Artigo sobre Direção Mídias Audiovisuais

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Decupar é pensar visualmente. É planejar onde a câmera deve estar, como ela deve enquadrar e como deve movimentar--se em cada plano da cena. Direção de atores e decupagem são as principais atribuições da equipe de direção. Um diretor, ou um assistente de direção, que não têm noções básicas de decupagem não dominam seu ofício. (GERBASE, 2012, p.120).

Juntamente com essa preocupação com a câmera há também a preocupação com os atores. É do diretor a tarefa de ensaiar os atores, decidir o quanto ele podem improvisar ou não, discutir o subtexto de cada personagem e extrair deles o seu melhor. Ele é corresponsável pelo resultado das atuações, pois se o ator falha, o diretor falhou ou no momento de dirigi-lo ou no momento de escolhê-lo.

Podemos notar que o papel do diretor é muito mais do que posicionar câmeras e ditar a sua arte.

Idealmente, o diretor divide sua atenção entre a câmera e os atores (ou os personagens do documentário). Mas a coisa não é tão simples assim. Sua atenção pode ser requerida para muitas outras questões, inclusive as que envolvem problemas práticos da produção: a pizza que foi encomendada não chegou, e a equipe, que está morrendo de fome, vai entrar em greve. (GERBASE, 2012, p.51).

Cabe ao diretor responder todas as dúvidas que surjam durante as gravações, tomando decisão atrás de decisão, planejando tudo o que precisa ser feito e providenciado para o dia seguinte sem esquecer todos os imprevistos que poderão acontecer. É ele quem dá o aval para alterações na narrativa como também é sua função aprovar a trilha sonora e rejeita ou não os figurinos. E pela extensa carga dada ao diretor que os demais integrantes da equipe acabam se escondendo atrás dele, afinal, se algo der errado a culpa recaí sobre o diretor.

Fica explícito então, quão complexo é o papel do diretor em uma produção audiovisual. A quantidade de conhecimentos necessária para dirigir um projeto audiovisual é vasta. Cabe ao diretor partilhar sua arte com o mundo, trazendo sua identidade, sua forma de percepção das coisas ao seu redor, sua técnica. Precisando conhecer um pouco sobre os diversos setores, é imprescindível que o diretor tenha uma visão geral da narrativa. E conhecendo todos os truques que um diretor consegue transformar uma simples história em algo mágico.

E dentro dessa abrangente carga de responsabilidades que o diretor geral possui, assumi este cargo sabendo que seria algo muito mais além do que apenas um trabalho universitário. Falarei então, sobre os desafios encontrados desde o dia que assumi este cargo até o momento de realização deste artigo.

- DIREÇÃO GERAL: OS DESAFIOS E A PRÁTICA

Encarregada de um dos cargos mais importantes dentro de uma produção audiovisual através da escolha dos meus colegas, assumi ciente de que seria uma vivência única e imperdível, mesmo que a primeira vista não parecesse nada fácil. Afinal, todos os meus colegas (e eu) eram amadores e jamais haviam participado de qualquer produção audiovisual. Ou seja, a produção seria amadora, nossa verba muito limitada e o tempo nosso inimigo.

Nosso primeiro desafio foi a temática do curta. Após uma tentativa frustrada, resultante da inexperiência do grupo, o tema foi escolhido e o roteiro extremamente bem escrito por nossa roteirista (que nesse ponto não parecia mais uma inexperiente). Finalmente poderíamos começar a “entrar” em nossos papéis e estudar para bem executá-los. É como nos adverte Lumet (1998, p.20): “De que trata o filme? O trabalho não pode começar enquanto seus limites não estão definidos, e esta é a primeira etapa desse processo. Torna-se o leito do rio em que todas as decisões subsequentes serão canalizadas”.

A partir daí, tive efetivamente que tomar atitudes como diretora: delegar as atividades pertinentes para cada colega em sua determinada área de atuação e unificar o grupo em busca do local de gravação. Sidney Lumet ressalta em seu livro Fazendo Filmes sobre o papel de chefe do diretor:

Como todos os chefes - e no set sou chefe - sou o chefe somente até certo ponto. E para mim isto é o que é tão estimulante. Sou responsável por uma comunidade da qual preciso desesperadamente e que também precisa de muito de mim. É nisto que está a graça, na experiência compartilhada. (1998, p.23).

O primeiro desafio havia surgido: como achar um local adequado? Como decidir que o local era adequado? Depois o segundo: quem seriam os atores? Quem poderia transmitir a mensagem de forma clara? Claramente, ambas eram decisões e responsabilidades da direção, como já mencionado anteriormente, mas ainda, eram minhas decisões como diretora, resultantes da minha visão e interpretação do roteiro. Além da necessidade de conhecimentos técnicos para a escolha do local, pois precisei saber dimensões do local, distâncias e ângulos os quais a câmera poderia captar a cena pretendida. Afinal, como o nome do curta já diz, precisávamos de um corredor (ou ambiente parecido com um corredor) com espaço suficiente para gravar, isso nos limitou muito nas escolhas, pois como evidencia Gerbase (2012, p.199) “evite locações muito pequenas. Elas vão impedir a movimentação da câmera e da própria equipe”.

O próximo passo como diretora foi reunir a equipe novamente para acertar detalhes da pré-produção, como por exemplo, orientar a equipe de produção sobre quais objetos deveriam ser adquiridos para cada cena, acertar com a direção de arte quais seriam os objetivos do figurino dos atores, analisar o orçamento, combinar data de ensaios e motivar a equipe toda a participar dos dias de gravação. Tudo isso com objetivo de conectar o grupo e fazer com que todos se sintam responsáveis pelo bom andamento do projeto, pois como diria Lumet (1998, p.24) “parte do meu trabalho é fazer com que todos funcionem dando o melhor de si”.

Em fase de pré-produção, sigo realizando leituras e tentando me preparar ao máximo junto aos atores e equipe do curta. O próximo objetivo e grande desafio, devido ao grau de amadorismo meu e da assistente de direção, é a realização da decupagem do curta-metragem, que exige esse grande esforço. Além, é claro, dos dias de gravação, os quais aguardo ansiosamente para colocar em prática todo esse estudo e atingir o ápice da função de diretor: dirigir as cenas, câmeras e atores!

- CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tendo