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DITADURA E SERVIÇO SOCIAL (1960-1980)

Por:   •  8/2/2018  •  2.008 Palavras (9 Páginas)  •  270 Visualizações

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O movimento político-militar de Abril de 1964 representou, de um lado, um golpe contra as reformas sociais que era defendidas por setores progressistas da sociedade brasileira e, de outro, um golpe contra a incipiente democracia política nascida em 1945 (TOLEDO,2004,p.13).

Segundo Campos e Miranda: “No Brasil, a aliança entre os setores civil e militar pôs fim ao populismo”. Em nome da liberdade, da ordem, da segurança nacional, o presidente João Goulart foi deposto. Um novo governo viria a se formar a partir dessa aliança.” (CAMPOS; MIRANDA,2005,p.575). Foram os “Anos Rebeldes” da era Jânio-Jango.

Ao final dos vinte anos da ditadura militar no Brasil (1964-1985) instalou-se uma grave crise econômica no pais, resultado do aumento galopante da inflação, da recessão da dívida externa e do empobrecimento da população. Os governos militares não conseguiram estabelecer um desenvolvimento econômico favorável, e diante disso fortalecem-se os movimentos de oposição política ao militarismo, por meio da ação de partidos, sindicatos e outros segmentos da sociedade.

2.1- RENOVAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL:

O lapso histórico que é coberto pela vigência da autocracia burguesa no Brasil, demarca também uma quadra extremamente importante e significativa no envolver do Serviço Social no país.

Do estrito ponto de vista, o fenômeno mais característico desta quadra relaciona-se á Renovação do Serviço Social. No âmbito de sua natureza e funcionalidade constitutivas, alteraram-se muitas demandas práticas a ele colocadas e a sua inserção nas estruturas organizacional-institucionais ( da onde, pois a alteração das condições do seu exercício profissional).

O cariz do Serviço Social, em meados dos anos oitenta, revela simultânea e contraditória relação que nas duas décadas anteriores, o desenvolvimento profissional estruturou com a sua herança; mudança, continuidade e intenção de ruptura.

2.2- HISTÓRICO DO SERVIÇO SOCIAL BRASILEIRO (1960-1980)

Nos anos 1960, durante o governo de JK (Juscelino Kubistchek) surgiu, dentro da categoria, assistentes sociais envolvidos no trabalho em comunidades que, influenciados pela militância católica de esquerda, começaram a questionar o trabalho social meramente assistencialista e sem perspectiva de mudança na realidade dos assistidos, conforme nota Aguiar (1985)

Por outro lado, um reduzido setor da categoria profissional é influenciado pelo novo posicionamento dos cristãos de esquerda, que colocam conscientização e a politização em função das mudanças estruturais. Essa nova postura permite que se registre, no período 1960-1964, uma prática desse reduzido grupo de assistentes sociais que parte de uma analise crítica da sociedade, percebendo as contradições e a necessidade de mudanças radicais (p. 104 apud SILVA, 1995, p. 28)

O desejo de romper com o Serviço Social tradicional contribuiu para a formação de grupos de discussão dentre os profissionais assistentes sociais, culminando com debates ao longo dos vários congressos nacionais periódicos da categoria e delimitando os espaços de pensamentos, entre conservadores – os que queriam manter a perspectiva tradicional, e aqueles modernizadores – um novo projeto com vistas à transformação social Esse debate foi sufocado pela ditadura militar, ressurgindo com o processo de renovação do Serviço Social que ocorreu entre os anos de 1967 e 1984. Os eventos deste período foram organizados num primeiro momento por iniciativa do CBCISS (Centro Brasileiro de Cooperação e Intercâmbio de Serviço Social), que envolveu profissionais e professores da área. E depois se articulando com a ABESS1 (Associação Brasileira de Assistentes Sociais). A perspectiva modernizadora foi projetada no documento do Congresso 1967 realizado em Araxá/MG. Nele fica elencada a necessidade da busca do desenvolvimento associado à promoção humana, através da conscientização da população, embasada na Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948). Cinco anos mais tarde, em 1972, no encontro de Teresópolis, foi aprovada uma nova metodologia de ensino para formação de assistentes sociais, aferindo cientificidade ao curso com a introdução das disciplinas: Planejamento, Administração, Estatística, Política Social, Economia e Sociologia.

Os documentos produzidos, em ambos os encontros, explicitam e reafirmam a diretriz tradicional do Serviço Social em busca da integração social, assumindo a perspectiva de modernização colocada no contexto da sociedade brasileira como um todo. (SILVA, 1995, p. 35)

A nova influência provinda do espaço acadêmico, mais especificamente das disciplinas das ciências sociais, no estudo da teoria marxista, aliada a atuação junto às comunidades eclesiais de base, com a Teologia da Libertação e os movimentos populares de esquerda. Com isso, fortaleceu-se, em 1979, o movimento da categoria denominado Movimento de Reconceituação. Na verdade se trata do movimento que foi abafado pela ditadura militar e que agora volta num ambiente democrático e com orientação teórica científica.

(...), o Movimento de Reconceituação procura se orientar por uma perspectiva dialética, com base na concepção de Estado ampliado, que permite perceber a instituição como espaço contraditório e de luta de classes. A partir daí, começa a se desenvolver um esforço no sentido de fortalecer a prática institucional, vista na sua articulação com os movimentos sociais populares organizados, passando a se configurar a possibilidade de uma dissociação entre os objetivos institucionais e os da prática profissional. Nessa perspectiva, o Serviço Social questiona a vinculação histórica da profissão com os interesses dos setores dominantes e aponta a necessidade de desvendar a dimensão política da prática profissional e a busca de novas bases de legitimação. (SILVA, 1995, p. 39-40).

Não se pode deixar de mencionar também a influência da metodologia de ensino de Paulo Freire que dominava os fóruns de discussão em torno da educação; a criação do PT (Partido dos Trabalhadores); a campanha pelas “diretas já”; o crescimento dos movimentos grevistas, com o fortalecimento dos sindicatos por categorias e a união em centrais sindicais, espaços nos quais vários assistentes sociais já atuavam e ao mesmo tempo serviram de base para o movimento de reconceituação. O significado desse movimento teve sua marca no III Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais, ocorrido no mesmo ano, conhecido como o “ano da virada”, onde a mesa da solenidade de abertura composta por autoridades governamentais foi

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