A Relação entre o filme a Vila e os conceitos de Durkheim

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Duas personagens do filme ilustram a máxima, anteriormente citada, de Durkheim: O homem é movido por paixões. Noah e Ivy, ambos fogem aos parâmetros organizacionais coletivos do seu grupo, representam o individual, Noah é movido pelo crime e Ivy pelo amor, ambos preenchem a cadeira, elemento gráfico representante do individual, em situações de reflexão sobre os atos que cometeram ou cometerão. O desenvolvimento de Ivy no enredo demonstra o processo de libertação do indivíduo frente ao coletivo patológico, a consciência coletiva mostra seu poder frente o indivíduo justamente com essa personagem. A personagem Ivy sofre com o peso da cultura na qual está inserida, sente-se angustiada em diversas oportunidades nas quais precisa antepor-se ao coletivo. Sua condição de cegueira é um contraste interessante, a única personagem que conscientemente se opõe à estrutura social coletiva é justamente uma cega, nesse sentido, o diretor trabalha uma noção de libertação interior de cadeias invisíveis. Durkheim chamada de Solidariedade Orgânica justamente essa capacidade do indivíduo de mesmo pertencente a um grupo pensar e idealizar suas vontades individuais de forma a não conflitar com o coletivo mas a se auto realizar. Sua ida à cidade é movida por amor, ela encontra na cidade a expressividade da harmonia entre o coletivo e o individual. A cena de sua partida é devastadora, ao matar o monstro Ivy destrói o medo enraizado e se encontra enquanto indivíduo agente. A solidariedade mecânica é tão fortemente impregnada no ideário individual dos habitantes da Vila que Ivy mesmo após se libertar concorda em manter a sua cultura intacta e não revelar o que descobriu. Ao final do filme podemos perceber que a sociedade perfeita não existe, assim como preconiza Durkheim, toda e qualquer tentativa de criar uma única consciência coletiva que destrua as possibilidades de auto realização individual tende à destruição pois vive em constante estado de tensão com as liberdades individuais que surgem em oposição, a dosagem harmônica das vontades é o caminho para a estruturação das relações sociais e deve ser a meta a ser atingida por todos os grupos.