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BREVE HISTÓRIA DOS SISTEMAS EDUCACIONAIS

Por:   •  9/6/2018  •  6.811 Palavras (28 Páginas)  •  372 Visualizações

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Para que tais conhecimentos fossem transmitidos o suporte escrito era amplamente utilizado, fazendo com que esses textos compusessem parte de uma literatura sapiencial e muitas vezes profética, similares aquela que pode ser encontrada na bíblia. Assim como no texto bíblico, os ensinamentos eram apresentados em uma perspectiva caso a caso, oferecendo algum comentário generalizador ao final, como que uma “moral da história”.

Apesar das referencias a leitura e a escrita como ferramentas fundamentais desse processo de aprendizado, não é claro se essa classe dominante efetivamente possuía o domínio dessas ferramentas, ou se tal função era desempenhado por terceiros especializados. A segunda opção parece mais provável, principalmente quando notamos a profissão de escriba, um ofício focado incialmente especialmente na leitura e escrita.

Na idade feudal egípcia (de 2190 a.C. à 2040 a.C.) surgem os primeiros relatos de ensinamentos físicos ministrados de forma estruturada. Mais uma vez eles eram restritos as classes dominantes e juntamente com os ensinamentos intelectuais do falar compunham o conteúdo do sistema educacional da elite.

Dessa época também datam registros do “Kap”, uma instituição para os não nobres e não destinados a cargos políticos. Baseada nos conhecimentos já produzidos e na construção de uma tradição de ensino, podemos identifica-la, como a primeira escola propriamente dita, construída a partir da institucionalização da transmissão do conhecimento.

Com o enfraquecimento do controle de um governo central e a impulsão gerada pela disseminação do conhecimento em massa passou-se a reconhecer um maior espaço baseado nas realizações, em detrimento unicamente das posições de nobreza. É importante ressaltar , no entanto, que quando se fala em educação massiva no Egito, assim como em muitas culturas posteriores, esta se limitando essa definição aqueles que possuem um ofício familiar. Quanto as demais pessoas, que não possuíam um domínio de nenhuma técnica específica ou ofício, não era alvo de nenhuma espécie de forma estruturada de transmissão do conhecimento.

Como resposta a esse movimento, as classe dominantes começaram também a manifestar uma reação clara ao processo de disseminação da arte da palavra feita nas escolas para os não nobres. Visto como principal arma para a conquista do poder, o conhecimento da oratória não era mais detido unicamente pelos governantes. Esse movimento de apropriação do discurso por novas classes sociais passou então a ser fortemente condenado, pois apresentava alto risco político para a classe dominante.

Concomitantemente ao desenvolvimento desse novo sistema educacional o domínio da palavra, de forma isolada, começa a perder espaço, e a escrita passa a ser fundamental nos processos educacionais tanto dos nobres como de outras classes. Com isso, a posição de sapiência se desloca de forma cada vez mais acentuada daquele que tem experiência e inteligência, para aquele que absorveu os conhecimentos antigos através da leitura.

Acompanhando essas mudanças podemos ver também uma transição no foco do ensino para um abordagem mais técnica, que englobava novos conteúdos como conhecimentos científicos/intelectuais. Não era mais importante somente deter o conhecimento como também conseguir utiliza-lo nas atividades praticas. Para essa educação mais técnica, o modelo de ensino se baseava na repetição de exemplos até que os seus mecanismos estivessem decorados. O raciocínio, a justificativa e a discussão se reservavam aos níveis superiores de estudo.

Nesse momento. Surge também a primeira discussão registrada a respeito do modelo ideal de educação contrapondo o ensino severo e comandado pelos adultos ao ensino mais permissivo, focado nas habilidades naturais e interesses dos jovens.

Com a ampliação da educação para além do aspecto político reservado aos nobres através da institucionalização e da prestação dos serviços educacionais para outras classes, o ofício de escriba passou também a ter maior destaque no âmbito social egípcio. Como um comandante da burocracia do império, o escriba ganhou uma função de prestígio e autoridade.

Frente a ascensão de outras castas a postos de relevância na estrutura da autoridade egípcia e a ampla disseminação do conhecimento entre diversas classes, os nobres se viram obrigados a incorporar o sistema educacional a suas agendas. A gestão das escolas e a institucionalização passou então ser um papel do estado que com isso, obteve uma ferramenta adicional para a enculturação da população. Um exemplo claro disso, foi o uso da educação institucionalizada como forma de construir uma imagem de nação, frente a ameaça de outros povos.

- Grécia

A educação Grega manteve diversos aspectos similares aqueles encontrados no Egito. O sistema continuava a ser divido por classes sociais, mesmo que isso ocorresse de forma menos rígida do que no país africano devido a um movimento de democracia educativa.

O sistema educacional se dividia entre a escola para as classes superiores, focada nas questões políticas e militares, e o aprendizado a partir da repetição e da realização do trabalho, aparentemente similar com a segunda fase da educação prática primitiva, apresentada por Monroe, para os produtores subservientes ao governo. Já para as classes excluídas socialmente, não havia nenhum tipo de treinamento ou formação, restando apenas a aculturação proveniente das classes dominantes.

Com o tempo duas correntes principais que tratavam da transmissão do conhecimento na Grécia entraram em choque: uma tradição Homérica, ligada aos deuses, as habilidades inatas e aos grandes mestres conselheiros através da palavra, e a de Hesíodo, baseada no aprendizado, a excelência adquirida e a educação.

Apesar de divergentes, essas duas correntes se focavam particularmente nos aspectos físicos da formação, concetrando-se no desenvolvimento de guerreiros e atletas, que mediante suas proezas físicas se tornariam sábios. Outro conteúdo amplamente ensinado era a música. Ela servia com ferramenta de enculturação e ajudava a propagar os conhecimentos e a moral grega.

A partir desse embate entre esses dois modelos, o foco no aprendizado da técnica e na educação em si se tornam cada vez mais fortes. Esse movimento foi acompanhado por uma mudança na sociedade como um todo, que passou a basear seu entendimento em uma concepção mais meritocracia, na qual as habilidades aprendidas eram respeitadas e valorizadas. Com isso, houve um aumento no grau de mobilidade social, decorrente

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