Análise sobre Amnésia na relação com os filmes: "Ilha do Medo" e "O Despertar"
Por: Kleber.Oliveira • 26/1/2018 • 2.817 Palavras (12 Páginas) • 590 Visualizações
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Depois de muitas desconfianças e descobertas, idas e vindas, Teddy descobre que tal paciente nunca existiu e questiona-se sobre o farol que a ilha possui, onde possivelmente eram feitas torturas e lavagens cerebrais. Chega um ponto onde sua única saída é ir até o farol, e então lá ao se encontrar com o dono da ilha e seu psiquiatra lhe contam tudo sobre sua trajetória.
A verdade é que o personagem serviu ao exército e teve uma mulher com problemas psíquicos dos quais ele desconfiava, mas nunca deu tanta importância, até que esta mulher matou seus três filhos e ele acabou por matar ela. Neste instante tudo vem à tona e ele recorda. Na cena ele chega em casa da guerra e se depara com seus três filhos afogados no lago próximo de casa, então corre pra salvá-los, mas já é tarde. Coloca-os sobre a grama e chora. Sua mulher se aproxima, em um surto psicótico, e fala com ele sobre irem passear com as crianças, ele sem raciocinar sobre o acontecido atira em sua mulher, a matando.
A ilha onde a trama acontece nesta fase dele já fantasiando uma outra história era o local para onde ele estava a ser mandado, mas por não se lembrar do acontecido, foi persuadido de que iria pra lá investigar um caso. No fim ele acaba por não aguentar o fardo e expõe a frase que define seu dilema: “O que é menos pior: viver como um monstro ou escolher morrer como um homem bom?” Ou seja, sobreviver com a culpa de não salvar seus filhos e matar sua mulher ou deixar-se ir como esse homem do qual ele criou que perdeu sua mulher e ajudou a salvar o mundo na guerra?
1.1 ANÁLISE DO TRATAMENTO DIANTE DO FILME
Ao final do enredo do filme é relatado que seu parceiro de investigação na verdade era seu psiquiatra que estava em sua última tentativa de reverter o diagnóstico a fim de que ele se liberte de si mesmo. Nota-se assim importância de um auxiliador para um possível tratamento e até que ponto este pode intervir. Na trama o psiquiatra já tinha feito de tudo, tanto que escolheu criar uma personalidade a fim de poder explorar mais de perto o mundo de Teddy, ressaltando a importância também do conhecimento da vida do paciente para uma intervenção mais eficaz, embora em alguns casos a condição seja permanente.
Ele utiliza de medicamentos calmantes para através da conversa poder fazer seu paciente refletir, pensar melhor. O método não tão eficaz, já que ao fim do filme tornou-se necessário o psiquiatra contar tudo para o paciente, auxílio na construção desse caminho, já que ao lembrar-se de seus sonhos e visões tornou-se mais fácil acreditar no que o mesmo dizia sobre ele.
1.2 HIPÓTESES DE UM DIAGNÓSTICO PARA O PROTAGONISTA DO FILME
Embora haja controversas o diagnóstico de Amnésia Dissociativa devido a um Transtorno de Estresse Pós-traumático, ou Amnésia Pós-Traumática é o mais evidente no filme.
A amnésia dissociativa é o esquecimento de informações pessoais importantes devidos a um evento traumático, que leva a criação de uma nova identidade. De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) o transtorno é diagnosticado quando possui:
- Existência de um evento traumático: acontecimento que marcou fortemente a pessoal causando-lhe temor, angústia ou horror;
- Re-experimentação persistente do evento: Pensamentos recorrentes, aversivos e intrusivos, pesadelos;
- Insensibilidade afetiva: caracterizado principalmente por diminuição da afetividade, distanciamento das pessoas;
- Hiperatividade psicomotora: como distúrbio do sono, susto exagerado, irritabilidade, dificuldade de concentração e hipervigilância.
2 ENREDO DO FILME “O DESPERTAR” (FILME DE FICÇÃO)
Após ter tido uma experiência de guerra, períodos de luto, presenciar mortes, acidentes graves, abusos sexuais, desastres naturais e sequestros os episódios de dor e sofrimento foram decisivos para serem fortemente associados ao Transtorno de Estresse Pós-traumático, ou também conhecida por Amnésia Pós-traumática (APT).
No filme, que é baseado em fatos reais, a personagem Florence Cathcart, interpretada pela atriz, Rebecca Hall sofre um trauma e acaba esquecendo essa parte sofrida de sua vida e acaba por fantasiar outra história para suprir a falta destas lembranças. Quando criança a personagem presencia o pai atirando com arma de fogo em sua mãe e com a pretensão de também matar a então menina a persegue pela casa, na tentativa de proteger-se do pai assassino ela se esconde com seu irmão bastardo e o homem acidentalmente atira no menino. Quando percebe o que fez se suicida e tudo isso aos olhos da personagem ainda criança.
Após uma série de fatalidades e brutalidades a jovem esquece o ocorrido e já adulta assume a história de ter sido atacada por um tigre, justificativa que marca o raspão da bala de revólver que assassinou seu irmão e que passou por ela.
É uma trama de diversos suspenses e acontecimentos paralelos que se conclui anos mais tarde, com a personagem de volta pra casa onde tudo acontecera, reconstruindo os acontecimentos em sua memória lembrando-se de tudo que ocorra em sua fase de infância e adolescência.
2.1 ANÁLISE DO FILME SOBRE OS FATORES AMBIENTAIS E O TRATAMENTO
Com diversos elementos ambientais que proporcionaram que a personagem tivesse a APT tivemos a clareza do fenômeno psicológico envolvido. O fatores ambientais que destacam-se no filme são todos os acontecimentos negativos relatados: guerra, mortes, perseguições, luto, acidentes, abusos sexuais, desastres naturais e sequestros.
A análise do tratamento feito para que a personagem vivesse a história foram descritas pelo uso de medicamentos para ansiedade como os da família dos benzodiazepínicos, que são tranquilizantes e ansiolíticos que tradicionalmente ajudam a pessoa a relaxar o suficiente para se lembrar das informações esquecidas, porém costuma ocorrer tanta mistura de fantasia e realidade que dificilmente serve como testemunho de eficácia ou evidência científica o uso deles para tratamento de reabilitação.
As memórias costumam retornar gradativamente conforme o indivíduo encontre em um ambiente saudável, tranquilo, seguro e com apoio psicossocial. Um bom exemplo, foi a retirada do soldado do campo de batalha e conversar com outras pessoas que também presenciaram os eventos esquecidos, além de visitar o local dos acontecimentos e refazer de forma psicodramática
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