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A Coleção dos Salmos para Davi

Por:   •  3/9/2018  •  5.431 Palavras (22 Páginas)  •  516 Visualizações

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O saltério compreende 150 Salmos, cifra escolhida por seu simbolismo. Na realidade, há uma ligeira flutuação: os Salmos 9 e 10 formam um só, como os Salmos 42 e 43; os Salmos 14 e 53 são duplicados; o Salmo 108 é composto de duas metades de Salmos (Salmos 57 e 60) (Mannati, 1987, p. 8).

São 74 os Salmos atribuídos a Davi. Outros autores são: Moisés - Salmo 90; Salomão - Salmos 72, 127; Asafe - Salmos 50, 73, 83; Hemã - Salmo 88; Etã - Salmo 89; Filhos de Coré - Salmos 42, 44 a 49, 84, 85, 87. Os Salmos escritos por Davi ou para ele são setenta e quatro no total: (3-32; 34-41; 51-65; 68-70; 86; 101; 103; 108-110; 122; 124; 131; 133; 138-145).

Conhecer possíveis autores, as várias composições e as divisões do saltério, será um pano de fundo para um futuro aprofundamento do estudo dos Salmos, além de despertar o interesse para temas como oração, louvor, culto e adoração.

Convém dizer que, nos Livros Sagrados, Deus Pai se comunica amorosamente com seus filhos, conversa com eles e, como nos Salmos, proclamam essencialmente as palavras do homem a YHWH, o Deus de Israel. Por isso, os Salmos são, na sua essência, um reconhecimento, em forma de oração e de cântico, deste Deus da Aliança que Israel adora como o Único. Os Salmos são obras poéticas, nas quais se encontram vestígios de sentimentos e de prática religiosa, por meio de palavras e expressões relativas a um ambiente e contexto sociocultural determinado, e por isso, se entendem como uma literatura (Roeland, 2011, site).

O grande valor dos Salmos está no seu conteúdo, pois eles têm sido uma das maiores fontes de inspiração para a oração e adoração a Deus. Eles percorrem todas as escalas da experiência do homem com Deus, desde a mais profunda depressão até o mais exaltado êxtase de louvor. Os Salmos mostram o homem falando a Deus, abrindo seu coração e louvando-o em todas as circunstâncias por causa da sua fidelidade e misericórdia.

Os Salmos se constituem o livro mais conhecido da Bíblia. Além de serem hinos de adoração a Deus, expressam em palavras alguns dos mais angustiantes sentimentos com que nos deparamos. Têm inspirado poetas e escritores ao longo do tempo e continuam hoje a ser uma das porções bíblicas mais traduzidas. Suas letras eram musicadas para serem usadas na adoração no templo. O trabalho de Davi deu a tônica para a adoração dos israelitas durante muitas gerações.

Dentre os livros do Antigo Testamento o saltério foi aquele a que a comunidade cristã teve acesso mais direto e pessoal. O livro dos Salmos contribui para a edificação pessoal, como base da devoção familiar, como livro de consolação e oração, como guia para Deus nas horas de alegria e tristeza (Weiser, 1994, p. 9).

A tese mais aceita e difundida é que os Salmos retratam a literatura litúrgica de Israel. Por certo, sua origem, linguagem e uso são relacionados com o culto. O saltério serviu a necessidade que o povo de Israel tinha ao reajustar suas convicções religiosas e tradições proféticas, litúrgicas e sapienciais. Ele retrata tradições cúlticas anteriores a sua compilação e reforçam a concepção que tinham do se Deus libertador em circunstâncias tensas que Israel passou ao longo de sua história (Baumann, 2011, p.117).

Nos Salmos, transparece a situação da comunidade e do povo, tanto econômica, social, política, como ideológica; transparecem também suas crises, suas lutas, seus sofrimentos, sua fé, sua esperança, seu amor e suas tradições. O estudo dessa situação do povo ajuda a perceber-se a ligação que existe entre os Salmos e a vida de hoje, pois, na situação conflitiva do povo daquele tempo, podemos reconhecer algo de nós mesmos, homens contemporâneos, algo dos nossos problemas e conflitos (Freitas, 2003, p.44).

A diversidade dos salmos traz uma riqueza especial à sua qualidade como exemplos de adoração. Eles tratam de toda espécie de experiência humana. Falam de vitória e alegria, e de medo e perseguição. Refletem as emoções de homens espirituais gozando comunhão com o Criador, e de pecadores sentindo falta dele.

A seguir, veremos a teologia dos “Salmos para Davi”, alguns gêneros literários em que está composto o saltério de Davi. Suas definições e suas aplicações no dia a dia da comunidade israelita. Analisaremos também os Salmos messiânicos, sua influência nos evangelhos e aplicação nos dias atuais.

A Teologia da coleção dos “Salmos para Davi”

Os Gêneros dos “Salmos para Davi”

O quadro resultante das partes litúrgico-cúlticas do Saltério, analisadas do ponto de vista da história das tradições e do culto, é confirmado e complementado pelo estudo dos principais gêneros literários. Dentre os gêneros literários dos Salmos, os principais são: os hinos, as lamentações e as ações de graça. Este último gênero é aparentado com os dois anteriores pelo conteúdo e pela forma, e com muita frequência ocorre em conexão com a lamentação (Weiser, 1994, p. 33).

O gênero dos hinos, cuja forma Israel tomou do mundo circunvizinho, remonta ao início da formação do povo israelita. Estão incluídos na categoria de hinos os seguintes “Salmos para Davi”: 8, 19, 29, 65, 103, 145, como os assim chamados cânticos de Sião, que está incluído o salmo 122. Os hinos eram entoados no culto como forma de adoração do povo israelita a Deus. (Weiser, 1994, p. 33).

Como para a maioria dos gêneros dos Salmos, o contexto vital do hino foi o culto. Alusões ao lugar santo, em que é celebrada a presença de Iahweh perante a comunidade, a menção de procissão, dança e música, que acompanha o canto do hino e a citação direta da ordem da festa, não deixam dúvida de que hino e culto festivo são juntos (Weiser, 1994, p. 34).

Os hinos são cânticos de louvor, sempre endereçados a Deus, o grande realizador de maravilhas, o criador. Em princípio, é ao povo reunido para o serviço do culto que se destina esse convite de louvor; é, pois, natural que aí se fale de Deus. O louvor está relacionado com as palavras: celebrar, proclamar, cantar, narrar, festejar, engrandecer, exultar, alegrar-se, dançar, etc. Não podemos saber a que situação cultual precisa correspondiam os hinos. Sem dúvida, não havia ocasião específica, podendo os hinos acompanhar qualquer celebração festiva (Mannati, 1987, p. 28).

Os Salmos de louvor ou hinos destacam a bondade, a grandeza, a justiça, a força e a ação-presença de Javé na natureza e na história de Israel. O louvor é uma confissão das grandezas de Deus: o espetáculo da natureza; a atividade

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