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David Harvey: Condição Pós-Moderna

Por:   •  24/3/2018  •  3.870 Palavras (16 Páginas)  •  294 Visualizações

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Para o subproletariado, a gravidez acaba sendo uma vergonha visto que as famílias comuns com 8 ou 10 filhos mal suprem suas necessidades básicas de sobrevivência. A gravidez faz com que os filhos sejam o centro da vida da mãe. Após os filhos criados, as mães se sentem inúteis, o que pode levar a doenças fatais, onde já não se tem vontade de melhorar.

Esse tipo de situação traz à tona a ideologia da vergonha que se relaciona a dois fatores. O primeiro é o corpo, que envolve a sexualidade, a gravidez, a doença, onde só se considera o corpo que trabalha, o que traz vergonha por estar com o corpo incapacitado. O outro fator é a relação doença/trabalho, onde a doença corresponde a ideologia da vergonha de ter que parar de trabalhar. Essas ideologias trazem revoltas para o trabalhador que acaba por buscar o alcoolismo, a violência, a depressão, a loucura, que são estratégias de fuga dessa situação de inutilidade.

Em muitos casos, o subproletariado não se beneficia das políticas de assistência, não por não ter conhecimento, mas por tentar evitar e afastar tudo que é relativo à doença. Os grupos, onde se encontram determinados números de pessoas para lazer e acabam partilhando suas experiências como trabalhador.

O trabalho repetitivo é objetivo do sistema taylorizado, cujo objetivo é o aumento da produtividade. Reprimia a vadiagem que era considerada como o tempo que o trabalhador enrolava no trabalho. É então, encontrada a forma de dividir a organização e os órgãos do trabalho. Nesse sistema temos o trabalho individual (repetitivo, monótono, que separa os indivíduos); e também o trabalho coletivo (exige vários dias ou meses até sua conclusão; traz divisão e separação dos homens). A estratégia defensiva não é individual e sim um aspecto coletivo.

SENNETT, Richard. A corrosão do caráter: consequências pessoais do trabalho no novo capitalismo. 5ª Ed, Rio de Janeiro: Record, 2001. Capítulo 7: Fracasso (Páginas 141-162).

O fracasso não é algo muito bem discutido. Querer superá-lo acaba sendo imposto, mas ninguém ensina como enfrentar, como passar por ele e aprender com a situação. Ele pode vir através de uma demissão, que cria aquele sentimento de inutilidade, onde o trabalhador (além de não ter autonomia) se sente inútil naquilo que faz, pois nem todo seu sacrifício seria capaz de mantê-lo empregado. Então o homem, que ao mesmo tempo é produtor, se transforma em vítima acaba acreditando na ideia de que não é bom o suficiente.

A carreira desenvolve o nosso caráter, que é fruto do desenvolvimento pessoal que é feito através de muito custo. A ideia de estabelecer à carreira se transformou na receita de Lippmann para o fracasso, criando de novo a fé no individuo.

Então para enfrentar o fracasso, o individuo deve primeiro se conhecer, assumir seu potencial e seu valor para assim, se focar no desenvolvimento da sua carreira e assim conseguir superar o fracasso, ao invés de enterrá-lo antes de enfrentá-lo.

Tempos modernos (Charlie Chaplin, 1936)

Essa obra retrata como o processo de trabalho afeta diretamente o empregado. A princípio, vemos a esteira, onde o trabalhador não para e se corpo tende a se acostumar com o processo, sem tempo para descanso e ainda conta a inovadora máquina alimentadora, para que ela alimente o trabalhador enquanto ele trabalha, isso tudo para que não se interrompa o processo de trabalho.

Decorrendo as horas do dia, o empregador pede que a esteira seja colocada na velocidade máxima e o empregado mal da conta de realizar seu trabalho, ficando preso nos trilhos da esteira, se tornando alienado, perdendo sua noção.

Então devido a essas condições, os trabalhadores saem às ruas reivindicando seus direitos, e então são controlados e presos por saírem pelas ruas alegando melhores condições de trabalho e enquanto isso, o protagonista cumpre pena na prisão por ter ido atrás dos seus direitos, o que nos mostra que o proletário não tem voz nesse sistema de produção.

Após sai da prisão, Chaplin é indicado pelo comissário para um trabalho, o que deixa claro que ter quem indica no mundo trabalhista é fundamental para conseguir um emprego, isso fazendo uma analogia não só a época do filme, mas também no tempo presente.

Apesar da forma como o processo de trabalho e todo o discurso anti-vagabundagem é imposto, o trabalhador não desiste dos seus planos de ser feliz, e mesmo que esse processo o afete diretamente, sua insistência em sempre buscar o melhor para si é admirável.

Parente é serpente (Carmine Amoroso, 1993)

O filme deixa claro como é o encontro, geralmente anual, entre uma família nas festas de fim de ano. Primeiro nota-se que existe afeto, e que falar de outra pessoa, fofocar ou ‘comentar’ une até mesmo as pessoas que não se gostam. Toda a relação familiar busca encontrar qual dos filhos é mais querido, quem é mais presente... e essa disputa fica muito clara, especialmente quando os pais resolvem que não querem mais ficar sozinhos, onde os filhos entre si têm que decidir com qual deles eles irão ficar. Por fim, numa decisão unanime, resolvem matá-los com um aquecedor a gás, uma estratégia que fora considerada acidental.

O conservadorismo é bastante evidente, toda a questão da família conservadora, de se casar e ter filhos para não ficar sozinho no futuro são bastante fortes, porém no próprio filme vemos que os filhos não são nenhuma garantia de que os pais não ficarão sozinhos na velhice.

A religião, com sua cultura e costumes é apontada com os ritos de natal, onde todos os vizinhos se reúnem para a missa de natal, e cada um tem um comentário sobre fulano ou ciclano, mesmo que seja um momento de reflexão, vemos como a religião tem sido usada como fachada para esconder o que as pessoas realmente são, e não aquilo que mostram ser dentro de um rito religioso.

O caminho das nuvens (Vicente Amorin, 2003)

O sonho de Romão, um pai de família, nordestino, é de ter um emprego onde ele conseguisse ganhar mil reais mensais. Com esse pensamento, ele e a família vêm para o sudeste, na intenção de uma vida melhor. O intrigante da história é que eles viajam de bicicleta desde a Paraíba até o Rio de Janeiro.

Um pai de família com cinco filhos para sustentar não é uma tarefa fácil e vendo que o filme foi gravado no ano de 2003, conclui-se o quanto o valor de mil reais mensais seria válido para suprir as necessidades básicas, o que não inclui atividades que incluem lazer ou atividades supérfluas.

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