A Gestão Esportiva
Por: Juliana2017 • 2/10/2018 • 7.221 Palavras (29 Páginas) • 296 Visualizações
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Paulatinamente, o futebol passou a compor o caldo esportivo e todo o mundo do negócio começou a enxergar no esporte um elemento muito forte de marketing, de publicidade e de propaganda dos mais diversos produtos, inclusive os que, em tese, não têm relação com o esporte, como as bebidas alcoólicas. Publicidade e ações de marketing passaram a envolver e a fazer parte do dia a dia dos times de futebol e de seus torcedores, o que o tornou em um grande negócio, com uma cadeia produtiva sofisticada que emprega dezenas de milhares de pessoas. O dinheiro flui em muitas direções, dos fãs aos provedores de TV paga, das ligas aos clubes. É uma convergência de prazer e negócio sem precedentes na humanidade.
O futebol apresenta características que o difere das demais atividades esportivas, sua capilaridade e processo de transformação em negócio é o tema desse trabalho, que visa contribuir com o entendimento da gestão dos clubes de futebol, procurando entender os fatores que influenciam a atividade a maximização dos resultados.
2 PROFISSIONALIZAÇÃO DO ESPORTE FUTEBOL
O futebol nasceu no auge da Inglaterra Revolucionária do século XIX. Dali por diante, em especial no último século, o esporte, foi obtendo adesão cada vez maior de pessoas no mundo todo e paralelamente se profissionalizando. Ao redor do planeta, as práticas esportivas, mesmo de forma amadora, foram se fortalecendo, seja por adaptação a um estilo de vida saudável, simples hábito ou estímulo por competição. Na verdade, “o esporte que conhecemos hoje é fruto de profundas transformações sociais ocorridas com o advento da chamada Revolução Industrial na Europa dos séculos XVIII e XIX, com origens, sobretudo, inglesas” (BETTI, 2004, p.17). Em um breve resumo, a expansão do esporte ocorreu no século XIX, após a Revolução Industrial, visto que até então, a prática de esportes pertencia a burguesia, que obtinha hábitos exclusivos a classe e utilizava-se da prática esportiva como forma de normatizar e disciplinar seus próprios filhos. Rosenfeld (1974) cita que neste período, o futebol era amador, elitista e racista, repercutido principalmente por padres da igreja católica, colégios de elite e clubes. Após as reivindicações da classe operária, que conquistara a redução da jornada de trabalho, o esporte foi aderido pela classe como uma forma de ocupação do tempo livre, no intuito de diminuir as tensões sociais.
Em mais de um século e meio de vida, o futebol também conta a história das sociedades em transformação.
O futebol foi gerado em uma circunstância sociopolítica especial na Inglaterra industrial do século XIX, cresceu e ganhou seguidores em meio a conflitos internacionais, complicados processos de expansão econômica e transformações geográficas. [...] ao mesmo tempo em que conquistava multidões compartilhou crises, aflições e ressurgimentos. (CARVALHO, 2013, p.232)
O século XX marca a expansão da prática do futebol, que foi se tornando consistente e impossível de ser contida ou enquadrada em algum sistema de desenvolvimento burocrático.
Atingia todas as camadas da população, era o futebol urbano jogado nas ruas, nos descampados, nos pátios das fábricas, nas vielas operárias e nos bairros distantes, mas também era o futebol rural, conquistando os pequenos núcleos do inteiros e o público jovem das comunidades distantes. (CARVALHO, 2013, p.73)
Naturalmente, houve também surgimento frenético de diversos clubes que seriam corresponsáveis pela construção da história do futebol. Em sua evolução o futebol passou a incorporar características do capitalismo, passando também a ter conexão mercadológica, se tornando competitivo e evoluindo para sua profissionalização, se tornando o objeto de consumo que representa atualmente.
O futebol chegou no século XXI aos seus cento e cinquenta anos abraçando o mundo. Introduzido no Brasil por Charles Miller no fim do século XIX, não demorou muito a se tornar a grande paixão nacional, no país inteiro ele move multidões e os clubes brasileiros são grandes exportadores de jogadores para todo o mundo. Atualmente o Brasil é referenciado como “o país do futebol”.
3 O FUTEBOL COMO NEGÓCIO
Especialmente nas últimas décadas o futebol viveu alucinantes avanços não só no processo de profissionalização e consolidação como esporte, mas também no tratamento como espetáculo e principalmente em sua gestão econômica. As práticas esportivas foram popularizadas, adaptadas ao sistema capitalista e moldadas a indústria do entretenimento, que aperfeiçoou sua mercantilização. Os jogos e competições são tratados como espetáculos. Proni (2002) destaca:
É importante ressaltar, que o esporte na sociedade capitalista assumiu um caráter ideológico e interesseiro na busca do rendimento financeiro pautado, entre outros aspectos, no consumo de roupas esportivas, na criação de complexos multinacionais esportivos e na exploração da imagem televisiva. Esses complexos patrocinam eventos esportivos com a intenção de elevar suas vendas e expandir seu capital, levando ao público consumidor o fetichismo da marca. A comercialização do espetáculo esportivo comprova que o objetivo do esporte de competição é o lucro, porque os organizadores e promotores se interessam, sobretudo pela rentabilidade econômica (PRONI, 2002).
Se em seus primeiros anos de vida o futebol era financiado basicamente pelas bilheterias, a partir da década de cinquenta e mais acentuadamente a partir dos anos oitenta e noventa houve uma revolução nos métodos de financiar a atividade e nos costumes de consumo de futebol.
Desde então, o futebol se transformou em uma ‘entidade’ única em matéria de volume de crescimento financeiro, arregimentou uma massa de seguidores que superou metade da população mundial e, se tivesse somados todos os recursos em torno de suas atividades, estaria entre as 15 maiores economias do planeta. Mais do que isso, mais de meio bilhão de pessoas tiram seu sustento direta e indiretamente das competições de futebol, das quais cerca de 280 milhões são jogadores e jogadoras, de acordo com dados de censo da FIFA. (CARVALHO, 2013, p. 276)
O futebol, com suas características apaixonantes, derrubou várias barreiras de comercialização, fundamentou suas bases como negócio sobre a revolução dos meios de comunicação e a descoberta do mercado publicitário. Ganhou dimensões dentro e fora de campo, despertou interesses econômicos, políticos e sociais, ultrapassou barreiras e viabilizou-se com um negócio extremamente rentável,
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