Essays.club - TCC, Modelos de monografias, Trabalhos de universidades, Ensaios, Bibliografias
Pesquisar

O que significa ETHOS?

Por:   •  27/2/2018  •  6.765 Palavras (28 Páginas)  •  505 Visualizações

Página 1 de 28

...

Idéia de Bem apresenta três propriedades constitutivas: a proporção ou medida, a beleza e a verdade. A unidade ontológica do Bem definirá, nesta tríplice perspectiva, o horizonte de realização da existência moral:

- A medida - não se refere a uma norma externa ao sujeito à qual ele deva se conformar, mas “designa uma certa relação do sujeito a si mesmo, um modo de comportamento particular que carrega um nome: a moderação”

- A beleza - longe de ser um modelo estético fixo, ela aparece aqui como “forma aceitável na qual seu ser poderá se manifestar, pelos seus atos, em toda a sua transparência”

- A verdade - caracteriza o modo como o sujeito se engaja no projeto de se forjar a si mesmo como sujeito moral, de constituir para si uma existência digna do nome “boa”, reconhecida como moral. Em outros termos, a verdade designa o caráter de autenticidade daquele que busca para si uma existência moral.

A articulação destes três princípios, portanto, irá presidir aquela harmonização das diversas partes da qual se constitui a vida humana, ou seja, o prazer e o intelecto, num todo coeso, numa “medida determinada”, guiando o homem em suas ações.

Pode-se, assim, dizer que a filosofia moral de Platão está em total conformidade com sua Teoria das Ideias, a qual pressupõe um abandono progressivo dos sentidos na apreensão da essência das coisas.

Do mundo Ideal é que retiramos o conceito de Justiça e pela razão devemos apreendê-lo e praticá-lo na vida em sociedade.

-

A Ética das Virtudes de Aristóteles

A concepção platônica da vida boa, concordando quanto à ideia de que o prazer não constitui o bem maior para o homem.

A crítica de Aristóteles à moral platônica terá como alvo esta estrutura na qual está fundada sua concepção do ideal de Bem, fundamento a partir do qual uma vida pode ser avaliada e distinguida como “boa”, isto é, como moral.

Para Aristóteles, a questão do que é o bem para o homem não se resolve pela busca de um tipo ideal de vida boa, na qual teriam os homens que inspirar-se, o bem para o homem é sempre decidido em situações já dadas, numa determinada cultura, num determinado tempo histórico, enfim, no horizonte de um determinado ethos, e aí nenhuma teoria geral do bem pode oferecer respostas adequadas, ou respostas últimas para cada situação.

O homem age sempre em contextos concretos, nos quais, a cada vez, ele é chamado a posicionar-se, a dar respostas, a decidir o que é o melhor a ser feito. Ora, nenhuma escolha que ele deva fazer pode ser deduzida de uma Ideia universal do Bem, se é que ela existe. As escolhas humanas variam de acordo com o contexto e, portanto, o que é o bem, ou o que é a escolha boa, depende dos fatores implicados em cada caso. Daí surge também a dificuldade de se pensar a ética como ciência

Isso significa que o sujeito ético não tem diante de si, ao agir, um modelo ético universalmente válido, ou seja, válido independentemente da situação concreta na qual se encontra e age. Assim, não basta “aprender” o que é o bem para tornar-se ético. O sujeito ético deve desenvolver uma capacidade prática ou sagacidade (é isto o que significa a phrónesis que o possibilite a agir com retidão

-

O bem supremo do homem: a felicidade

Em suas ações, o homem sempre tende a fins que correspondem ao bem. Contudo, nem todos os fins dispostos para a ação equivalem em importância. Por vezes, buscamos certos fins (relativos) em vista de outros mais elevados. Mas esse processo deve ter um termo: todos os nossos fins e propósitos estão em função de um fim último e de um bem supremo. O homem tem seu ser no viver, no sentir e na razão. É, no entanto, a vida virtuosa aquela que possibilita ao homem viver racionalmente.

-

As virtudes éticas

As virtudes éticas no homem resultam do hábito: o que é próprio do homem é que ele é capaz de estabelecer fins que visem à justiça e, pelo exercício, de atualizar esse bem. Assim como não existe virtude fora de uma vida virtuosa, não existe justiça senão na realização do que é justo. Agindo com justiça, o homem desenvolve o senso de justiça, tornando-se apto a agir justamente em outras circunstâncias.

Para Aristóteles, o contrário da virtude é o excesso, ou demais ou de menos. Portanto, virtude implica a idéia de uma justa medida (o justo meio entre extremos, dos quais um é por falta e outro por excesso).

- As virtudes dianoéticas ou intelectuais

São as virtudes da parte mais elevada da alma, a alma racional. Sendo duas as funções da alma, cada qual terá uma perfeição e virtude própria:

- Razão prática (aquela que conhece as coisas contingentes e variáveis): sagacidade / prudência (phrónesis), saber deliberar sobre o que é bem ou mal para o homem.

Esta virtude tem o fundamental papel de auxiliar o homem na determinação dos meios idôneos para se alcançar os verdadeiros fins; é, portanto, uma virtude que capacita o homem na direção de sua vida prática.

- Razão teórica: aquela que conhece as coisas necessárias e universais. Esta nos conduz à sabedoria (sophia [σοφία]). Ela é superior porque, ao contrário da prudência (que está ligada ao que há de mutável no homem), a sabedoria diz respeito ao que está acima do homem, ao que é mais elevado do que a condição dos seres vivos.

Se um homem pretendesse dedicar-se apenas ao cultivo de sua razão, negligenciando a sabedoria prática - a sagacidade /prudência (phrónesis) -, estaria em contradição com sua própria inteligência, a qual é exigida em toda tomada de decisão. A sabedoria é superior à sagacidade, mas não oposta a esta, pois o homem sábio é também sagaz e ele não pode pretender ser uma coisa sem ser também a outra.

Esta sabedoria prática ou sagacidade, que nos permite determinar um fim bom enquanto realizável na prática, buscando então eleger o melhor meio para tal fim, mostra-nos que não basta decidir quanto ao que é bom para dizermos que tal ou tal ação seja ética.

Um sujeito não é ético porque busca realizar ,em suas ações, algo (pro)posto como sendo um bem em si, mas porque é capaz de entrever o bem que deve ser, algo que, realizável na prática, revele

...

Baixar como  txt (42.8 Kb)   pdf (97.1 Kb)   docx (35.5 Kb)  
Continuar por mais 27 páginas »
Disponível apenas no Essays.club