Azarado: A história de Berilo
Por: Hugo.bassi • 15/10/2018 • 751 Palavras (4 Páginas) • 278 Visualizações
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massa. Como entendesse tanto de costura quanto dos princípios da termodinâmica, o trabalho foi-lhe penoso e a custa de muitas perfurações nas mãos. No fim, tudo mais ou menos certo. Daria para tocar sem que prestassem mais atenção no mal-assentamento do paletó que nos seus bemóis ou sustenidos -mesmo nos bequadros.
Amanhece o sábado, dia do acontecimento. Manhã e tarde totalmente dedicadas a exaustivos ensaios, ou ao "coletivo apronto", como dizia o Brito, goal-keeper do time da região. Enquanto Berilo acertava com seus companheiros os últimos detalhes do repertório, bateu uma baita dor de consciência em Beli, sua irmã. Lá se foi ela, disposta a dar o justo acerto na bainha da calça do coitado. Como bem se lembrava, era coisa de tirar quatro dedos apenas.
Mal havia Beli saído da casa de Berilo, d. Beata vira a esquina e para lá também se dirige. Que mãe era ela, afinal? Cobrar do próprio filho para dar um ajustezinho qualquer em uma calça... Eram quatro ou cinco dedos? Cuidadosa que era para essas coisas, resolveu tirar cinco mesmo.
Para chegar logo ao final, a festa foi o sucesso esperado, com o conjunto agradando em cheio, tendo tocado até quase quatro horas da madrugada. O prefeito, mesmo muito irritado com aquele rapaz debochado de paletó, colete e bermuda -a quem queria mandar prender no início-, gostou tanto do regional que mandou que enchessem os instrumentos dos músicos com o que coubesse de notas e moedas, além do pagamento combinado. O Zé, do contrabaixo, e o Nêgo, percussionista, quase saíram milionários. O Berilo..., bem, o Berilo tocava flautim.
Não se esqueça de dar o crédito ao citar.
Autor: Odilon Amaral
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