O ESTUDO DA UNIDADE FRASEOLÓGICA “CHUVA DE PEDRA” NAS CAPITAIS DA REGIÃO NORTE DO BRASIL COM BASE NO CORPUS DO PROJETO ALiB
Por: Essays.club • 24/12/2018 • Projeto de pesquisa • 3.136 Palavras (13 Páginas) • 472 Visualizações
Estudo Da Unidade Fraseológica “chuva De Pedra” Nas Capitais Da Região Norte Do Brasil Com Base No Corpus Do Projeto Alib
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ESTUDO DA UNIDADE FRASEOLÓGICA “CHUVA DE PEDRA” NAS CAPITAIS DA REGIÃO NORTE DO BRASIL COM BASE NO CORPUS DO PROJETO ALiB
Ana Rita Carvalho de Souza (PIBIC / CNPq)
Marcela Moura Torres Paim (UFBA)
Resumo: Neste trabalho se apresenta um dos aspectos de que se ocupa o Projeto Atlas Linguístico do Brasil (ALiB), o léxico do português brasileiro. Dessa forma, investigam-se as unidades fraseológicas referentes aos campos acidentes geográficos, astros e tempo e fenômenos atmosféricos, nas capitais Macapá, Boa Vista, Manaus, Belém, Rio Branco e Porto Velho, pertencentes à região Norte. O Projeto ALiB é um empreendimento de grande amplitude, de caráter nacional, em desenvolvimento, que tem por meta desenhar, de maneira imparcial, dentro do que lhe é possível, o português falado no Brasil, e após a publicação de seus dois primeiros volumes algumas considerações iniciais já podem ser feitas sobre a diversidade de usos vinculada a áreas específicas, mas também relacionada a fatores sociais. A metodologia empregada busca verificar o aparecimento dessas unidades em termos diatópicos, diassexuais, diastráticos e diageracionais. Dessa forma, a análise dos inquéritos investigados busca estudar denominações como, por exemplo, chuva de granizo, chuva de gelo, chuva de neve, presentes no repertório linguístico dos informantes com o intuito de verificar a documentação da diversidade lexical do português falado no Norte do Brasil, seguindo os princípios da Dialetologia Pluridimensional em que o registro segue os parâmetros geográficos e sociais.
Palavras-chave: Variação lexical. Fraseologismo. Chuva de granizo. Região Norte.
Introdução
Para iniciar a análise proposta é preciso ressaltar um conceito breve para os fraseologismos. De acordo com Monteiro-Plantin (2014), os estudos fraseológicos no Brasil estão consolidados em uma significativa produção científica, porém as unidades fraseológicas seguem marginalizadas no ensino de língua materna. Com isso, optamos pela denominação Unidades Fraseológicas (UF’s), para designar as sequências linguísticas que constituem o objeto de estudo da Fraseologia, por considerarmos tal hiperônimo suficiente para abarcar sentenças proverbiais, expressões idiomáticas (EI), pragmatemas e fórmulas situacionais, colocações, locuções fixas, frases feitas, clichês e chavões.
As UF’s encontradas no corpus do Projeto ALiB sinalizam que ao invés de pobreza de vocabulário, seu uso representa parte do conhecimento linguístico do falante e que elas são mais comuns do que se pode imaginar. Elas também nos permitem conhecer a realidade linguística brasileira, referente à utilização das UF’s, tanto na perspectiva diatópica quanto diassexual, diastrática e diageracional a partir da constituição da base desse dado no campo semântico fenômenos atmosféricos. Sabe-se que o ALiB é um projeto de amplitude nacional no campo da Geolinguística Pluridimensional, com isso pretende-se observar a importância quantitativa e qualitativa das UF’s observadas para a lexia em questão, em função da descrição lexical.
Durante as análises, também, é possível identificar e estudar em que dimensão o fenômeno da colocação atua na idiomaticidade da língua ou de suas variantes e como se coloca o português brasileiro com relação à lusofonia de um modo geral, assim almeja-se individualmente evidenciar as comunidades de fala que fazem uso das UF’s em seu cotidiano, como elas ocorrem, por que ocorrem e em paralelo traçar um perfil de uso dessas unidades, comparando futuramente dados deste corpus com outros dados apresentados por outros pesquisadores em uma tentativa de desenhar mais objetivamente possível o português falado no Brasil, principal meta norteadora do ALiB.
As unidades fraseológicas na perspectiva da corrente francesa
Hoje, no Brasil, existem duas grandes correntes de pesquisadores que se debruçam nos estudos fraseológicos. Uma segue a corrente espanhola que se dedica a estudar os provérbios e sua constituição, bem como seu uso e compreensão pelos falantes de determinada língua. A outra segue a corrente francesa, adotada por Salah Mejri, e que expande o objeto de estudo da fraseologia para muito além dos provérbios, adotando como principal critério, para a consideração de um elemento como Unidade Fraseológica (UF), o da polilexicalidade.
Mejri se dedica ao estudo do processo de fixação (figement) destas unidades, contemplando vários elementos e elucidando como o processo de fixação de unidades sintagmáticas livres tornam-se unidades sintagmáticas que não podem ser dissociadas. Sendo assim,
Le figement est en effect important à plus d'une trite: il engage toutes les dimensions du système Linguistique (phonétique, syntaxe, morphologie, prosodie, sémantique, etc.). Une séquence (...) couramment employeé dans la conversation de tous les jours, illustre parfaitement l'imbrication de tous les niveaux que nous venons que mentionner. (MEJRI, 1997, p. 23)[1]
Esta sequência tratada pelo autor é o que chamamos aqui de Unidade Fraseológica, o alvo deste estudo, mas para completar esta análise, a fixação não é analisada isoladamente, considera-se também a estabilidade dessas unidades léxicas e o grau de idiomaticidade, além de observar se elas são utilizadas de maneira convencional em contextos precisos, com objetivos específicos ainda que involuntariamente. A principal característica destas unidades é o grau de coesão, que é absoluto, ou seja, os elementos que constituem a expressão perdem sua significação individual e o conjunto recebe uma nova significação que pode ter alguma relação com as significações anteriores ou não. Mejri (2016) afirma que esta sequência é dita cristalizada se ela encontra uma fixidez total ou parcial de regras da combinatória sintagmática e da comutatividade paradigmática. Para Sfar (2015), a fixidez é o processo pelo qual as formações sintagmáticas têm no seu conjunto, sintaxe interna correlacionada com o significado global, ou seja, não se pode analisar uma unidade fraseológica através de seus itens isoladamente, mas todos juntos como se fosse uma estrutura só. Este critério, seguido da polilexicalidade, é que dão norteamento e justificam porque as unidades aqui analisadas são consideradas Fraseologismos.
Durante o processo de comunicação, os falantes
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