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Análise Dissertativa - Meditações de Descartes

Por:   •  20/10/2018  •  1.700 Palavras (7 Páginas)  •  405 Visualizações

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Na Terceira Meditação Descartes chega ao ponto da desconstrução de seu sistema onde reafirma o res cogitans, o ser pensante, através da inspeção do espírito e do exame da origens das ideias. Ele analisa de onde elas vem, se são adventícias ou ficções do espírito, “o principal erro e o mais comum que se pode encontrar consiste em que eu julgue que as ideias que estão em mim são semelhantes ou conformes às coisas que estão fora de mim”, e mostra que ideias não são verdadeiras e nem falsas, apenas o são, independentemente de ser real ou não, e nesse sentido ideia é a representação da realidade objetiva, independente da vontade e Descartes conclui que “se a realidade objetiva de alguma de minhas ideias é tal que eu reconheça claramente que ela não está em mim nem formal nem eminentemente e que, por conseguinte, não posso, eu mesmo, ser-lhe a causa, daí decorre necessariamente que não existo sozinho no mundo, mas que há ainda algo que existe e que é a causa desta ideia” tendo procurado por diversos argumentos ele demonstra que como ser finito jamais poderia conceber a ideia de algo infinito, Deus portanto é fundamental para seu sistema visto que “se encontre em Deus uma infinidade de coisas que eu não possa compreender, nem talvez também atingir de modo algum pelo pensamento: pois é da natureza do infinito que minha natureza, que é finita e limitada, não possa compreendê-lo” e sabendo que pensa e existe ele precisa do Deus para atingir algumas ideias que não conseguira apenas por ser pensamento de ser finito.

Logo no começo da Quarta Meditação Descartes expõem o porquê que esta da figura de Deus não o enganaria, “é impossível que ele me engane jamais, posto que em toda fraude e embuste se encontra algum modo de imperfeição” e tais aspectos não é possível como já dito anteriormente devido à perfeição e infinidade de Deus. Descartes explica o nosso erro como algo que não podemos alcançar com nosso espírito afinal os motivos de Deus, um ser infinito, são incompreensíveis para qualquer ser comum. Além disso o que é imperfeição para um caso isolado nem sempre é em relação ao conjunto, ao todo.

Enunciando que o entendimento é limitado e tanto a imaginação quanto à vontade são ilimitadas (pág. 126) Descartes quis dizer que a vontade é a marca que o homem tem em comum com Deus, infinita em grandeza é ela que nos torna realmente livres. O filósofo ainda responde o porquê de mesmo podendo Deus não ter feito o homem perfeito, era “fácil a Deus fazer de sorte que eu nunca me enganasse, embora permanecesse livre e com um conhecimento limitado” porém “deixou em meu poder o outro meio, que é reter firmemente a resolução de jamais formular meu juízo a respeito de coisas cuja verdade não conheço claramente”, Deus concedeu a todos a liberdade de ajuizar sobre as coisas e mesmo não delimitando o entendimento do que valia a pena ser ajuizado, excluindo o obscuro e o confuso.

É dessa forma que a regra que ele obteve ao refletir o cogito na Terceira Meditação, “todas as coisas que concebemos muito clara e muito distintamente são verdadeiras”, é validada, esta verdade que ideias claras e distintas possuem valor certo imediato surge desta formulação de só dar juízo as coisas que ele conhece.

Na Quinta Meditação Descartes retoma a questão existencial de Deus enquanto trata da essência das coisas matérias, no pensamento conseguimos distinguir claramente propriedades existenciais, na realidade não. Para tanto o exemplo do triângulo, que qualquer um consegue conceber mesmo sem conhecê-lo. É nesse ponto que Descartes recorda-se da Primeira Meditação onde ainda estava ligado aos sentidos, mas já considerava “entre as mais constantes verdades aquelas que eu concebia clara e distintamente” e a partir daí discorre sobre Deus, e o fato de não poder concebê-lo sem existência, mostrando que propriedades da essência são as propriedades das coisas, “de sorte que, antes que eu o conhecesse, não podia saber perfeitamente nenhuma outra coisa. E, agora que o conheço, tenho o meio de adquirir uma ciência perfeita no tocante a uma infinidade de coisas, não somente das que existem nele mais também das que pertencem à natureza corpórea”, isto é, prova ontológica que Deus é fonte principal das certezas.

Fechando na Sexta Meditação temos a existência das coisas matérias, existência esta que é vista como possível através das ideais claras e distintas sobre sua essência. A existência das coisas materiais pela matemática é discernível sem problemas, porém quando a clareza e a distinção não é possível a imaginação é a ferramenta usada para determinar a probabilidade de algo existir. A diferença entre ela e a concepção é necessária e facilmente notada no exemplo do triângulo e do quiliógono, o primeiro você imagina, o segundo é possível apenas conceber, jamais você conseguirá imaginar uma figura de mil lados. Sendo a imaginação dependente do exterior e os sentidos fonte da imaginação estabelece-se assim a união da mente (espírito) e do corpo. “Não há dúvida de que tudo o que a natureza me ensina contém alguma verdade. Pois, por natureza, considerada em geral, não entendo agora outra coisa senão o próprio Deus, ou a ordem e à disposição que Deus estabeleceu nas coisas criadas”, a natureza assim explica a relação do corpo com a mente e as sensações, e como o corpo é distinto do pensamento mesmo o ser pensante sendo um todo com o corpo, devemos

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