Micotoxinas
Por: Ednelso245 • 28/2/2018 • 4.869 Palavras (20 Páginas) • 318 Visualizações
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- NUTRIÇÃO SUÍNA
Avaliando a série histórica dos custos de produção de suínos no Brasil, em média, a alimentação nas granjas estabilizadas e de ciclo completo corresponde a 65% do custo. Em épocas de crise na atividade o valor atinge a cifra de 70 a 75%. Isto significa, por exemplo, que se a conversão alimentar de rebanho for de 3,1 e a alimentação representar 70% dos custos de produção, a equivalência mínima entre preços deverá ser de 4,4 (o preço do suíno deverá ser no mínimo 4,4 vezes superior ao preço da ração) para que o produtor equilibre os custos de produção com o preço de venda dos animais. Neste aspecto a possibilidade de auferir lucros com a suinocultura depende fundamentalmente de um adequado planejamento da alimentação dos animais. Isso envolve a disponibilidade de ingredientes em quantidade e qualidade adequada a preços que viabilizem a produção de suínos. A obtenção de lucros também exige a combinação adequada dos ingredientes para compor dietas balanceadas nutricionalmente, para cada fase de produção, visando atender as exigências nutricionais específicas. Em termos médios, em uma granja estabilizada de ciclo completo, para cada porca do plantel produzindo 20 leitões ao ano, terminados até os 105 kg de peso de abate, é necessário dispor de 7.000 kg de ração com um gasto médio de 240 kg de núcleo, 5.260 kg de milho e 1.500 kg de farelo de soja. Ainda, considerando uma relação média de 2,8 litros de água potável ingerida para cada kg de ração consumida, estima-se um gasto anual de 19,6 mil litros de água potável para cada porca e sua produção. A aplicação dos conhecimentos de nutrição deve contribuir para a preservação do ambiente e isto significa que o balanceamento das rações deve atender estritamente as exigências nutricionais nas diferentes fases de produção. O excesso de nutrientes nas rações é um dos maiores causadores de poluição do ambiente, portanto, atenção especial deve ser dada aos ingredientes, buscando-se aqueles que apresentam alta digestibilidade e disponibilidade dos nutrientes e que sejam processados adequadamente, em especial quanto a granulometria. Em complementação a mistura dos componentes da ração deve ser uniforme e o arraçoamento dos suínos deve seguir boas práticas que evitem ao máximo o desperdício Através da nutrição e do manejo da alimentação e da água devem ser atendidas as necessidades básicas dos animais em termos de saciedade da fome e da sede, sem causar deficiências nutricionais clínicas ou subclínicas e sem provocar intoxicações crônicas ou agudas, aumentando a resistência às doenças. Os animais não devem ser expostos, via alimentação e água, a produtos químicos ou agentes biológicos que sejam prejudiciais para a produção e reprodução. No contexto do bem estar animal, a nutrição deve assegurar o aporte adequado de nutrientes para a manutenção normal da gestação, para a ocorrência de partos normais e para uma produção adequada de leite que garanta um desenvolvimento normal dos leitões durante o período de lactação (Simpósio sobre granulometria de ingredientes e rações para suínos e aves, 1998, Concórdia, SC. Anais. Concórdia: EMBRAPA-CNPSA, 1998. 74p. (EMBRAPA-CNPSA. Documentos, 52).
- JUSTIFICATIVA
Os efeitos clínicos e o grau de toxicidade são dependentes do tipo e da quantidade de micotoxinas presente no alimentos. Leitões e fêmeas produtivas (gestantes e lactantes) são mais suscetíveis aos efeitos negativos das micotoxinas. Vale a pena lembrar que não só os grãos (milho, sorgo, trigo) são fontes potenciais de micotoxinas, existem sub-produtos tais como casca de milho, óleo de trigo, ou grãos de destilaria.
Com intuito de abordar esse grande problema que inúmeros suinocultores enfrentam, é que se propõe a presente pesquisa, mostrando-se assim, de suma importância este trabalho.
- REVISÃO DE LITERATURA
Micotoxinas são substâncias tóxicas resultantes do metabolismo secundário de diversas cepas de fungos filamentosos. São compostos orgânicos de baixo peso molecular e não possuem imunogenicidade. Em climas tropicais e subtropicais, como o nosso, o desenvolvimento fúngico é favorecido por fatores como excelentes condições de umidade e temperatura. Os fungos crescem e se proliferam bem em cereais, principalmente, no amendoim, milho, trigo, cevada, sorgo e arroz, onde geralmente encontram um substrato altamente nutritivo para o seu desenvolvimento (PINTO & VAAMONDE, 1996).
O crescimento fúngico e produção de micotoxinas em cereais podem ocorrer nas diversas fases do desenvolvimento, maturação, colheita, transporte, processamento ou armazenamento dos grãos. Por isso, a redução da umidade dos cereais através da secagem é de fundamental importância para reduzir os níveis de contaminação. Mais de quatrocentas micotoxinas, conhecidas na atualidade, são produzidas por aproximadamente uma centena de fungos. As principais micotoxinas podem ser divididas em três grupos: as aflatoxinas, produzidas por fungos do gênero Aspergillus como A. flavus e A. parasiticus; as ocratoxinas, produzidas pelo Aspergillus ochraceus e diversas espécies do gênero Penicillium; e as fusariotoxinas, que possuem como principais representantes os tricotecenos, zearalenona e as fumonisinas, produzidas por diversas espécies do gê- nero Fusarium (PINTO & VAAMONDE, 1996).
As principais micotoxinas e órgãos alvo na espécie suína são: aflatoxinas no fígado; zearalenona no sistema reprodutor; ocratoxina A nos rins; fumonisinas no pulmão; e tricotecenos no trato digestivo. O aparecimento de sinais de intoxicação está intimamente relacionado à dose e tempo de consumo de cada toxina. Aproximadamente 90% das intoxicações são crônicas e não apresentam sinais clínicos específicos, podendo ser facilmente confundidos com desnutrição, deficiência de manejo ou outras doenças crônicas que implicam na diminuição da produtividade dos animais. Poucas vezes as micotoxicoses se manifestam como doença aguda, culminando com a morte dos animais. Métodos terapêuticos apresentam baixa eficiência no sentido de diminuir o impacto das intoxicações. Medidas preventivas, amplamente empregadas, apresentam boa eficácia e custo benefício extremamente favorável (Paulo Dilkin- Departamento de Microbiologia/ICB/USP).
A micotoxicose implica em enormes prejuízos de ordem econômica, sanitária e comercial, principalmente, pelas suas propriedades anabolizantes, estrogênicas, carcinogênicas, mutagênicas e teratogênicas (HAYES & CAMPBELL, 1986). Porém, o maior problema das micotoxicoses é atribuído aos prejuízos relacionados aos diversos
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