ATIVIDADES PRÁTICAS SUPERVISIONADAS LITERATURA INFANTO-JUVENIL
Por: Hugo.bassi • 24/9/2018 • 3.471 Palavras (14 Páginas) • 418 Visualizações
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A primeira manifestação literária de Portugal, foi o Trovadorismo, esta época abrange as origens da Língua Portuguesa, a língua galaico-portuguesa (português arcaico) que vai do período de 1189 a 1418. Portugal está ocupado com as cruzadas, a luta contra os mouros, e estava marcada pelo teocentrismo (onde Deus é o centro de tudo) e também pelo sistema feudal (sistema econômico e político, entre senhores e vassalos), já enfraquecido, em fase de decadência. Quando finalmente a guerra chega ao fim, começam as manifestações sociais de período de paz, entre elas a literatura, e em torno dos castelos feudais também se desenvolveu um tipo de literatura que redimensiona a visão do mundo medieval e aponta para novos caminhos, e eis que surge o trovadorismo.
Este movimento literário vai do período de aproximadamente do séc. Xll ao XlV. A partir desses séculos, Portugal começa a afirmar-se como reino independente, embora ainda mantivesse laços econômicos, sociais culturais com o restante da Península Ibérica. E desses laços, próximo à Galícia (região ao norte do rio Douro), surgiu uma língua particular, de traços próprios chamada galego-português, a produção literária desta época foi feita nesta variação linguística. A cultura trovadoresca refletia bem o panorama histórico desse período:
As cruzadas, a luta contra os mouros, o Feudalismo, o poder espiritual do clero. O trovadorismo foi marcado pelo feudalismo, que consistia numa hierarquia rígida entre senhores, um deles, o suserano, fazia a concessão de uma terra (feudo) a outro individuo, o vassalo. O suserano, no regime feudal, prometia proteção ao vassalo como recompensa por certos serviços prestados. Essa relação de dependência entre suserano e vassalo era chamado de vassalagem. Assim, o senhor feudal ou suserano era quem detinha o poder, fazendo a concessão de uma porção de terra a um vassalo, encarregado de cultiva-la. Além da nobreza (a classe que pertencia aos suseranos) e a classe dos vassalos, havia ainda a classe dos cleros.
Neste movimento literário e poético, as cantigas são os principais registros da época, que eram tradicionalmente divididas em cantigas de amor, de amigo, de escarnio, e de maldizer. O trovadorismo português teve seu auge durante o período, de cerca de 150 anos, que vai, genericamente, de finais do séc. Xll a meados do séc. XlV. As cantigas medievais situam-se, historicamente, nos alvores das nacionalidades ibéricas, sendo, em grande parte contemporâneas da chamada Reconquista cristão, que deixa, aliá, numerosas marcas.
3.As origens do trovadorismo:
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Os textos dos trovadores medievais foram preservados em pergaminhos, como por exemplo o Pergaminho Vindel.
São quatro as teses fundamentais admitidas, que explica a origem do trovadorismo, sendo elas, a tese arábica, que considera a cultura arábica como sendo sua velha raiz, a tese folclórica, que diz que a origem e criada pelo próprio povo, a tese médio-latinista, segundo a qual essa poesia teria origem na literatura latina produzida durante a idade média, e por fim, a tese litúrgica, que considera fruto da poesia litúrgico-cristã elaborada na mesma época. Porem nenhuma das teses é suficiente em si mesma, deixando-nos na posição de aceita-las conjuntamente, a afim de melhor entender os aspectos constantes desta poesia.
A mais antiga obra trovadoresca é a cantiga “Ora faz host’o senhor Navarra”, do trovador português João Soares de Paiva, composta provavelmente por volta do ano de 1200. Por essa cantiga a ser a mais antiga que se pode datar, convém daí dá-o início da lírica medieval galego-portuguesa. O texto também é conhecido como “Canção da Ribeirinha”, por ter sido dedicada à Dona Maria Paes Ribeiro, a ribeirinha.
Trovadores eram aqueles que compunham as poesias e as melodias que as acompanhavam, e cantigas são as poesias cantadas. O nome trovador e dado aos autores de origem nobre, sendo que os autores de vilã tinham o nome de jogral, termo que nomeava igualmente o seu estatuto de profissional. A mentalidade da época baseada no teocentrismo serviu como base para a estrutura da cantiga de amigo, onde o amor espiritual e inatingível é retratado. As cantigas primeiramente eram destinadas ao canto e depois foram manuscritas e postas em coletâneas chamadas de cancioneiros, (livro de trovas), São conhecidos três Cancioneiros galego-portugueses: o "Cancioneiro da Ajuda", o "Cancioneiro da Biblioteca Nacional de Lisboa" (Colocci-Brancutti) e o "Cancioneiro da Vaticana". Além disso, há um quarto livro de cantigas dedicadas à Virgem Maria pelo rei Afonso X de Leão e Castela, O Sábio. Surgiram também os textos em prosa de cronistas como Rui de Pina, Fernão Lopes e Gomes Eanes de Zurara e as novelas de cavalaria, como a demanda do Santo Graal.
4.Classificação das cantigas trovadorescas:
Existem apenas três cancioneiros, dos quais se tem conhecimento, “Cancioneiro da Biblioteca”, “Cancioneiro da Ajuda” e “Cancioneiro da Vaticana”. Os trovadores de maior destaque na lírica galego-portuguesa são: Dom Duarte, Dom Dinis, Paio Soares de Taveirós, João Garcia de Guilhade, Aires Nunes e Meendinho.
E as cantigas eram classificadas como:
Cantigas de maldizer:
Por meio destas cantigas, é que os trovadores faziam sátiras diretas, chegando muitas vezes a agressões verbais. Algumas vezes se usava palavrões, e o nome da pessoa satirizada podia ou não aparecer explicito na cantiga.
Cantigas de escarnio:
Nestas cantigas, o nome da pessoa satirizada não aparecia, eram sátiras feitas de forma indireta, e com a utilização de duplo sentido.
Cantigas de amor:
neste tipo de cantiga o trovador destaca todas as qualidades da mulher amada, colocando-se numa posição inferior (de vassalo) a ela. O tema mais comum é o amor não correspondido. As cantigas de amor reproduzem o sistema hierárquico na época do feudalismo, pois o trovador passa a ser o vassalo da amada (suserana) e espera receber um benefício em troca de seus “serviços” (as trovas, o amor dispensado, sofrimento pelo amor não correspondido).
Cantigas de Amigo:
Enquanto nas Cantigas de Amor o eu-lírico é um homem, nas de Amigo é uma mulher (embora os escritores fossem homens). A palavra “amigo” nestas cantigas
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