O Bebe e Suas Construções
Por: Kleber.Oliveira • 6/12/2018 • 1.162 Palavras (5 Páginas) • 282 Visualizações
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(2004) afirmam que, antes de a criança começar a falar, ela está habilitada a usar o olhar, a expressão facial e o gesto. E, para Mendes e Seidl Moura (2009), o bebê começa a perceber e a antecipar comportamentos emocionais do outro e a atribuir-lhes significados.
Apesar de se ter, nessas abordagens, elementos conceituais que se aproximam, verifica-se uma diversidade e complexidade nas formas de considerar a temática da linguagem, emoção, expressividade, comunicação e significação nos primeiros anos de vida. Mostra-se, então, relevante que se pontue a partir de que referencial e de que questões o presente trabalho parte. Na abordagem histórico-cultural, de base deste estudo, a constituição do sujeito é pensada como se dando intrinsecamente articulada ao outro social, imerso na cultura, na/pela linguagem. Wallon (1959, citado por Werebe & Nadel-Brulfert, 1986) afirma que a incompletude do bebê leva à necessidade íntima do outro, da sua assistência constante. É o outro que completa o bebê, compensa-o e o interpreta para o mundo e o mundo para ele. É através do outro que as atitudes do bebê tomam forma. Como ele afirma, o bebê humano é geneticamente social.
No entanto, segundo Pino (2000), Vygotsky afirma que, além da espécie humana, outras espécies também são dotadas de sociabilidade. O diferencial no humano estaria na cultura, através da qual o social adquire novas formas de existência. A sociabilidade biológica, sob a ação criadora do ser humano, transforma-se em diferentes modos de organização das relações. Ou seja, a sociabilidade humana não seria simplesmente dada pela natureza, mas assumida pelo ser humano que procura formas de concretizá-la. Vygotsky (1991) foi um autor que desenvolveu extensas elaborações teóricas, destacando o papel do signo no processo de desenvolvimento. Ele afirma que, através da interação com outros sociais, a criança internaliza signos, os quais atuam como instrumento de mediação psicológica. A internalização do signo faz com que ele tenha função específica de ação reversa, conferindo formas qualitativamente novas à operação psicológica, permitindo ao indivíduo controlar seu próprio comportamento. O signo seria o próprio meio/modo de articulação das funções, acontecendo graças à linguagem. Baseadas em perspectiva histórico-cultural, entende-se que as significações construídas em relações e vínculos específicos devam ser analisadas contemplando-se o contexto. Nesse sentido, estudos de caso múltiplos têm sido conduzidos, todos tendo sido aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa – CEP. A condução é norteada por preceitos da Resolução 196/96 do CNS, a participação das crianças sendo feita com consentimento das famílias, inclusive para a apresentação das imagens. Dentre as pesquisas, vários são os trabalhos que vêm investigando vínculo, emoção, linguagem e significação de bebês no ambiente doméstico. Em função da pergunta, tais aspectos orientaram a escolha dos episódios a serem analisados e levaram aos recortes que possibilitaram apreender indícios sobre significação em bebês, nas relações afetivas específicas, nos contextos especificados (casa, creche e abrigo).
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