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Tratamento convencional de hérnia

Por:   •  20/3/2018  •  4.460 Palavras (18 Páginas)  •  345 Visualizações

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Relevância epidemiológica

Admite-se que 80% da população mundial adulta têm ou terão lombalgia, 30 a 40% desta população apresentam de forma assintomática hérnia de disco lombar (Ortiz, 2000) e 2 a 3% já estão acometidos pelo sintoma desta patologia, cuja prevalência acima dos 35 anos é de 4,8% no universo masculino e 2,5% no feminino. A idade média para o aparecimento da primeira crise de dor é de aproximadamente 37 anos, sendo que em 76% dos casos há antecedente de dor lombar uma década atrás (Negrelli, 2001).

No Brasil, a repercussão econômica destes dados fez com que as lombalgias se tornassem a 1ª causa de pagamento de auxílio doença e a 3ª causa de aposentadoria por invalidez (Fernandes, 2000). Embora os dados epidemiológicos atinjam indiscriminadamente as diversas camadas sociais, poucos têm acesso aos tratamentos cirúrgico-evasivos ou minimamente evasivos.

Já o tratamento conservador, além do baixo custo, tem obtido os melhores resultados. Quando um indivíduo que adquiriu hérnia de disco lombar minimiza seu quadro clínico de dor, através da atividade física, ele está sendo grandemente beneficiado: primeiramente, pelo fato de não correr os riscos pertinentes de toda cirurgia de coluna, além de não apenas tratar o disco enfermo, mas também aprimorar a flexibilidade, melhorar a condição cardio-respiratória e, talvez, abrandar crises recidivas. Mas, quando a dor não apresentar retrocesso após quatro a seis semanas deste tratamento, recomenda-se intervenção cirúrgica, o quê significa menos de 10% dos casos (Ortiz, 2000).

Este artigo tem por objetivo realizar uma revisão sobre as definições mais recentes sobre hérnia de disco lombar, procura resumir as pesquisas de maior relevância que optaram por utilizar o tratamento conservador, aborda a questão do comportamento sedentário para o crescimento desta enfermidade e mostra a importância da atividade física para a recuperação nestes indivíduos sintomáticos. Acredita-se também, que seja de fundamental importância descrever quais foram às investigações que obtiveram reabsorção do núcleo pulposo através do tratamento conservador.

Material e Métodos

Foram referendados 30 artigos pertinentes ao tema proposto das seguintes bases de dados: Medline, Bireme, Lilacs e os periódicos da Capes, principalmente a revista Spine. O idioma pesquisado foi o português, espanhol e o inglês.

Os artigos mais antigos foram citados por se tratarem de clássicos da anatomia e biomecânica. Posteriormente eles tiveram suas comprovações validadas, a partir de outras investigações com exames de imagem do tipo: Tomografia Computadorizada (TC) e Imagem de Ressonância Magnética (IRM). Tais procedimentos nos encorajam à realização de futuras pesquisas com indicativos de exames clínicos, uma vez que no Brasil o acesso ao diagnóstico por imagem ainda é bastante restrito para algumas camadas sociais.

De acordo com Pereira, 1997, os métodos utilizados nas bibliografias publicadas com tratamento conservador, foram: Coortes de dez anos (Weber,1983 e Fraser,1997), Ensaio Clínico Randomizado (Mcilveen,1998/ Landridg,1988/ Smit,1991/ Pecar,2003/ Saal,1990/ Onel,1989 e Kawaji,2001) e um Estudo Transversal de Fahrmi,1975. A amostra na maioria dos estudos foi de conveniência e o grau de confiança da técnica empregada estava dentro do padrão estatístico aceitável.

Homo eretus X Homo "sentadus"

Desde a primeira descoberta reconhecida de registro fóssil humano, na África há 50 milênios, o DNA mitocondrial de grupos étnicos diversos indicam que a constituição genética de mulheres e homens quase não mudou, apesar das enormes mudanças de sociedade associadas à agricultura e industrialização (Vigilant, 1991 e Wilson, 1992).

A fisiologia da obtenção de energia e o seu dispêndio continuam sendo o mesmo desde a idade da pedra. Porém, o equilíbrio desta relação vem sendo dissociado das tarefas diárias, ou seja, o dispêndio de energia através da atividade física, para a maioria dos indivíduos, tornou-se uma atividade extraordinariamente separada do cotidiano, engajando-se especificamente ao aprimoramento de resistência, força e flexibilidade, em contraste com o esforço físico diário que nossos antepassados suportavam para que houvesse a perpetuação da nossa espécie (Cordain, 1998).

Verdadeiramente, o homem dependia de suas habilidades psico-motoras para sua sobrevivência alimentar. Hoje ele alcança tais objetivos através de atitudes que requerem uma capacidade cognitiva bem superior às suas destrezas motoras primitivas, priorizando cada vez mais comportamentos estáticos e sedentários. Basta que observemos os trabalhadores de escritório dos dias de hoje: eles permanecem em média 6 horas diárias sentados (com pequenas pausas), numa jornada de 40 horas semanais. Isso significa que, ao final de 35 anos de trabalho, é como se eles estivessem 6 anos ininterruptos sentados sobre uma cadeira, quase que inertes do ponto de vista motor.

Há três décadas, Fahrmi (1975) estudou uma população de uma floresta na Índia que se agachava ao invés de sentar, dormindo no chão ao invés de camas. Essas pessoas não tinham qualquer conceito de orientação postural, mas tinham incidência zero de dor lombar. Além disso, as radiografias da coluna lombar em 450 desses indivíduos, com idade entre 15 e 44 anos, não mostraram qualquer incidência de estreitamento de disco intervertebral.

O problema da posição sentada em relação à posição em pé é que a curvatura anatomicamente funcional da lordose lombar diminui, em média, 50% nos segmentos L11-L22, L22-L33, L13-L44, L44-L55, L55-S11 e L11 a S11. (Lord, 1997). Biomecanicamente, a harmonia das curvaturas da coluna vertebral é descrita de acordo com a seguinte fórmula: Nc2 +1 = X, onde Nc = número de curvaturas na coluna vertebral (Kapandji, 1987). Isso significa que quando um indivíduo submete-se a horas e horas sentado, ele poderá comprometer e expor estruturas de tecidos moles, que foram anatomicamente projetadas para aquele fim, como os discos intervertebrais.

Disco Intervertebral

A menor unidade funcional em movimento da coluna é composta por um par de vértebras adjacentes, duas articulações sinoviais (zigoapofiseas ou zigopofisárias) e o seu correspondente complexo disco-ligamentar (Wilsel, 1996). O disco está localizado entre todas as vértebras funcionais (exceto C1 e C2) e disposto em quatro camadas, que serão descritas num plano sagital: a mais externa composta por uma densa lâmina

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