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A importancia dos jogios para o desenvolvimento

Por:   •  7/11/2018  •  6.088 Palavras (25 Páginas)  •  250 Visualizações

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No Brasil, a Lei nº 9.394 – Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da Educação Nacional -, promulgada em 20 de dezembro de 1996, ao situar a Educação Infantil como primeira etapa da Educação Básica, confere cunho legal ao brincar quando determina como um dos princípios que norteiam o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil o “direito das crianças a brincar, como forma particular de expressão, pensamento, interação e comunicação infantil”. Um pouco antes disso, em 1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) já declarava, no Capítulo II, art. 16, brincar, praticar esportes e divertir-se como aspectos que compreendem o direito à liberdade.

CAPÍTULO II

DESENVOLVIMENTO COGNITIVO

Piaget, Vygotsky e Wallon elaboraram teorias sobre o desenvolvimento cognitivo das crianças que ora convergem, ora se distanciam, mas que permitem, nessa dialética, a construção de um olhar mais abrangente sobre o papel das brincadeiras no processo.

Segundo Piaget, o desenvolvimento psíquico é comparável ao orgânico. Assim como o corpo, que vai crescendo e amadurecendo até atingir um nível estável, a vida mental evolui na direção de um equilíbrio final. É, portanto, uma construção contínua em direção a um equilíbrio progressivo. Para ele, inteligência é adaptação, e seu progresso se dá em estágios que têm estruturas próprias e vão se modificando mediante o ajuste a novas situações, por meio de dois movimentos: assimilação e acomodação. A assimilação corresponde à integração, pelas ações, dos elementos externos ao ser vivo e à acomodação às modificações internas que tornam isso possível. Sendo assim, tudo começa pela ação, e a organização é adquirida pelas atividades. Nas palavras do autor:

A inteligência é uma adaptação. Para apreendermos as suas relações com a vida, em geral, é preciso, pois, definir que relações existem entre organismo e o meio ambiente. Com efeito, a vida é uma criação contínua de formas cada vez mais complexas e o estabelecimento de um equilíbrio progressivo entre essas formas e o meio ambiente.

A idéia de síntese está presente na teoria de Vygotsky na medida em que esta não é, simplesmente, a soma ou a justaposição de dois elementos, mas a emergência de algo novo, anteriormente inexistente. Esse componente surgiu da interação entre os elementos, em um processo de transformação que gera novos fenômenos. Sua abordagem não é considerada ciência natural, na qual se tenta explicar todos os processos, tomando-se por base somente o corpo. Também não é vista como ciência que descreve os processos psicológicos superiores e toma o homem como mente, consciência e espírito. Na verdade, a idéia de síntese busca, para a Psicologia, uma integração do homem corpo e pensamento, biológico e social, membro da espécie humana e participante de um processo histórico.

Três são as idéias centrais da teoria de Vygotsky. A primeira afirma que as funções psicológicas têm um suporte biológico e o cérebro é um sistema aberto, com grande plasticidade, cujas estruturas vão se modificando ao longo do tempo. A segunda diz respeito ao homem, que passa de ser biológico para ser sócio-histórico, cujo funcionamento psicológico se dá em suas relações com o mundo exterior, dentro de um processo histórico. Assim, é na cultura que são desenvolvidas suas funções psicológicas superiores. Por fim, a terceira declara que a relação homem-mundo não é direta, mas, sim, mediada por sistemas simbólicos – elementos intermediários nessa relação, os quais podem ser instrumentos ou signos.

Wallon também se opõe às concepções reducionistas que limitam a compreensão do psiquismo humano a um ou a outro termo da dualidade espírito-matéria. O autor admite o organismo como condição primeira do pensamento, pois toda função psíquica supõe um equipamento orgânico; por outro lado, afirma que o objeto da ação mental vem do exterior, do grupo ou do ambiente em que o sujeito está inserido. Existe, pois, uma determinação recíproca entre os fatores de natureza orgânica e de natureza social. Wallon propõe um estudo integrado que contemple vários campos funcionais – afetividade, motricidade e inteligência. Segundo ele, o homem é geneticamente social, e a criança deve ser estudada em suas relações com o meio, dentro do contexto em que vive.

Ao ter a criança como ponto de partida para seus estudos, Wallon busca compreender cada uma das manifestações no conjunto de suas possibilidades, desconstruindo, assim, a concepção de que a criança é um ser com faltas e insuficiências. Para ele, é a ação motriz que regula o aparecimento e o amadurecimento das funções mentais. O movimento espontâneo se transforma, aos poucos, em gesto que, ao ser realizado com base em uma intenção, reveste-se de significado associado à ação, voltado para a realização da cena. O desenvolvimento das funções psicológicas superiores se dá, portanto, no progresso das dimensões motora e afetiva. É a comunicação emocional que dá acesso ao mundo adulto, ao universo das representações coletivas. A inteligência surge depois da afetividade e das condições da motricidade.

Para esses teóricos, a relação entre pensamento e linguagem baseia-se diretamente em suas concepções de sujeito. Enquanto, para Piaget, o sujeito constrói seu conhecimento em contato com o objeto e a ação internalizada dará origem ao pensamento para, depois, se socializar, em um movimento que parte do individual para o social, Vygotsky e Wallon buscam a compreensão dos aspectos sociais e culturais que interferem no desenvolvimento da criança partindo de um movimento social para individual.

Para Vygotsky, os processos de mediação vão se modificando ao longo da vida. Os signos, como marcas externas, vão sendo internalizados, e o homem começa a fazer uso de representações mentais em substituição aos objetos do mundo real. Os sistemas de representação da realidade, cuja linguagem é o sistema simbólico básico do ser humano, são oferecidos socialmente. É com base no grupo cultural que o indivíduo perceberá e organizará o real. Dentro desse contexto, é por meio da linguagem que haverá a interiorização dos conteúdos históricos e culturais, possibilitando, assim, o desenvolvimento das estruturas psicológicas superiores (a consciência), fazendo com que a natureza social se torne também psicológica.

A linguagem tem, portanto, para Vygotsky, duas funções básicas: intercâmbio social e pensamento generalizante, e sua utilização favorece os processos de abstração e generalização.

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