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Elementos da narrativa em seriados televisivos

Por:   •  19/8/2018  •  7.110 Palavras (29 Páginas)  •  295 Visualizações

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Há muitas adaptações dos contos originais e, atualmente, além das incontáveis adequações feitas para o público infantil, agora as narrativas estão direcionadas ao público juvenil e adultos. Os enredos são cheios de ação, romance, vingança, lutas, vaidade e outros elementos do cotidiano. Dentro das animações artísticas os contos aparecem, primordialmente, nos livros e cinemas. Em 2010, o sucesso do diretor Tim Burton, Alice no País das Maravilhas, alavancou a adaptação de tais narrativas como nova proposta e não demorou muito para que outros diretores também entrassem nessa onda. Produções como “Hardwicke” (2011); “Mirror, Mirror;” “Sleeping Beauty” (2011), “The Beauty and the Beast” (2017) invadiram as telas do cinema com tramas recheadas de referências aos contos que despertam o interesse.

Os seriados tem ganho cada vez mais destaque no entretenimento, são narrativas mais extensas que os filmes, divididas em temporadas e episódios. São transmitidas pela televisão ou por outros canais de entretenimento. As séries tem um poder “viciante”, pois o desdobramento se dá em vários episódios, os quais costumam ser semanais. Once Upon a Time é uma série de televisão norte-americana baseada em Contos de fadas, estreou em 23 de outubro de 2011, transmitida pela Rede ABC, uma das maiores emissoras de televisão dos Estados Unidos.

O reconhecimento da relevância dos contos de fadas por meio da série Once Upon a Time é o objetivo geral deste trabalho, o qual se desmembra nos objetivos específicos: indicar os contos apresentados no primeiro episódio da série; apontar os elementos narrativos que permeiam a série; detectar e comparar os contos originais à nova roupagem dada aos contos; analisar os aspectos que levaram os autores a buscar uma nova roupagem para os contos de fadas e reconhecer a contribuição dos contos de fadas apresentados em série televisiva

A escolha por essa temática se deu pela repercussão da série, ao procurar Once Upon a Time no buscador Google, aparecem cerca de 450.000.000 de resultados em 0,23 segundos. Entre eles, percebe-se a inúmera quantidade de blogs independentes, sites para downloads, notícias oficiais e milhares de comentários de fãs atônitos, à espera de novidades sobre os próximos capítulos e possíveis temporadas. O diferencial da série está na adaptação dos contos para a vida real, de forma que atraia o público e resgate os valores esquecidos com o tempo. O encanto pela magia torna-se necessário e uma válvula de escape da realidade, ao assistir à série as pessoas entram no universo proposto, mas também projetam o seu. Once Upon a Time proporciona, ainda, uma análise sobre comportamento, permitindo que os telespectadores reflitam sobre as representações da identidade do sujeito contemporâneo e suas ações.

Os contos de fada são uma antiga representação cultural que aborda conflitos primitivos provendo modelos comportamentais. Nesse sentido, é relevante ater-se ao estudo de conteúdo implícitos presentes nos contos e sua importância na vida das pessoas. Assim, estabelece-se o problema de pesquisa: O que buscam os autores com as novas adaptações de contos de fadas na primeira temporada da série Once Upon a Time, exibida de 2011 a 2012?

Para tanto, far-se-á pesquisa bibliográfica em diversos meios, como impresso, através de obras de teóricos consagrados e audiovisual, por meio da própria série, numa abordagem qualitativa do tipo explicativa e interpretativa. (GIL, 2010).

2 DESENVOLVIMENTO

Este capítulo apresenta a fundamentação teórica e a síntese da série Once Upon a Time.

2.1 CONTOS DE FADAS

O momento preciso em que os contos de fadas surgiram perdeu-se no tempo, há registros que remetem aos celtas a sua origem.

Segundo Coelho (2000, p. 173, grifo da autora):

O conto de fadas é de natureza espiritual/ética/existencial. Originou-se entre os celtas, com heróis e heroínas, cujas aventuras estavam ligadas ao sobrenatural, ao mistério do além-vida e visavam à realização interior do ser humano. Daí a presença da fada, cujo nome vem do termo latim “fatum”, que significa.

Os contos são narrativas que, incialmente, eram propagados oralmente de geração a geração; com a finalidade de transmitir costumes, a crença e a formação coletiva da espiritualidade dos povos. (MELLI & GIGLIO, 1999; OLIVEIRA, 1993, apud SCHNEIDER e TOROSSIAN, 2009).

Conforme Hisada (1998) há registros dos contos nas obras de Platão, nos quais mulheres mais velhas empregavam suas histórias cheias de simbologia na educação das crianças. Apuleio, filosofo do século 2 d.C., descreveu um romance “O Asno de Ouro”, muito semelhante ao famoso “A Bela e a Fera”. No Egito, foram encontrados em papiros dos irmãos Anúbis e Bata, registros de contos de fadas. (HISADA, 1998).

O enredo do contos de fadas é entrelaçado por tramas do imaginário humano, em que a linguagem, cheia de símbolos e metáforas, tem a competência de interligar o consciente e o inconsciente. Em sua essência, os contos, não eram para o universo infantil, já que nas narrativas permeavam cenas de adultério, canibalismo, incesto e outros elementos adultos. As histórias narravam o destino dos homens, as dificuldades, os sentimentos, relações e crenças. Comumente era contadas em campos de lavouras, reuniões, nas salar de tear, em casas de chás, nas aldeias ou em qualquer espaço aberto em que se encontravam os adultos. (SOUZA, 2005; RADINO, 2003).

Quando os contos começam a ser destinados às crianças, passam a sofrer adaptações. As amas ou governantas incrementam as narrativas com elementos fascinantes à fantasia infantil. Então, a figura de herói e heroína se consolida, bem como a luta do “bem” para vencer o “mal”. A distinção dos contos das demais histórias infantis se dá pelo uso da magia e encantamentos, um núcleo problemático existencial e a existência de obstáculos a serem enfrentados. (CALDIN, 2002; OLIVEIRA, 2001; RADINO, 2003; TURKEL, 2002).

Outra característica relevante dos contos é a presença de um dilema existencial de forma lacônica e categórica. (BETTELHEIM, 1980). Cashdan (2000) salienta que o conto tem quatro etapas:

- O cruzamento, a viagem ao mundo mágico;

- O encontro com o personagem do mal ou o obstáculo a ser vencido;

- A dificuldade a ser superada;

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