ANÁLISE DA ÁGUA DISPENSADA PELOS SISTEMAS DE TRATAMENTO EM UNIDADES DE HEMODIÁLISE E SEU POSSÍVEL REUSO

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segmentos econômicos que utilizam ou poderiam utilizar água de reúso no país, sendo incrementada por necessidade devido à crise que atinge principalmente os centros urbanos (SANTOS, 2012).

Contudo estudos acerca do reaproveitamento e ou reutilização da água têm apontado caminhos para solução da escassez e possível falta da oferta deste recurso.

Indústrias e países estão reduzindo o consumo através da conservação e reutilização, o que reduz também a poluição de recursos hídricos. O propósito é preservar e ao mesmo tempo integrar o crescimento econômico, reduzindo gastos, demanda e consumo, investindo no tratamento e reaproveitamento dos recursos naturais. Como exemplo, temos a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), e o Sindicato da Construção Civil paulista que publicou o Manual para Conservação e Reuso de Água na Construção Civil (BATISTA JÚNIOR; ROMANEL, 2013; LIMA et al, 2011).

O Programa de Pesquisa em Saneamento Básico (Prosab) estuda a possibilidade de reaproveitamento das águas oriundas das residências para reutilizar na construção de edificações para fins não potáveis, visto que as redes de esgoto poderiam ser adaptadas, aumentando a viabilidade econômica do reúso no país, mas também seria necessário rever os padrões tecnológicos e as práticas de saneamento básico (LEONETI; PRADO; OLIVEIRA, 2011).

Outro exemplo brasileiro de reaproveitamento é a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) que já adota o processo de reúso há 18 anos. Hoje, todas as estações de tratamento de esgoto da empresa tem seus processos operacionalizados através dessa água de reúso. Em Israel utiliza-se 80% de todo esgoto produzido nas atividades agrícolas e de piscicultura, e a cidade do México irrigam 80 mil hectares com esgoto bruto (SAMPAIO, 2006).

A Hemodiálise é um processo de filtragem e depuração de substâncias indesejáveis do sangue, extracorpórea, através de um rim artificial, em pacientes com insuficiência renal crônica ou aguda, já que o organismo não consegue eliminar as substâncias metabolizadas em excesso, devido à falência dos mecanismos excretores renais. O rim artificial (máquina de hemodiálise) bombeia o sangue por algumas horas, várias vezes por semana, através de um acesso vascular, por canais sanguíneos muito pequenos ligados por uma membrana delgada de celofane. No outro lado desta membrana há um líquido dialisador composto por água tratada em um centro específico após ser captado do sistema de distribuição municipal ou de postos artesianos, que se junta a componentes químicos (de constituintes parecidos com o plasma normal do sangue) essenciais para que o processo ocorra sem riscos ao portador de doença renal, e desta forma por difusão, as substâncias indesejadas do sangue são eliminadas (SMELTZER, 2011).

Conforme afirma Coelho, Fernandes e Holanda (2009), uma das exigências para a água adotada para o tratamento de hemodiálise, é que esta deve ser potável, e por técnicas de osmose reversa e/ou deionização que são as técnicas mais utilizadas para que possa atingir a qualidade recomendada para o uso no tratamento dialítico. Esta prática estabelece um custo em volume de água que é desprezado geralmente diretamente à coleta de esgoto público. O centro de tratamento de água para hemodiálise também passa pelos processos de desinfecção e manutenção dos circuitos de água, bem como medição de concentrações físico-químicos e bacteriológicos periódicas, controlando pH e concentração de cloro, que levam ao desprezo de água. As diversas etapas do sistema de tratamento, armazenagem e distribuição da água para hemodiálise devem ser realizadas em sistemas especificados e dimensionados de acordo com diretrizes orientadas pela vigilância sanitária. Neste processo a água captada pelo serviço de abastecimento deve passar por um processo de tratamento para que adquira as características exigidas pela legislação, e durante este há um custo em volume alto direcionado ao desprezo, resultando em um processo de alto impacto ambiental no que se refere à produção de dejeto. Neste caso uma água com características impróprias para o consumo humano direto, porém, reutilizável em outras situações. Reforçamos que existe a possibilidade de reúso direto em sistema de irrigação, construção civil, serviços de limpeza, etc.

JUSTIFICATIVA

A abundância hídrica e a importância da água na economia brasileira agroexportadora arremeteu o país à condição de usuário indiscriminado deste recurso. Acerca de sua importância. Phillippi et al (2014), afirmam que a água é um recurso natural essencial, seja como componente de seres vivos, seja como meio de vida de várias espécies vegetais e animais, como elemento representativo de valores socioculturais e como fator de produção de bens de consumo e produtos agrícolas. Acerca da fragilidade hídrica, o Relatório sobre Desenvolvimento Humano (PNUD, 2005) estimava que, em 2025, o número de pessoas que vivem em países submetidos à fragilidade hídrica passará de cerca de 700 milhões atuais para três bilhões. Hoje, mais de 1,4 bilhões de pessoas vivem em bacias hidrográficas nas quais a utilização da água excede os níveis mínimos de reposição, conduzindo assim à dissecação dos rios e ao esgotamento das águas subterrâneas.

Tendo em vista o grande volume de água dispensado pelas unidades de tratamento para adequação da água para realizar as sessões de hemodiálise, o funcionamento das unidades de tratamento de forma contínua 24 h diária, o desperdício de água pode atingir grandes volumes que são lançados nos sistemas de captação de esgoto.

Bacias hidrográficas a cada dia mais degradadas e o racionamento é uma realidade vivida principalmente nos grandes centros urbanos nos quais consequentemente se encontram a maioria das unidades que realizam hemodiálise. Analisar as características físico química da água após o processo de tratamento é importante dimensionar o seu possível reúso, que pode ser para o uso dentro da própria instituição hospitalar, bem como destinar para utilização na construção civil, irrigação na agricultura e em um processo que a torne possível de adequações à potabilidade, é de grande relevância e importância o desenvolvimento deste estudo e levar a diante o processo, embora a curto prazo fator econômico não é o objetivo principal, mas sim o volume de água deve ser considerado relevante do ponto de vista ambiental, o que resulta em uma analise mais profunda desta proposição.

OBJETIVO

Este estudo vem propor a reutilização da água do centro