhes, como um grande sábio da Casa de Salomão encontrou uma arca de cedro que continha um livro e uma carta. No livro estavam contidos os livros do Velho e do Novo Testamento, bem como o Apocalipse e ainda alguns livros do novo testamento que não existem nas bíblias atuais.

Bacon faz conhecer o conteúdo da carta:

Eu, Bartolomeu, servo do Altíssimo, e apostolo de Jesus Cristo, fui avisado por um anjo, que me apareceu numa visão de glória, que deveria confiar esta arca às ondas do mar. Por conseguinte, declaro e dou fé de que o povo ao qual segue o cofre, por ordem de Deus, obterá, no mesmo dia da chegada, sua salvação e paz e a bem-aventurança do Pai e do Senhor Jesus Cristo. (BACON, 1979. p. 246).

Explica o sacerdote e governador que foi desta maneira que o povo conheceu e recebeu a salvação e, por meio da arca, a ação evangelizadora e e milagrosa de São Bartolomeu.

5 A CASA DE SALOMÃO OU CASA DOS ESTRANGEIROS

A partir do momento em que entram na ilha, todos são recebidos da melhor maneira possível e lhes são oferecidos assistência médica para os doentes e converto do navio. Eles são acolhidos na chamada “Casa de Salomão”; tudo que eles necessitam está disponível neste lugar. Bacon afirma que “é um lugar agradável e espaçoso, construído de tijolo, de uma cor mais azulada que os nossos tijolos, e com algumas janelas, algumas de vidro, outras de uma espécie de tecido impermeabilizado”. A nenhum dos estrangeiros era permitido explorar a ilha e ir além dos limites estabelecidos pelo governador e sacerdote, que estabeleceu que ninguém poderia avançar além de uma milha e meia dos muros da cidade sem permissão.

5.1 FUNDAÇÃO

Como afirma Bacon, “há cerca de mil e novecentos anos atrás reinou na ilha de Bensalem um rei chamado Solamona, ele é considerado o grande legislador da nação”. O desejo deste rei era que seu povo fosse feliz e que vivesse bem e em harmonia, para tanto, ele criou leis fundamentais como aquela que proíbe a relação e a entrada de estrangeiros, pois temia que surgissem novidades e misturas de costumes que levariam seu povo a infelicidade.

O rei estabeleceu que aqueles que fossem considerados dignos de entrar na ilha deveriam ter a sua disposição tudo que fosse necessário para o seu bem-estar, como é o caso das personagens da narrativa de Bacon, e estabeleceu também que todos os estrangeiros poderiam partir no momento que lhes conviessem e também que aqueles que preferissem ficar, deveria a eles serem fornecidas boas condições e recursos para viverem à custa do Estado.

As viagens ao exterior foram restringidas. Os habitantes da ilha consideram que “dos excelentes atos deste rei, um acima de todos teve preeminência. Foi a fundação e instituição de uma ordem ou sociedade a que chamam de Casa de Salomão”, que consideram “a mais nobre fundação que jamais houve sobre a terra”.

5.2 OS TRABALHOS NA CASA DE SALOMÃO

A narrativa nos apresenta o Colégio da Obra dos Seis Dias da Ilha de Bensalem (Casa de Salomão) também como um lugar em que são realizadas várias experiências científicas e, para isso, há alguns sábios que lá trabalham para o bem de todos. Os governantes de Nova Atlântida acreditam que o bem-estar de todos depende da dominação científica sobre a natureza.

Sobre esta casa, afirma Rodolfo Pizzinga:

Em a Nova Atlântida – utopia que incorpora os novos avanços da época na ciência e na espiritualidade – Bacon utilizou simbolicamente os números para descrever as atribuições e encargos da Casa de Salomão ou Colégio da Obra dos Seis Dias da Ilha de Bensalem – um santuário de Sabedoria. Os habitantes da Nova Atlântida, segundo Bacon, atingiram, utopicamente, a perfeita ciência, a perfeita ordem social e a perfeita via para a regeneração espiritual. [...] A Casa de Salomão, onde trabalham os sábios, previu Bacon, seria o suporte do futuro bem-estar social. (PIZZINGA, 2015).

Desta casa parte todo conhecimento de Nova Atlântida. Ela é considerada a sede da sabedoria e nela está toda a riqueza da ilha. Cada sábio tem uma função específica, como pode ser observado na Tabela 1:

Tabela 1 - Atribuições e Encargos dos Membros da Casa de Salomão

GRUPO

DENOMINAÇÃO

FUNÇÃO

1

Mercadores da Luz

12 navegam pelos países estrangeiros para reunir livros, experimentos etc.

2

Depredadores

3 recolhem os experimentos que se encontram nos livros trazidos pelo primeiro

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