A Visão dos empreendedores
Por: Sara • 5/12/2018 • 3.851 Palavras (16 Páginas) • 269 Visualizações
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O projeto Esperança, com uma história de mais de vinte anos, tornou-se uma fonte de aprendizado e de experiência coletiva de pessoas que sonharam e acreditaram em um futuro promissor de melhores condições de vida e uniram seus esforços e competências para viabilizar um empreendimento, solidário e sustentável, gerador de trabalho e renda.
Entre as múltiplas atividades do Projeto Esperança/Cooesperança destaca-se a Feira do Cooperativismo de âmbito nacional e internacional, abrangendo a América Latina. Nesse contexto situa-se o problema da presente pesquisa assim formulado: quais as características dos empreendimentos econômicos solidários presentes no evento e quais os resultados da feira de comercialização e das atividades formativas e culturais realizadas em Santa Maria?
O desenvolvimento tecnológico possibilitou novas alternativas de produção, lazer e consumo, criou novos mercados, mas também ocasionou problemas como o desemprego, a pobreza e a fome. Contribuíram para aumentar a força de trabalho ociosa nas cidades os fatores econômicos e sociais, o êxodo rural, a evolução da tecnologia e o advento da era da informática. No início do século XXI verifica-se um fraco desempenho da economia mundial, fazendo com que as perspectivas de mudanças no mercado de trabalho não sejam otimistas. O empobrecimento generalizado tende a multiplicar as crises sociais, cuja solução exige uma mudança radical nas maneiras de ver o mundo e de nele atuar (AKTOUF, 2004).
Diante dessa realidade as cooperativas de trabalho tornam-se importantes alternativas para amenizar a escassez de trabalho e desemprego. Pode-se dizer que são animadoras as perspectivas de crescimento destas cooperativas para a criação de trabalho e renda.
Frente ao problema da pobreza no Brasil torna-se urgente um desenvolvimento sustentável para assegurar trabalho e renda à crescente população excluída do mercado de trabalho. O cooperativismo solidário está contribuindo para o desenvolvimento econômico e social absorvendo a força de trabalho dos setores informais, sendo incentivado pelo atual governo federal para eliminar o desemprego, a exclusão e a fome (PINHO, 2004).
O presente estudo pretende contribuir com o desenvolvimento e aperfeiçoamento do cooperativismo efetuado a avaliação da feira internacional realizada em Santa Maria. Pretende-se com a divulgação dos resultados do estudo incentivar novos empreendimentos no campo da economia solidária em outras localidades, sejam organizados e conduzidos com êxito na geração de trabalho e renda, fomentando atividades econômicas auto-sustentáveis.
2 Revisão de Literatura
2.1 Cooperativismo
O Cooperativismo pode ser focalizado como doutrina, teoria, movimento ou técnica de administração de cooperativas. Nesse sentido surgiu em fins do século XIX, em oposição às conseqüências do liberalismo econômico e outros sistemas econômicos. A doutrina cooperativa vem a ser uma proposta de mudança do meio econômico-social, de modo pacífico e gradativo, por meio de cooperativas.
Segundo Singer
A Economia solidária foi concebida como um modo de produção que tornasse impossível a divisão da sociedade em uma classe proprietária dominante e uma classe sem propriedade subalterna. Sua pedra de toque é a propriedade coletiva dos meios sociais de produção (além da união em associações ou cooperativas dos pequenos produtores, (SINGER, 2005, p.14).
Pinho explica o novo cooperativismo como uma designação de Paul Singer (Secretaria Nacional de Economia Solidária do Ministério do Trabalho e Emprego, do Governo Lula), “denominação utilizada pela vertente cooperativista brasileira de Economia Solidária” e complementa dizendo que “[...] tem como base a democracia na produção e na distribuição, a desalienação do trabalhador e a luta direta dos movimentos sociais pela geração de trabalho e renda, contra a pobreza e a exclusão social” (PINHO, 2004). Na economia solidária todos que nela trabalham são também seus donos, com os mesmos direitos de decisão sobre seu futuro e as mesmas responsabilidades sobre sobras ou prejuízos. Para seu funcionamento adequado, é essencial a união entre os associados, com um comportamento social pautado na solidariedade e não na competição. Propõe “a prática da solidariedade no campo econômico” (SINGER, 2005, p.15).
Singer assinala para seu sucesso uma nova mentalidade: “Mas, para que a construção da Economia Solidária complete-se, em nosso país, é fundamental que os praticantes aprendam que podem mudar o meio externo hostil, tornando-o amigável, pela difusão da Economia Solidária, pelos ramos que lhes são complementares” (SINGER, 2005, p.19). A seguir tira talvez sua principal conclusão: “A Economia Solidária é um passo decisivo “para além” esse aprendizado pela vivência, pois ela propõe a solidariedade não só como imposição da necessidade mas como opção consciente por outro modo de produção” (SINGER, p. 20).
Com relação à atualidade e importância dos empreendimentos solidários, Gaiger destaca sua qualidade em decorrência do “seu caráter multifuncional, sua vocação a atuar simultaneamente na esfera econômica, social e política, a agir concretamente no campo econômico ao mesmo tempo em que interpelam as estruturas dominantes” (GAIGER, 2003, p.139).
A vantagem do cooperativismo de economia solidária é a de apresentar alternativas para enfrentar a situação problemática desemprego, que vai se construindo de forma coletiva e criativa (PEDÓ, 2007).
A cooperativa é o principal instrumento de ação do cooperativismo. Pode ser entendida como uma associação cujo fim imediato é o atendimento das necessidades econômicas e sociais de seus associados. Salienta-se que essas sociedades quanto ao fim visam a correção de problemas do meio social e a prestação de serviços e quanto à forma caracterizam-se como organizações democráticas de pessoas. O modelo de cooperativa de trabalho vem aumentando a partir da década de 1990. Essas cooperativas no Brasil têm como justificativa de ordem econômica para sua implementação, tentar amenizar o problema do desemprego (VIEIRA, 2005).
2.2 O Projeto Esperança/Cooesperança
O Projeto Esperança teve como seu idealizador o Bispo de Santa Maria, Dom José Ivo Lorscheiter. Como estudioso, encontrou a obra “A pobreza, riqueza dos povos: a transformação pela solidariedade”, de Albert Tévoèdjeré, sociólogo africano. Preocupado com a situação social
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