PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SOCIOLOGIA POLÍTICA- PPGSP

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Ondetti se vale de uma transversalidade necessária ao dedicar um olhar específico para explicar a variação no nível de tributação a partir de uma vasta gama de teorias como as teorias econômicas e institucionais.

O estudo ainda se aproxima do momento atual da realidade brasileira. Se a galopante alta da carga tributária tem uma gênese na escolha do modelo adotado por governos desde a década de 1970, no momento em que se acreditava na proeminência de uma nova realidade, o que se vê é que as organizações pró-trabalhadores, de fato contribuiu para aumento dos impostos, nas últimas décadas, defendendo um sistema de gastos sociais pesado.

Efetivamente, o estudo aborda que se por um lado o caminho adotado pela força de trabalho no Brasil, está na base de uma classe trabalhadora que figura entre as mais sindicalizados na América Latina, atrás apenas da Argentina, mesmo assim o fardo dos impostos é mais alto da região, mesmo antes do PT chegar ao poder.

Se ao mesmo tempo o artigo se coloca como um divisor na observação da evolução tributária, há uma certa dificuldade no autor por conta da ausência anterior de trabalhos que explorem sistematicamente porque o Brasil tem um dos fardos de imposto mais pesado. Ou seja, Ondetti não tinha referência anteriores para balizar seu estudo partindo, portanto, de uma hipótese empírica.

Ainda há uma avaliação sobre como o Brasil se posiciona na adoção de modelos que podem balizar sua forma de crescimento. O autor chega a a avaliar que “o verdadeiro debate no Brasil não era entre o modelo liberal e do modelo de planejamento, mas dentro do campo desenvolvimentista entre desenvolvimentistas cosmopolitas e nacionais”, para dizer que as dificuldades do país pela adoção de um modelo.

Vai daí um mergulho que se prende ainda mais no cerne da gestação do atual modelo na transição da ditadura para a nova republica, passando pela constituinte e chegando até ao governo de coalizão onde a lógica de concessões por governabilidade foi uma tônica importante, onde não faltam criticas do autor aos programas assistencialistas e forte presença sindical.

E é quando Ondetti conclui que o “Brasil tem uma excepcional carga tributária em relação ao resto da América Latina, o que se constitui em uma anomalia notável que tem sido frequentemente observada, mas quase nunca se explicou de forma sistemática”.

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