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O MOTOR IMÓVEL OU DEUS SEGUNDO ARISTÓTELES

Por:   •  11/12/2018  •  1.822 Palavras (8 Páginas)  •  418 Visualizações

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O MOTOR IMÓVEL

O Motor Imóvel é um conceito aristotélico que pretende demonstrar racionalmente a existência de um princípio supremo da natureza. Contudo, não devemos comparar este conceito com a ideia de Deus da tradição judaico-cristã, pois o Motor Imóvel não é uma ideia de um Ser que se importa com o mundo. Para Aristóteles, tudo tende para esse princípio, que movimenta todas as coisas. Utilizando uma comparação do próprio Aristóteles, ele é como o ser amado que atrai o amante sem precisar fazer nada.

Aristóteles percebeu que tudo está em movimento. O ciclo da natureza é formado pelo eterno nascimento, crescimento e morte. Da mesma forma que as folhas de uma árvore nascem, crescem e caem mortas, dando suporte para a vida na floresta, todos os seres estão submetidos a esse movimento eterno. Contudo, tudo o que se move é também movido por algo, pois este é o princípio do movimento. Desde o crescimento das plantas, das árvores, o movimento dos animais, dos planetas, enfim, todo o movimento da natureza tem um princípio único, um primeiro movimento ou primum movens que não está, ele mesmo, sujeito ao movimento, caso contrário, ele também iria perecer. Por isso Aristóteles afirmou que esse motor é imóvel, pois move todas as coisas, mas não move a si mesmo. Como não está submetido às leis do movimento, ele é eterno e imutável e imaterial.

‘’ Com efeito, o princípio e o primeiro dos seres é imóvel tanto em si mesmo quanto acidentalmente, mas produz o movimento primeiro eterno e único. E, posto que todo movido é, necessariamente, movido por algo, o primeiro motor é necessariamente imóvel em si, e o movimento eterno tem de ser produzido por algo eterno, e o movimento único por algo uno. (ARISTÓTELES, 2006,1072 a, 25-36)’’

Ao investigar a natureza, Aristóteles concluiu pela existência de várias substâncias, tanto materiais quanto imateriais. A substância imaterial em seu estado mais puro e elevado é o primeiro motor imóvel, ou aquilo que, a despeito das várias coisas que dão origem ao movimento, seria o primeiro movimento. Desta forma, Aristóteles afirma tanto a existência de substâncias imateriais quanto a existência de vários motores, sendo o primeiro motor a primeira causa, não existindo nada acima dele.

‘’ Todos os que consideram o universo uma unidade e postulam como sua matéria uma certa coisa, e matéria corpórea dotada de grandeza espacial, estão claramente equivocados em muitos aspectos. Eles somente supõe elementos de coisas corpóreas, e não incorpóreas, que também existem. Tentam indicar as causas da geração e destruição, investigam a natureza de tudo…e, ao mesmo tempo, suprimem a causa do movimento. (ARISTÓTELES, 2006, 988 b, 25)’’

Esse conceito irá inspirar vários filósofos escolásticos, entre eles Tomás de Aquino, Guilherme de Ockan e Anselmo de Cantuária, que atribuíram ao Motor Imóvel características da teologia cristã. Anselmo, baseado em Aristóteles, irá afirmar que Deus é um ser acima do qual nada pode ser pensado. A filosofia escolástica, ainda inspirada no pensamento aristotélico, irá declarar que o mundo é criado por Deus, mas não de Deus, pois de acordo com Aristóteles o Primeiro Motor não é criador da matéria, mas apenas deu início ao seu movimento. Porém, Aristóteles sequer chega a falar em Ser Supremo, sendo que o Deus Aristotélico não é mais que a primeira causa, a causa que sustenta o cosmo, o ato puro.

CONCLUSÃO

O homem desde o princípio procura respostas e naturalmente anseia por explicações que vão satisfazer sua curiosidade. Para o homem, algumas explicações carecem de evidências concretas. Ex; se alguém quiser saber por que o frango ficou assado, será necessário que se procure uma explicação e a coloque em prática para que se comprove ou não tal explicação. Em outros casos, o empirismo e a prática não são possíveis ou não são necessários. Nesses casos usa se a teoria e/ou a fé. É o caso, por exemplo, da explicação para a origem do Universo e de tudo o que nele há e o que realmente acontece após a morte. Até hoje, não se encontrou nenhuma explicação que pudesse ser comprovada de forma empírica para essas duas questões. E talvez, essas sejam as duas maiores questões da humanidade; de onde vim e para onde vou? Na Metafísica, Aristóteles procura não só responder “o que é”, mas também o “por que é” e o “como é”. O filósofo explica a origem da matéria como sendo o Ser, que é a causa primeira.

Essa causa primeira seria uma entidade superior que foi também chamada por Aristóteles de ser divino, ou Deus. Porém não devemos confundir metafísica com misticismo e religião, embora muitas vezes os místicos e religiosos absorvam algumas doutrinas da metafísica, dando assim um caráter mais racional á suas crenças. O misticismo e a religião usam outro tipo de raciocínio, que também é válido, para explicar a origem. É o raciocínio da fé. A Metafísica, porém é uma teoria que procura explicar de forma racional a origem. Ou seja, foi usado por Aristóteles, o raciocínio lógico. O Deus aristotélico, o motor imóvel, não é uma divindade religiosa. Ele não é criador, protetor e gerenciador do universo. O motor imóvel é a causa final de todos os movimentos que se dão para a ordem dos seres.

BIBLIOGRAFIA

http://www.suapesquisa.com/aristoteles/

http://www.mundodosfilosofos.com.br/aristoteles.htm

http://www.pedagogiaaopedaletra.com/posts/resenha-do-livro-metafisica-dearistoteles/

http://pt.wikipedia.org/wiki/Categoria_(filosofia)#As_Dez_Categorias_do_Ser_d e_Arist.C3.B3teles

ARISTÓTELES. Metafísica. São Paulo: Edipro, 2006.

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