O avanço no tratamento da hanseníase
Por: Salezio.Francisco • 27/9/2018 • 2.091 Palavras (9 Páginas) • 304 Visualizações
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De acordo com Junior, et al. (2008), a maneira de cuidar e de tratar é um aspecto cultural, sendo assim, cada povo tem seu próprio jeito de cuidar e para que tenhamos cuidados efetivos sobre a hanseníase é preciso um olhar voltado a avaliação do comportamento dos cuidados dos locais decidindo com o paciente se são preserváveis, que são aqueles que o próprio indivíduo ou familiar o realiza; mutáveis, onde se padronizam as ações e decisões que auxiliam os indivíduos a reordenar, trocar ou em grande parte modificar seus modos de vida, beneficiando os padrões de cuidado a sua saúde; e os negociáveis, onde o próprio nome já descreve, pois existe uma negociação, as ações e decisões que dão subsídio para facilitar a assistência das pessoas de uma determinada cultura, além de promover a adaptação ou acomodação com os provedores de saúde profissionais.
Para Lima, Souza e Moura (2012), as pessoas que possuem hanseníase devem ser examinadas para que o tratamento precoce seja estabelecido. A principal razão para se detectar e iniciar o tratamento precocemente é o combate à doença e a prevenção de sequelas e incapacidades motoras. Tendo conhecimento disso, o paciente e a equipe de saúde terão conhecimento da existência de cura. Os profissionais de saúde devem ser sensíveis a este fato e valorizar os sentimentos dos portadores de hanseníase e de seus familiares, para atuar na redução da falta de conhecimento de outras pessoas para com os pacientes diagnosticados com essa doença.
EMBASAMENTO TEÓRICO
A hanseníase é uma doença muito mais antiga do que se imagina. Segundo Talhari, et al. (2006), ao longo da história, ela ficou marcada como uma doença horrível devido às deformidades físicas que se desenvolvem no doente que não busca o tratamento. Pode-se dizer que devido a isso, a hanseníase foi à doença que causou um grande impacto na sociedade, chegando a correlacionar seu portador como um ser pecador, impuro e merecedor de punição.
Uma doença de pele, que para as antigas civilizações era chamada de lepra, carregando preconceito, discriminação, sofrimento, rejeição e isolamento para quem a possui. Teve a sua nomenclatura mudada por intervenção do governo brasileiro de acordo com a Lei nº 9.010 do ano de 1995, que legislou proibindo o uso do termo “lepra” em documentos oficiais da administração centralizada e descentralizada da União e dos Estados-membros, passando a ser chamada de “hanseníase” em homenagem a Gerhard Armauer Hansen, médico norueguês que descobriu, em 1873, o micróbio causador da infecção (LOPES, 2004).
Segundo Nunes, Oliveira e Vieira (2008), a hanseníase é conhecida como uma doença infectocontagiosa, que se desenvolve a partir de uma bactéria chamada Mycobacterium Leprae, que se multiplica de forma letã, afetando os nervos e a pele. Existe o fator de contaminação de pessoa para pessoa que ocorre por meio das vias respiratórias, secreções nasais ou saliva.
A hanseníase ainda é considerada um grave problema de saúde pública em todo mundo, até mesmo nos países mais desenvolvidos em questões econômicas, sociais e de saúde. A sua manifestação se dá, sobretudo por sinais e sintomas dermatológicos, sendo eles: lesões na pele e nos nervos periféricos, em especial nos olhos, mãos e pés (SILVEIRA et al., 2014).
A doença possui uma vasta evolução referente a diagnósticos e avanços na terapia medicamentosa. Seus novos casos vêm diminuindo de quantidade mundialmente, porém no Brasil ainda se encontram novos casos, fazendo dele um dos países com maior índice de pessoas diagnosticadas com esta doença nas Américas (CORTES, 2012).
De acordo com o Ministério da Saúde, ao receber a confirmação do diagnóstico positivo para a doença de hanseníase é passado para o indivíduo as orientações sobre o tratamento e como o mesmo deve ser realizado. É comum que o portador da doença leve um tempo para processar todas as informações pertinentes ao diagnóstico, conhecer melhor a doença que possui e como enfrentará o tratamento, além do mais importante, o comprometimento em alcançar a cura (BRASIL, 2008).
Mesmo com os avanços na forma do diagnóstico, controle e tratamento da hanseníase para Nunes, Oliveira e Vieira (2008), a doença ainda faz com que o paciente sofra com o preconceito e se isole das pessoas, fazendo com que o mesmo tome as atitudes de séculos atrás e que persistem nos dias atuais, interferindo no modo de viver da pessoa com hanseníase.
Antes da pessoa com hanseníase sofrer com preconceito de ter a doença, ela precisa passar pelo choque do diagnóstico, que lhe causa reações psicológicas confusas, levando-a ao afastamento social, a ter vergonha de sair, medo de morrer e a preocupação por falta de conhecimento sobre a doença. Devido a todos esses fatores é compreensível que a pessoa não aceite e não compreenda a doença que possui (BAIALARDI, 2007).
O impacto de receber a notícia deixa o sujeito portador incapacitado, pois as deformidades decorrentes da doença podem ocasionar problemas como a diminuição da capacidade de trabalho, limitação da vida social, problemas psicológicos e manutenção do preconceito relacionada à doença. Dessa forma Figueiredo (2006 pag. 134) enaltece que:
Há uma grande abrangência de sofrimentos contidos no contexto do hanseniano, é preciso cuidado e tranquilidade para compreender os aspectos paralelos ao tratamento medicamentoso da hanseníase. As mudanças ocorrem diferentes para cada indivíduo, considerando sua história de vida e sua estrutura emocional.
Após a descoberta da doença, muitas pesquisas foram dedicadas a minimizar o sofrimento dos indivíduos que a possuem por meio de inúmeras alternativas de tratamento, que segundo Cid, et al. (2012) a descoberta da sulfona, na década de 1950, foi o primeiro tratamento ambulatorial para a hanseníase, posteriormente na década de 1980 foi substituído pela poliquimioterapia (PQT), que possui a combinação de vários medicamentos eficientes, sendo considerado um tratamento simples, eficaz e de baixo custo e bem aceito pelas pessoas que possuem hanseníase, porém nenhuma medicação faz com que o preconceito com o portador seja minimizado.
Para Marques, et al. (2014), o tratamento a base de poliquimioterapia (PQT) é a junção dos medicamentos conhecidos como dapsona, rifampicina e clofazimina. A toxicidade mais severa ocorre nos quatro primeiros meses do tratamento do paciente, sendo a dapsona a droga que causa mais efeitos colaterais, como anemia hemolítica, hemoglobinemia, erupções cutâneas, neuropatias, agranulocitose, hepatites tóxicas, síndrome
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