Vastos Céus e Eixos Inclinados

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A expansão do Crescente fértil foi bem rápida devida a alguns fatores. Em partes, foi devida ao eixo Leste-Oeste da Eurásia, pois como estavam à mesma latitude apresentavam características semelhantes, como variações climáticas, mesma duração de horas por dia, regimes de temperaturas e chuvas, biomas, doenças (germes), entre outras. Como exemplo, podemos citar Portugal, norte do Irã e Japão, todos estão na mesma latitude e com cerca de 6.500 quilômetros de distância um do outro, mas estes são mais parecidos em clima do que um local ao sul, com apenas 1.600 quilômetros.

As características climáticas determinam a germinação, o crescimento e a resistência às doenças das plantas. Cada espécie de planta é programada geneticamente por seleção natural para reagir de acordo com o clima em que se desenvolveu, pois duração do dia, temperatura e chuva são alguns dos fatores que estimulam as sementes a germinar, crescer e amadurecer para desenvolverem flores, frutos e sementes. Esses regimes variam de acordo com a latitude.

Os animais também se adaptam de acordo com as características climáticas, portanto está relacionada à latitude. Como por exemplo, os próprios seres humanos. Se um animal está acostumado a viver em regiões tropicais, ele não suportará as baixas temperaturas do inverno do norte, com seus dias curtos e seus germes característicos. Assim como, outros não suportariam o clima tropical.

Isso explica a rápida expansão das espécies domesticadas do Crescente Fértil para a faixa de latitudes temperadas da Irlanda até o Vale do Indo, elas já estavam bem adaptadas aos climas das regiões para as quais se estenderam. Por isso as culturas eurasianas que começaram a ser domesticadas longe do Crescente Fértil, mas na mesma latitude, puderam difundir-se outra vez no Crescente Fértil.

Hoje é possível disseminar várias sementes pelo mundo, através dos meios de comunicação como navios e aviões. Um típico restaurante americano de refeições ligeiras serve frango (domesticado na China) com batata (dos Ande) ou milho (do México), temperado com especiarias da Índia. Fazendo das suas refeições uma verdadeira colcha de retalhos geográfica.

Comparando a facilidade da difusão Leste-Oeste na Eurásia com as dificuldades da difusão ao longo do eixo Norte-Sul da África, vimos que, as culturas fundadas no Crescente Fértil chegaram muito depressa ao Egito e depois até as regiões montanhosas da Etiópia, mas não foi além, devido a condições tropicais que separavam a Etiópia da África do Sul. Entretanto, nessas regiões ao sul da África começaram a domesticar plantas silvestres (como o sorgo e o inhame), adaptadas às temperaturas quentes e às chuvas tropicais.

A expansão de animais domésticos do Crescente Fértil para o Sul, também foi interrompida pelo clima e pelas doenças presentes em determinadas regiões. O avanço dos bois, ovelhas e cabras foi detido por dois mil anos, enquanto isso foi desenvolvida novos tipos de economia humana e raças de gado. Cerca de oito mil anos depois, o gado pôde chegar à África do Sul.

Alguns povos dos coissãs nativos da África do Sul adquiriram o gado, mas continuaram sem agricultura. Em 1652, com a chegada dos europeus, esse povos puderam desenvolver a agricultura, pois os europeus trouxeram os produtos agrícolas do Crescente Fértil. Porém houve consequências trágicas com encontro desse povos: “a rápida dizimação dos coissãs pelos germes e pelas armas dos europeus; um século de guerras entre europeus e negros; outro século de opressão racial; e agora, tentativas de europeus e negros para buscar um modo novo de coexistência nas antigas terras coissãs.”

Comparando agora a facilidade da difusão da Eurásia com as dificuldades ao longo do eixo Norte-Sul nas Américas, percebemos que as regiões montanhosas do México e dos Andes se adequaram a muitas plantações e animais domésticos, assim como os Balcãs proporcionaram condições de cultivo para a maioria das plantações e para a criação de gado. Apesar de alguns produtos agrícolas terem se expandido para outras regiões na América, como o milho mexicano, muitos outros produtos, culturas e animais não se disseminaram entre a Mesoamérica e a América do Sul, ocasionado pelo clima. As frias montanhas do México eram ideais para a criação de lhamas, porquinhos-da-índia e batata, porém, estes foram domesticados no clima frio dos Andes, na América do Sul. Sua expansão para o norte foi interrompida pelas quentes planícies da América Central.

Os estudos genéticos provaram que a maioria das culturas do Crescente Fértil é proveniente de um único processo de domesticação, já que as culturas difundiu-se tão rapidamente que evitaram outras domesticações das mesmas espécies. Entretanto, muitas culturas americanas nativas, aparentemente muito disseminadas, eram na verdade espécies similares ou de variedade genética distintas da mesma espécie que foram domesticadas isoladamente em várias regiões.

Podemos concluir que, a África e as Américas são duas grandes massas de terra com eixo longitudinal e que apresentam difusão lenta de suas culturas.

A latitude é sem dúvidas, um importante fator determinante do clima, das condições de cultivo e da facilidade de expansão da produção de alimentos. Mas, as barreiras topográficas e ecológicas, mais acentuadas em determinados continentes, constituem um importante obstáculo para a difusão.

As diferenças continentais na direção dos eixos afetaram não somente a difusão da produção de alimentos, mas também de outras tecnologias e inovações, como a roda e a escrita. A invenção da roda no sudoeste da Ásia espalhou-se rapidamente para o oeste e para leste por grande parte da eurásia em poucos séculos, enquanto as rodas inventadas no México