A ENFERMAGEM E A HISTÓRIA: POR QUE A GENTE É ASSIM SEM AUTONOMIA?
Por: Evandro.2016 • 7/9/2018 • 1.560 Palavras (7 Páginas) • 359 Visualizações
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base construída a partir de profissionais não críticos, com comportamento de aceitação das coisas, sem contestação. Convergindo com a renúncia, se opondo ao que é autonomia que segundo Freire é a capacidade de decidir-se, de tomar o próprio destino em suas mãos.
Tomando as ideias de Rodrigues (2005) o fato do enfermeiro, ser disciplinado, obediente e não exercer crítica social ocasionou uma serie de dificuldades para os profissionais de enfermagem como: longas jornadas de trabalho, baixos salários, a frágil organização política e falta de autonomia.
O comportamento de aceitação fica explicito quando Bueno e Queiroz (2006) afirmar que a enfermagem ao acompanhar a tendência mecanicista da medicina, dando ênfase a intervenção técnica, não observando o aspecto emocional, coletivo e educacional desvaloriza o cuidado.
Essa desvalorização do cuidado não apenas propõe uma visão do ser humano como objeto de manipulação. Mas acarreta consequências ao enfermeiro, pois “insere-se em um processo de alienação e perda de autonomia, uma vez que o cuidado constitui, historicamente, a essência da prática de enfermagem” (BUENO e QUEIROZ, 2006, p 03).
A relação da enfermagem com o cuidado é um fator que certamente contribui para a falta de autonomia do enfermeiro. No entanto essa questão pode servir como diagnostico importante e, por conseguinte, a base para realização da prescrição do plano assistencial para a resolutividade do problema.
A promoção, proteção da saúde e prevenção dos agravos e reabilitação da profissão envolve essa relação do enfermeiro com sua essência da prática de enfermagem, o cuidado. “A tentativa de resgatar o papel de cuidar na enfermagem significa, portanto, recuperar ou reconstruir a autonomia profissional da enfermagem” (BUENO e QUEIROZ, 2006, p. 04)
Segundo Bueno e Queiroz (2006) o cuidar qualifica o trabalho do enfermeiro, pois demonstra o saber fazer e isso requer conhecimento. Devendo ser valorizado porque é uma necessidade do ser humano. Segundo Boff (1999) sem cuidado ele deixa de ser. Se não receber cuidado, desde o nascimento até a morte, o ser humano desestrutura-se definha, perde o sentido e morre.
Conforme as ideias de Andrade (2007) o conhecimento científico, deu respaldo a enfermagem que antes se apresentava como uma profissão que realizava um cuidado generalizado sem embasamento. Esse conhecimento permite que o enfermeiro realize a consulta de enfermagem, que de acordo com Oguiso, (2007), é uma atividade privativa do enfermeiro.
Mas o cuidado não pode está baseado unicamente na cientificidade. Waldow (2005) demonstra que o cuidado se baseia nos conhecimentos científicos, mas também nas experiências e intuições. Nessa perspectiva Boff (1999) afirma que é preciso além de saber, é necessário ter sentimento para que haja o cuidado.
Diante disso, observa-se que o cuidado não pode ser visto como uma receita pronta, sendo necessária uma análise para cada situação. Waldow (2005) entende que a relação do cuidado não pode ser generalizada, pois as pessoas e as situações são diferentes. Desse modo é impossível cuidar sem conhecer a historia da pessoa.
O que parece, é que com as transformações no cenário da saúde configurada pela “crise do paradigma mecanicista da medicina revela a possibilidade de construção de um novo paradigma, no interior do qual uma nova configuração da saúde, doença e terapêutica emerge com um sentido mais humano” (BUENO e QUEIROZ, 2006, p 04) o cuidado pode alcançar um lugar privilegiado.
Um espaço que o cuidado deve ser visto como ação privilegiada na área da saúde e o enfermeiro têm grande importância é o Programa da Saúde da Família (PSF). Nesse programa “o enfermeiro exerce papel preponderante desde o planejamento das ações até a assistência, o que torna ação diferente daquela que ocorre em instituição estruturada no modelo tradicional” (ARAÚJO, 2005, p. 40).
Araújo (2005) expõe que nesse espaço existe o controle sobre o objeto de trabalho, definição do papel do enfermeiro. Existe a oportunidade de conquista de um maior prestígio social e político, pois há uma participação igualitária nas decisões da equipe. Existe uma relação com a comunidade e o reconhecimento desta, não estabelecendo muita diferença entre enfermeiros e médicos.
Segundo Araújo (2005) os enfermeiro notam esse programa é um espaço de criação do trabalho, e uma forma de estabelecerem seu lugar profissional difuso pela atomização das inserções e atribuições. “Este sentimento de localização inscreve como pessoa pertencente, de fato, àquele território profissional e não a outro e tendo como desdobramento o reconhecimento social” (ARAÚJO, 2005, p. 43).
Conclui que a identificação das necessidades da profissão para a autonomia da enfermagem situa nos processos de trabalhos: na implementação dos conhecimentos científicos; na utilização da sua metodologia a consulta de enfermagem; na valorização do cuidado, a essência da prática de enfermagem; e o reconhecimento do Programa de Saúde da Família como espaço de crescimento.
REFERÊNCIAS:
ANDRADE, Andréia de Carvalho. A enfermagem não é mais uma profissão submissa. Revista Brasileira de Enfermagem, Florianópolis, v. 60, n. 16, p. 96-98, jan-fev. 2007.
ARAÚJO Maria de Fátima Santos. O enfermeiro no Programa de Saúde da Família: prática profissional
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