A PSICOLÓGICA APLICADA NO CONTEXTO DO TRÂNSITO
Por: eduardamaia17 • 25/12/2018 • 3.469 Palavras (14 Páginas) • 477 Visualizações
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Nesse sentido, pode-se afirmar que, de maneira geral, o objetivo da Psicologia do Trânsito consiste em estudar e analisar o comportamento humano relacionado ao trânsito, sobretudo, no que se refere ao comportamento dos sujeitos que compõem o contexto viário, sejam estes ativos ou passivos, isto é, pedestres, motoristas, ciclistas ou motociclistas. Processo este que, na prática da clínica, envolve a avaliação psicológica dos motoristas, quando do acesso à primeira Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
As técnicas da avaliação psicológica utilizadas pelos psicólogos do trânsito têm como finalidade auxiliar na identificação de adequações psicológicas mínimas para o correto e seguro exercício da atividade (remunerada ou não) de conduzir um veículo automotor, para tentar garantir a segurança do condutor, do trânsito e dos demais envolvidos (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2000). Assim se tem feito uso dos testes psicométricos como recurso para predizer a habilidade para dirigir, especialmente para prever a probabilidade de um indivíduo se envolver em acidentes (GROEGER, 2003).
Na avaliação psicológica de trânsito, as investigações dos fenômenos psicológicos, ou seja, das capacidades gerais, bem como das específicas do indivíduo, são de suma importância, pois proporcionam indicadores para a tomada de decisões em relação às condições de esse indivíduo estar apto ou inapto para dirigir. Essa constatação nos remete à necessidade de uma preocupação, por parte dos profissionais de psicologia, em atuar de forma preventiva e preditiva no processo de avaliação psicológica, buscando interferir para que os motoristas não se exponham a situações de perigo a si e aos outros (LAMOUNIER; RUEDA, 2005).
O Conselho Federal de Psicologia, seguindo a resolução 007/2009 do CONTRAN define as características pertinentes de serem avaliadas, como:
I - Tomada de informação: busca analisar a atenção em seus diversos conceitos como atenção difusa, concentrada, distribuída, sustentada e vigilância bem como avaliar em situações hipotéticas a capacidade de identificar, detectar e discriminar sinais específicos do contexto do trânsito.
II - Processamento de informação e tomada de decisão: avaliar a capacidade de resolução de problemas, registrar, reter e evocar novas estímulos, obter informações sobre o julgamento e juízo crítico do candidato.
III – Comportamento e autoavaliação do comportamento: aferir tempo reação, coordenação viso-motor, identificar, através da entrevista, comportamentos desejados à situações do trânsito.
IV - Traços de personalidade: observar o equilíbrio dos aspectos da personalidade em especial controle emocional, ansiedade, impulsividade e agressividade.
A partir dessas características, o Departamento de Trânsito de Goiás (DETRAN-GO), mediante Portaria nº 1028, de 12/12/2008 e alterado pela Portaria nº 141/2009/GP/SG), lançou o Manual de Orientação das Normas e Procedimentos para Avaliação Psicológica Pericial em Candidatos à Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e Condutores de Veículos Automotores, seguindo as resoluções 425/12 e 358/10 do CONTRAN, 007/09 do CPF e a portaria 541/99 do DETRAN-GO definindo uma lista de instrumentos psicológicos sugeridos, são eles:
- Inteligência: Raven (Escala Geral), G-36, R-1 forma A ou B, BFM-3 (Trap-1), TCR, Rin, Julgamento (TSP), TIG-NV;
- Atenção: D-2, AC, BFM-1, BFM-4, BGFM-1, TEACO-FF, Destreza (TSP);
- Memória: BFM-2 (TEMPLAM), Memória (TSP), BGFM-4 (Memória de reconhecimento), Teste Pictórico de Memória, AS/AD;
- Habilidade Perceptual: TSP- Percepção e Precisão; Fluência verbal - TSP;
- Raciocínio Verbal: BPR-5 forma A e forma B;
- Raciocínio Abstrato: BPR-5 forma A e forma B;
- Raciocínio Espacial: BPR-5 forma A e forma B e TSP: Partes, Blocos, Dimensão. (um destes);
- Personalidade: Palográfico; HTP; Zulliguer; IFP; CPS E Teste de Pfíster.
Embora a lista de testes recomendados pelo CONATRAN seja extensa, mais utilizados pela Psicologia no contexto do trânsito, são eles: Teste AC – Atenção Concentrada, Teste R-1 – Teste Não Verbal de Inteligência e o Teste Palográfico, como descritos a seguir.
BATERIA DE TESTES MAIS UTILIZADOS NA AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA NO CONTEXTO DO TRÂNSITO
Teste de Atenção Concentrada - AC
O teste AC tem como objetivo o localizar setas específicas em um conjunto de setas e avaliar a capacidade do indivíduo de manter a sua atenção concentrada no trânsito por um determinado período (Araújo, 2011).
Desenvolvido por Cambraia (2004), o teste tem por objetivo avaliar a capacidade que o sujeito tem de manter a sua atenção concentrada no trabalho que realiza, durante um período determinado. A tarefa do candidato é encontrar estímulos iguais aos apresentados no modelo, ao ser localizado deve-se cancelar com um traço os símbolos na linha horizontal. A avaliação da atenção neste instrumento se deve em três pontos: o número de setas marcadas corretamente, o número total de omissões e número de erros cometidos.
Benczik, Leal e Cardoso (2016) definem o Teste AC – Atenção Concentrada como um instrumento capaz de avaliar a atenção concentrada e sustentada de forma quantitativa e ainda avaliar características neuropsicológicas como percepção, discriminação, orientação espacial, velocidade de processamento de informações, habilidades motoras, entre outras.
O Teste AC pode ser aplicado de forma individual ou coletiva. No caso de aplicação individual, o psicólogo deve estabelecer um rapport com o examinando, antes da aplicação do teste. Para aplicação coletiva é importante ser dada uma explicação geral para os examinandos do motivo da realização do teste, sugerindo- se um máximo de trinta candidatos em uma sala, e os candidatos devem sentar-se em carteiras que apresentem uma distância entre elas que permitam a passagem do examinador durante o teste (CAMBRAIA, 2003).
Embora o Teste AC não tenha sido criado para ser um instrumento específico para a avaliação de motoristas, mas sim um teste de atenção concentrada para ser utilizado em diversas avaliações, atualmente sua utilização é bastante comum na realização da avaliação psicológica para a obtenção da Carteira
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