O Corpo e a Sexualidade
Por: Lidieisa • 16/4/2018 • 1.483 Palavras (6 Páginas) • 408 Visualizações
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Posteriormente, com o intuito de provocar-nos sobre as normas sexuais, é exposto o caso de uma pessoa hermafrodita (intersexual) Herculine Barbin ou Alexine que por ter um corpo aparentemente masculino e que, devido a preocupação de doutores, advogados e outros especialistas em classificar e fixar diferentes características e tipos sexuais, ela teve de se tornar “ele”. Isso mostra o poder, que classifica as pessoas de acordo com as verdades evidenciadas em seu corpo.
A sexualidade se modela a partir das nossas concepções subjetivas e da sociedade, que se baseia nas práticas voltadas para a saúde, bem estar, higiene, segurança e crescimento econômico mostrando a preocupação com o disciplinamento do corpo e a vida sexual dos indivíduos. O autor discorre sobre vários períodos da história em que a sexualidade estava presente, mostrando sua importância e as razões para isso, contudo, os debates acerca desta são recentes, e versam sobre a moralidade e o comportamento sexual.
São interseccionalizadas as forças sociais de classe, gênero e raça modeladoras da sexualidade e dos comportamentos sexuais, tais forças abrem caminho para o desenvolvimento de novas identidades sexuais. A classificação da sexualidade se deu pela burguesia que visava diferenciar-se das classes menos favorecidas (tidas como imorais), impondo a norma de julgamento pelo comportamento, ou seja, a burguesia era formada por famílias, sem a possibilidade de homossexualismo, relações extra-conjugais.... de promiscuidade. Entretanto, a classe operária continuou resistente ás condutas da classe média, os padrões sexuais atuais são reflexos das lutas sociais nas quais a sexualidade e as classes estão ligadas.
As classes são formadas por homens e mulheres, sabe–se que as classes sociais são permeadas por diferenças que não tem o mesmo significado para homens e mulheres, entretanto, a diferença de gênero é marcada pela relação de poder, é exemplificada a sexualidade feminina demarcada pelo poder masculino imposto. Ao longo do tempo houveram mudanças nos modos como se percebe o corpo masculino e o corpo feminino, antigamente entendido como um “único corpo”, e neste contexto o corpo da mulher, claro, era inferior ao masculino e visto como o processo de reprodução. Só no século XIX que se enfatizou a existência de dois corpos diferentes, denotando a oposição das sexualidades masculina e feminina. Mesmo que a dominação masculina esteja ainda presente, as mulheres modelam suas atitudes, defendem seus pontos de vista, como por exemplo, a negação a procriação (reprodução) e mostram que existem ainda os privilégios sexuais masculinos, mas que não são inevitáveis.
Com relação a raça e a sexualidade, se fala muito sobre a reprodução, a procriação, a importância que se dava a isso em determinados momentos históricos, com intuito de classificar as pessoas, a eugenia era muito forte e os negros e os operários (classes menos favorecidas) eram vistos como desqualificados em relação ao progresso social, inclusive as relações sexuais eram proibidas em determinados grupos sociais, posteriormente é apresentada a citação de duas feministas negras que fazem uma critica as feministas brancas que analisam suas histórias de vida a partir de dados romantizados e não levando em consideração toda a história do povo negro.
A linguagem usada para descrever a sexualidade é examinada, a partir do contexto em que surgiram os termos “heterossexualidade” e “homossexualidade” que hoje tomamos como dado, como naturalizado. Os termos surgiram ao se colocar em pauta na Alemanha a questão da reforma sexual, o que observei a partir da leitura do texto é que a intenção principal era definir um termo para uma anomalia, a homossexualidade era vista como uma forma distintiva de sexualidade, como sodomia (pecado), contudo mais tarde esta definição tornou-se uma descrição médico-moral. Ser heterossexual era a norma que de tão institucionalizada, tornava a relação homem-mulher quase que compulsória.
A sexualidade é bastante impactante nas lutas sociais, talvez, porque buscamos entender o sentido da sexualidade em nossa cultura, como pensamos o sexo em nossas vidas e nossos relacionamentos, essa disposição crescente de reconhecimento da enorme diversidade de crenças e comportamentos sexuais provocou o debate a respeito do modo como lidar com isso na política social e na prática pessoal.
O autor termina seu texto colocando em pauta os paradigmas quebrados em virtude da sexualidade, sobre tudo, na família, que era tida como tradicional e quase que compulsória, a sociedade não aceitava mães e pais solteiros, o divórcio e a vivência de uma nova relação, penso que atualmente estas questões ainda não são de aceitação da maioria, mas quem vive estas situações pode se permitir um novo recomeço. Ao tratar do vírus do HIV e a AIDS, mostra como a sexualidade define e de certa maneira controla, os primeiros infectados pelo vírus foram os homossexuais, pobres e negros dando margem ao contínuo preconceito e discriminação que a sociedade impôs aos que eram diferentes por
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