Cadeia Produtiva do Guaraná
Por: Lidieisa • 6/12/2017 • 1.424 Palavras (6 Páginas) • 542 Visualizações
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3. PLANTIO COMERCIAL DO GUARANÁ
O guaraná é uma espécie adaptada à baixa altitude, clima quente e úmido, com temperatura anual entre 22 e 29°C (a mínima tolerável é 12°C) e umidade relativa de 85%, as chuvas devem ocorrer ao longo do ano em um total de 1400 mm anuais ou mais. Os solos onde normalmente são plantados os guaranazeiros são de terra firme, profundos, com o lençol freático a um metro e meio, no mínimo, de fundura, bem drenados, porém quimicamente pobres. Plantios comerciais em solos de média e alta fertilidade, como a terra roxa estruturada e o latossolo vermelho-amarelo, têm apresentado índices maiores de desenvolvimento vegetativo e de produtividade.
Figura 2: Fazenda produtora de guaraná da Ambev em Mauês (AM)
A obtenção de mudas para o plantio do fruto pode ser feito de duas formas, por meio de sementes, meio mais simples e mais barato, ou por meio de estaquia. Apesar de ser o meio mais simples e barato, a propagação do guaranazeiro por sementes, é dificultada devida sua perda rápida de viabilidade, a semente do guaraná não resiste a baixas temperaturas nem suporta desidratação intensa, além disso, a semente perde o seu poder germinativo com cerca de 7 dias , por isso faz-se necessário a realização da semeadura com urgência, para obtenção das mudas bem formadas. As mudas propagadas por sementes devem ser originadas de plantas mães sadias, de alta produtividade e qualidade de frutos, a fim de contornar as dificuldades e um resultado negativo do processo. O período de formação das mudas é em média 18 meses após a semeadura.
O plantio do guaranazeiro no Sul da Bahia pode ser feito durante o ano inteiro, se recomenda, o aproveitamento dos dias chuvosos para realização do plantio. As covas devem ser abertas com as dimensões de 40 cm em todas as direções e anteriormente adubadas com 3 kg de adubo orgânico, 120 g de superfosfato triplo e, em caso de solos muito ácidos (pH inferior a 5), 500 g de calcário dolomítico, isso com pelo menos 30 dias antes do plantio das mudas. Para o plantio definitivo faz-se uma seleção das mudas no viveiro, aproveitando as mais frescas. As mudas de guaraná recém-plantadas devem ser mantidas livres do mato, evitando a disputa em água, luz e nutrientes.
A poda de formação é utilizada nos três anos iniciais após o plantio. O caule principal deve ter o seu broto terminal podado com cerca de 1,70 m a fim de formar uma copa mais densa e evitar o seu tombamento por excesso de altura.
Figura 3: Mudas de guaraná
As principais pragas do guaranazeiro são os ácaros, que causam estiramentos e deformações nas folhas. Para controlar a praga recomenda-se a utilização de acaricidas, como o Ethion Cytrolene e o Trichlorphon. Como a polinização do guaranazeiro depende de insetos, as pulverizações com inseticidas não devem ser feitas na época da floração. Nas condições do Sul da Bahia, praticamente não há problemas de pragas e doenças causando danos econômicos aos produtores, ao contrário do município amazonense de Maués, o qual teve seus plantios praticamente devastados pela antracnose (designação comum às doenças causadas por diferentes fungos) em associação com outras doenças.
O guaranazeiro flora nos meses mais secos, e o amadurecimento de seus frutos ocorrem dois a três meses depois. A colheita é feita, em média, durante cinco vezes ao ano, manualmente, com o auxílio de uma tesoura de poda, coletando-se somente os frutos maduros (abertos) de 2 em 2 dias ou cortando-se os cachos inteiros que já apresentam mais da metade dos frutos abertos e com coloração avermelhada.
Após a colheita, os cachos são depositados em galpões, durante dois ou três dias, sofrem uma leve fermentação, resultando no amolecimento das cascas, facilitando seu futuro despolpamento. Em seguida, os restos de casca e arilo são colocados em uma peneira de arame, com orifícios de 5 mm de diâmetro, e lavados em água corrente para serem retirados, a próxima etapa é a secagem, onde retira-se o ráquis e coloca-se os frutos para secar por 10 a 12 horas ao sol, a torrefação das sementes é feita em fornos de chapa, até começarem a “estalar”, apresentando coloração marro ao se partirem. Após a torrefação inicia-se a última etapa do processo, a seleção, as sementes devem ser separadas em maiores e menores em peneiras apropriadas, utilizando-se a mesa de gravidade, depois, são selecionadas pelo critério de coloração, o qual indica se a semente passou do ponto de torrefação ideal ou não (uma cor diferente pode influenciar a cor do produto final), descartando-se as sementes rejeitadas.
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Figura 4: Torrefação da semente de guaraná
Ao final do processo obtém-se o guaraná em ramas, que serão comercializadas, após serem vendidas pelos produtores, as sementes torradas são conduzidas até a fábrica da empresa que as adquiriu, acondicionadas em sacos de aniagem, onde serão transformadas em pó.
- BIBLIOGRAFIA
EMBRAPA - “Coleção Plantar: Guaraná” - Autores: Marli Costa Poltronieri; Maria de Lourdes Reis Duarte; João Elias Lopes Fernandes Rodrigues; Raimunda de Fátima Ribeiro de Nazaré; Armando Kouzo Kato; Aristóteles Fenando Ferreira de Oliveira.
SUPERINTENDÊNCIA
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