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A FUNÇÃO MATERNA E SEU DESLOCAMENTO NO SISTEMA FAMILIAR

Por:   •  20/8/2018  •  3.677 Palavras (15 Páginas)  •  309 Visualizações

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1 INTRODUÇÃO

A família é vista como um sistema que sofre transformações, mudanças estas que decorrem do tempo. No entanto, para muitos, ainda hoje, esse sistema é basicamente composto por pai-mãe-filho, desse modo, respectivamente a função paterna é atribuída ao homem e a função materna à mulher. À vista disto, o presente trabalho tenciona mudar essa visão, se não mudar ao menos expandi-la.

A função materna e seu deslocamento no sistema familiar é um tema que requer uma explicação detalhada para uma correta compreensão das interações existentes entre os membros desse grupo primeiro e, em especial o desempenho do papel materno. No decorrer do trabalho, explicar-se-á como a família é vista na atualidade, embasando-se em uma visão sistêmica relacional, que é tida como uma das melhores abordagens que trata da temática família. No que diz respeito aos papeis familiares, em destaque a função materna, não há como deixar de lado os pressupostos teóricos da psicanálise – geradora de discursão sobre o assunto – para se chegar a uma definição congruente.

Para tanto, será usado o suporte teórico de autores de grande influência e experiência em sua área. Entre eles, Ósorio, Zimerman, Lacan e Winnicott. Através dos ensinamentos dos autores supracitados será construído um referencial que confirme ou não a hipótese de que a função materna pode ser exercida por pessoa distinta da mãe biológica.

- TEMA

A função materna e seu deslocamento no sistema familiar.

- DELIMITAÇÃO DO TEMA

As possibilidades do exercício da função materna entre aqueles que compõem o grupo familiar. Uma perspectiva sistêmica relacional e psicanalítica sobre o assunto, realizado através de um estudo bibliográfico.

- PROBLEMATIZAÇÃO

A função materna, por sua própria estrutura e características, é comumente exercida pela mãe biológica. Apesar disso, em determinados casos, a ausência – física ou afetiva – dessa mãe impede o desempenho proativo da função materna por esta. Diante disto, a função materna pode ser exercida por alguma pessoa distinta da progenitora dentro do sistema familiar, independentemente de uma maternidade biológica?

- HIPÓTESES

A criança necessita de uma pessoa adulta que esteja disposta a funcionar como seu provedor promovendo-lhe proteção, alimentação, higiene e os tantos outros cuidados necessários ao seu regular desenvolvimento físico, moral e psicológico. Apesar de geralmente esse conjunto de ações ser desempenhado pela progenitora consanguínea – a mãe biológica –, em algumas situações, a função materna é exercida com êxito por pessoa componente do sistema familiar da criança, sem que disto lhe resulte prejuízo.

- JUSTIFICATIVA

O sistema familiar vem sofrendo alterações de acordo com a evolução social. Desse modo, o exercício de suas funções não são mais determinadas pelo sexo da pessoa que a exercer ou pelo grau de parentesco, mas, sim, pela disponibilidade para estar à frente de certas tarefas, inclusive, as relacionadas à função materna (antes atribuída apenas à mãe).

Esta pesquisa justifica-se pela necessidade de se expor uma nova visão sobre a função materna e as possibilidades de exercício desta por outros componentes deste sistema.

Além disso, a discussão travada no projeto possui inegável relevância acadêmica, pois aborda a compreensão da função materna e o seu papel primordial no sistema familiar segundo a ótica da psicologia sistêmica, inserindo debate imprescindível a ser avaliado, atualizado e repassado em futuros estudos sobre o tema.

- OBJETIVOS

- OBJETIVO GERAL

Investigar a possibilidade do exercício da função materna por pessoas que, embora não sejam a mãe biológica, fazem parte do grupo familiar.

- OBJETIVOS ESPECIFICOS

• Reconhecer a função materna numa perspectiva não biológica no grupo familiar.

• Identificar a função materna nas perspectivas psicossociais no grupo familiar.

3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO DE FAMÍLIA NA ATUALIDADE

A família pode ser apontada como o primeiro grupo no qual somos inseridos, sofrendo, como tudo que faz parte da sociedade, mudanças tanto em sua formação, quanto no cumprimento de suas funções. Um dos principais papéis da família é promover a socialização, como a educação dos filhos, o oferecimento de suporte financeiro e, ainda, a proteção e afeto (BATISTA; TEODORO, 2012, p. 16). Batista e Teodoro (1984 apud ANDOLFI, 2012, p. 27) assinalam que:

[...] à família pode ser vista como um sistema ativo em permanente transformação, como um organismo complexo que se modifica com o decorrer do tempo para garantir a continuidade e o crescimento psicossocial de seus componentes. Essa duplicidade possibilita o desenvolvimento da família, assim com a diferenciação de seus membros.

Desta forma, a família é um grupo de grande relevância para o desenvolvimento do indivíduo, onde são transmitidos costumes, aprendizados e memórias. Porém, esse sistema é sempre acompanhado das transformações que acontecem no decorrer do tempo, para melhor atender as necessidades de seus componentes.

Podemos atribuir algumas transformações ocorridas no ambiente familiar ao reconhecimento dos direitos das mulheres e das crianças, “das mulheres, de não ficarem restritas ao exercício da maternidade na clausura de um matrimônio ao qual habitualmente não chegam por vontade própria; das crianças, de não serem meros objeto de expectativa dos pais” (OSÓRIO et. al, 2011, p. 17).

[...] as evoluções ocorridas ao longo dos séculos, tais como as guerras, a revolução industrial, as descobertas e inovações científicas e tecnológicas, as alterações climáticas e geográficas, entre outros fatores, contribuem para definir e moldar a família no decorre dos tempos. (VIDAL, 2007, p. 24)

No decorrer das modificações pelas quais tem passado, distinguem-se três

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