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Ocorrência de fungos toxigênicos e micotoxinas em erva-mate comercializada em Camaquã-RS

Por:   •  4/10/2018  •  2.473 Palavras (10 Páginas)  •  334 Visualizações

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- Micotoxinas

As micotoxinas são produto do metabolismo secundário de fungos e sua presença em alimentos e rações representa um risco à saúde humana e animal. Elas podem ser encontradas em uma ampla variedade de alimentos e rações decorrentes da contaminação invisível (pois normalmente não se observa dano aparente), no campo durante o desenvolvimento da planta, colheita, armazenamento e processamento. Cerca de 300 micotoxinas já foram descritas mas apenas cerca de 20 dessas são encontradas em alimentos e rações, em níveis que possam ser considerados de risco para a saúde (COLE e COX, 1981; SWANSON, 1987). Estas são compostos que diferem muito em suas propriedades químicas, biológicas e toxicológicas e a grande variação na natureza química, implica na necessidade de um grande número de métodos de extração (PURCHASE, 1974).

A produção de toxinas pelos fungos pode afetar os demais microrganismos, dificultando o seu crescimento, mas o contrário também é possível, pois certos microrganismos podem inibir a produção de toxinas, removê-las ou degradá-las. Há estudos em que as toxinas são produzidas em menor quantidade quando os fungos toxigênicos crescem em presença de outros microrganismos (TANIWAKI e SILVA, 2001). Os efeitos tóxicos das micotoxinas atingem humanos e animais, podendo causar efeitos alérgicos e imunossupressores até câncer. Micotoxinas apresentam quatro tipos de toxicidade: aguda, crônica, mutagênica e teratogênica (PITT, 2000).

- Fumosinas

As fumonisinas foram descobertas em 1988 e são produzidas pelo gênero Fusarium e a constante ingestão de fumonisinas através de produtos e derivados de milho, tem sido associada ao câncer de esôfago em Transkey (África) e Linxian (China), onde se verifica alta incidência desta patologia (SYDENHAM et al., 1990).

- Câncer de esôfago

O câncer de esôfago é o 9º mais comum no mundo, com cerca de 300.000 casos diagnosticados a cada ano. Nos homens a incidência é 5 vezes maior do que nas mulheres, sendo fumo, álcool e refluxo gastroesofágico os principais fatores de risco para este tipo de câncer, além do uso de chimarrão, no Sul do Brasil. Dados sobre a distribuição mundial do câncer de esôfago são pobres, mas verifica-se taxas muito elevadas em homens negros da África do Sul e América do Norte, taxas altas ou médias em algumas áreas do Caribe e Índia, taxas muito altas na China e em algumas populações chinesas migrantes. Altas taxas também, tem sido observadas, particularmente entre homens, no Uruguai, nordeste da Argentina e Sul do Brasil (CEPON, 1999).

Estudos clínicos e epidemiológicos têm mostrado um moderado para alto risco de neoplasma maligno do trato aerodigestivo superior entre consumidores de chimarrão. E poderia também ser notado que a incidência de câncer oral e orofaríngeo na Argentina, Sul do Brasil e Uruguai é muito alta e aumenta particularmente nas partes Sul da América do Sul. Os fatores de risco específicos identificados são: tabaco, álcool, carnes grelhadas (utilizando carvão) e chimarrão (VICTORA et al., 1990; FRANCO, KOWALSKI; OLIVEIRA, 1989; DE STEFANI et al., 1990; WUNSH-FILHO e DE CAMARGO, 2001). O principal problema na avaliação dos efeitos do consumo do chimarrão como um agente carcinogênico é a dificuldade em obter o controle apropriado pois os fatores de risco, álcool e cigarro, comprometem a avaliação. Fumar e consumir álcool são os mais importantes fatores de risco para cânceres de trato aerodigestivo superior, não sendo apenas correlacionados mutuamente mas também fortemente associados com o consumo de chimarrão na maioria da população sul americana. Foi investigado se o aumento do risco de câncer pode ser atribuído a alta temperatura com que o chimarrão é consumido e não encontraram evidências deste efeito (PINTOS et al., 1994). Ainda investigaram a associação entre consumo de chimarrão e câncer na cavidade oral e orofaríngea em humanos. Concluíram que a exposição causada pelo chimarrão aumenta em cinco vezes a incidência de câncer orofaríngeo após ajustamento de variáveis tabaco e álcool (STEFANI E COLABORADORES, 1990). O dano provocado pela alta temperatura de consumo do chimarrão tem sido sugerido como um dos seus efeitos carcinogênicos, particularmente ao esôfago. Um grupo que trabalha para a IARC (International Agency for Research on Cancer), concluiu que a alta temperatura do consumo do chimarrão é o provável agente carcinogênico para humanos (IARC, 1991). Estudos conduzidos para justificar os efeitos carcinogênicos do chimarrão, propõem que o chimarrão pode atuar como um solvente para compostos cacinogênicos químicos encontrados no tabaco ou compostos fenólicos presentes na erva-mate, podendo atuar como promotores do câncer. A erva-mate contém taninos e compostos Nnitrosos, os quais são também suspeitos como possíveis agentes carcinogênicos. A erva-mate contém 7 a 14% de taninos quando bebida em infusão (GOLDENBERG, 2002). Estudos também sugerem que o conteúdo de taninos no chimarrão pode ser responsável pelo aumento do risco de câncer de esôfago e avaliaram o efeito direto do chimarrão no esôfago através da investigação da prevalência de lesões cancerosas no esôfago como esofagites em homens que consumiam chimarrão diariamente comparados com não consumidores de chimarrão. Confirmaram histologicamente que os consumidores de chimarrão são 2,2 vezes mais suscetíveis ao desenvolvimento de esofagites quando comparados com não consumidores (VASSALLO E COLABORADORES 1985; MUÑOZ E COLABORADORES 1987).

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- MATERIAIS E MÉTODOS

Para a realização deste trabalho foram adquiridas 6 amostras de erva-mate de diferentes marcas comerciais, comercializadas no Município de Camaquã, RS. As amostras foram transportadas até o

Laboratório química do curso de controle ambiental do Instituto Federal Sul Rio-Grandense Campus Camaquã, onde foram realizadas as análises

O meio de cultura deve ser preparado previamente, utilizando-se 140 g de batatas descascadas e cortadas em cubos, cozidas em 1.000 mL de água destilada por aproximadamente 15 minutos. No decoto filtrado adiciona-se 10 g de dextrose e 15 g de ágar e o volume deve ser completado para 1.000 mL. Esse meio deve, também, ser esterilizado em autoclave a 121º C por 20 minutos e, posteriormente, o pH corrigido para 3,5 e vertido em placas de Petri estéreis.

Porções de 25 g de erva-mate devem ser homogeneizadas em 225 mL de água

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