Malária, doença veiculada ao mosquito
Por: Lidieisa • 22/4/2018 • 2.405 Palavras (10 Páginas) • 320 Visualizações
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e do tratamento
antimalárico, a mortalidade ainda é de cerca de 20%, nos países desenvolvidos, podendo
atingir 80% nos que cursam com síndroma de dificuldade respiratória do adulto (SDRA)1
.
Os dados disponíveis relativos a casos de malária em UCI são escassos, porque a doença
ocorre geralmente em países tropicais e subtropicais que têm graves carências neste tipo de
unidades. Neste artigo pretende-se rever o perfil clínico e a abordagem terapêutica dos
doentes com malária admitidos numa UCI.
Material e métodos
Os processos clínicos dos doentes com malária admitidos na Unidade de Cuidados Intensivos
Polivalente (UCIP) do HSAC, de Julho de 1991 a Agosto de 2001, foram analisados
retrospectivamente.
Para definir malária grave ou complicada, foram utilizados os critérios da Organização
Mundial de Saúde (OMS) de 19902
que incluem, na presença de formas assexuadas de
Plasmodium falciparum no sangue, um ou mais dos seguintes: 1) Coma (score de Glasgow
=8) e/ou convulsões; 2) Anemia grave (hemoglobina <5g/dl ou hematócrito <15%); 3)
Insuficiência renal aguda (creatinemia >3 mg/dl) ou oligúria (diurese <400 ml/24 horas); 4)
Hipoglicemia (glicemia <40 mg/dl); 5) Acidemia (pH arterial <7,25) ou acidose (bicarbonato
sérico <15 mmol/L); 6) Choque com tensão arterial sistólica <70 mmHg e hipotensão
persistente (TA sistólica <90 mmHg), apesar de reposição adequada de volume; 7)
Hemorragias espontâneas e/ou evidência de coagulação intravascular disseminada (CID) com
taxa de protrombina inferior 70%, tempo parcial de tromboplastina superior a 1,2 vezes o
limite superior do normal e fibrinogénio inferior 2 g/l; 8) Edema pulmonar / SDRA definido
segundo os critérios internacionais como o início agudo de infiltrados pulmonares bilaterais
com quociente PaO2 / FiO2 igual ou superior a 200, independentemente do nível de PEEP
(positive end expiratory pressure), na ausência de clínica de hipertensão auricular esquerda ou
de pressão capilar pulmonar igual ou superior 18 mmHg3
.
Os indíces de gravidade utilizados nas primeiras 24 horas de internamento na unidade foram o
APACHE II (Acute Physiology and Chronic Health Evaluation)
4
e o SAPS II (Simplified
Acute Physiology Score)
5
. Para avaliação da disfunção de órgão utilizou-se o SOFA
(Sequential Organ Failure Assessment)
6
, tendo-se determinado a pontuação máxima e o dia
da sua ocorrência para cada uma das seis falências consideradas.
Resultados
De Julho de 1991 a Agosto de 2001 foram admitidos nove doentes com malária a
Plasmodium falciparum, havendo num caso infecção mista com Plasmodium malariae.
Predomínio do sexo masculino (7 doentes) e da raça negróide (5 doentes), havendo três da
raça branca e um de raça amarela. A idade média foi de 36,3 anos (mínimo 18 e máximo 52).
A infecção foi adquirida em Angola (4 casos), Guiné-Bissau (2 casos), S. Tomé e Príncipe,
Moçambique e Togo (1 caso / cada).
Eram residentes nas áreas de aquisição da doença cinco doentes e quatro eram viajantes, tendo
apenas um destes feito quimioprofilaxia com cloroquina.
A admissão na UCI ocorreu cerca de 10 a 11 dias após o início dos sintomas (mínimo 4 e
máximo 19 dias).
Os principais motivos de admissão foram a malária cerebral (4 casos) e a insuficiência renal
aguda (4 casos). À admissão na UCI apenas dois doentes não tinham critérios de malária
grave, situação, que num deles, se veio a manter ao longo do internamento.
No quadro I estão referidas as complicações à admissão e durante o internamento.
Quadro I – Malária grave: Complicações à admissão e durante o internamento
Complicações Admissão Durante
Internamento
Coma / Convulsões 4 5
Anemia grave 0 0
Insuficiência renal aguda 4 4
Hipoglicemia 0 0
Hemorragia espontânea / CID 1 1
Choque / Hipotensão 2 3
Acidemia / Acidose 1 1
SDRA 2 5
De referir que, à admissão, a hemoglobina média foi de 8 g/dl (mínimo 5,3, máximo 11,9
g/dl), não se tendo registado nenhum caso de glicemia inferior 40 mg/dl ou de elevação das
transaminases superior a três vezes o normal.
O SAPS II médio foi de 33,8 (mínimo 2,93, máximo 79), com um risco médio de mortalidade
(SAPS II-R ) de 24,9% (mínimo 1,52, máximo 91,9%), sendo o APACHE II e o APACHE
II-R médios de 19,6 e 29,5%,
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