Epidemiologia e bioestatistica

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Sobre o sarampo é uma doença infecciosa aguda, de natureza viral, grave, transmissível e extremamente contagiosa, muito comum na infância. A viremia, causada pela infecção, provoca uma vasculite generalizada [vesículas], responsável pelo aparecimento das diversas manifestações clínicas, inclusive pelas perdas consideráveis de eletrólitos e proteínas, gerando o quadro espoliante característico da infecção. Além disso, as complicações infecciosas contribuem para a gravidade do Sarampo, particularmente em crianças desnutridas e menores de um ano de idade.

Raízes históricas da epidemiologia

Tudo começou na Grécia Antiga, onde os gregos cultuavam Asclépios (ou Esculápio) como deus da Medicina. Ele é representado segurando um bastão com uma serpente enrolada, o que deu origem ao símbolo da medicina e da farmácia. Ele teve duas filhas, Panacéia, que representava a medicina curativa e intervia sobre os doentes através de encantamentos, preces e medicamentos, e, segundo a tradição grega, ela possuía um composto capaz de curar qualquer enfermidade. Sua outra filha era Higéia, que prezava a harmonia dos homens e dos ambientes, promovendo-a através de ações preventivas.

Ou seja, naquela época, em 400a.C., Higéia já defendia o conceito de que a harmonia entre a sociedade era importante para se ter saúde. Conceito muito parecido com o que temos de saúde, hoje em dia. Ela também já pensava na prevenção, antes de pensar na cura, diferente de sua irmã (Panacéia) que tinha o pensamento voltado á cura. E a prevenção é o maior objetivo do SUS atualmente.

Acredita-se que Hipócrates tenha dado origem a Epidemiologia, pois após viajar pelo Oriente, passou a morar na Ilha de Cós (sede da Escola Hipocrática), onde ensinava a tradição higéica, ou seja, a medicina preventiva. Mas depois de sua morte, seus discípulos restabeleceram o individualismo para garantir a hegemonia de sua prática frente á seitas que prometiam saúde aos homens, assim Panacéia confirmou-se como referência metafísica para a nascente prática médica, fazendo com que a medicina preventiva perdesse o foco, passando a ser a medicina curativa, o que perdurou por muito tempo.

A Era Romana deixou seu legado para a Epidemiologia com o Imperador Marco Aurélio, que ordenou a realização dos primeiros censos periódicos e introduziu um registro compulsório de nascimentos e óbitos.

A Estatística (que significa “medida do Estado”) tem uma raiz política. Surgiu com a implantação do modo capitalista de produção, que indicavaa necessidade de contar não só o exército, mas o povo, ou seja, o Estado e exigia que estes tivessem disciplina e saúde, dando origem a Aritmética Políticade William Petty e os levantamentos de John Graunt. Esses personagens são citados como percursores da Epidemiologia, Demografia e estatística.

Para Lilienfeld e Tamayo, o estudo de Pierre-Charles Alexandre Louis sobre 1.960 casos de tuberculose, publicado em 1825, em Paris, inaugurou a Epidemiologia. Louis, utilizando os métodos da Estatística, se tornou percursor da avaliação da eficácia dos tratamentos clínicos. William Farr marcou a institucionalização dos sistemas de informação em saúde, criando o registro anual de morbidade e mortalidade para a Inglaterra e País de Gales.

No final do século XVIII, a burguesia tinha grande influência política e o Estado intervia de diferentes maneiras na saúde da população. Na França, com a Revolução de 89, desenvolveu-se uma Medicina urbana, que visava isolar áreas consideradas miasmáticas, impor o saneamento, ventilando ruas e construções públicas. Na Alemanha eram implantadas medidas compulsórias de controle e vigilância de enfermidades, sendo responsabilidade do Estado. Na Inglaterra, por conta da Revolução Industrial, a classe trabalhadora, desgastada, fez surgir uma medicina da força de trabalho, sustentada parcialmente pelo Estado em áreas urbanas, para dar conta da grande deterioração das condições de vida e saúde que esta classe passava naquele momento.

Em 1850, Florence Naghtingale (que mais tarde seria reconhecida como “mãe fundadora” da Enfermagem)e John Snow, se juntaram a jovens simpatizantes de ideias médico-sociais, membros da Royal Medical Society e oficiais da saúde pública e organizaram na Inglaterra a LondonEpidemiologicalSociety.

Snow foi de extrema importância para a epidemiologia, pois viveu numa época em que sua cidade sofria com uma epidemia de Cólera e Peste Negra. Enquanto todos achavam que essas doenças eram transmitidas por um tipo de ar viciado (coisa que John não acreditava que existisse), ele provou através de estudos que isso, de fato não existia. Como a Microbiologia não havia sido descoberta, era obscura a forma com que essas doenças eram adquiridas e transmitidas. Snow associou essa contaminação com a água de um poço que existia na cidade, pois comparou a água que doentes consumiam, com a água que os não contaminados utilizavam. Descobriu que próximo a este poço existia uma fossa desativada que contaminava a água e a tornava imprópria para consumo, contaminando a população.

Ainda nessa época registrou-se o ensino sobre a distribuição de doenças em populações das escolas médicas da Inglaterra, Alemanha e França, podendo assim se fazer o controle da febre amarela, malária, varíola e outras doenças que atingiam os portos de países colonizados e das ex-colônias, inclusive o Brasil.

Nos Estados Unidos, vários discípulos de Louis continuaram ensinando a “estatística médica” a fim de alcançar uma reforma sanitária.

Epidemiologia no Mundo

A medicina cientifica consolidou sua hegemonia no final do século XIX, atingindo o auge após o relatório Medical Education in theUnitateStatesand Canada, de Abraham Flexiner no período de 1866 a1959. Este relatório reduziu o ensino médico a um enfoque individualista com ênfase no conhecimento proveniente da pesquisa básica, realizada principalmente sobre as doenças infecciosas. Em 1918 foi inaugurada a Johns Hopkins School of Hygiene and Public Healt “ Escolas de saúde pública” tendo como o primeiro professor de Epidemiologia Wade Hampton Frost que utilizou novas técnicas estatísticas para estudar as variações na incidência e prevalência de doenças transmissíveis.

Major Greenwood (1888-1949) discípulo de Karl Pearson o fundador da estatística moderna, foi o primeiro professor de Epidemiologia e Estatística Vital na London schoolofHiygienand Tropical Medicine no ano de 1928. GreenWood foi o principal responsável pela