Reflexões Sobre o Paradigma do Sistema Eleitoral e de Partidos em Angola

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Entretanto, a possibilidade de que a contradição entre essa crescente consciência cidadã e a base ideológica da estabilidade política através da figura do actual presidente da república poderá gerar uma crise capaz de promover um salto de qualidade nas regras do jogo político em Angola.

Parece-nos, nesse momento, bastante remota a opção política adoptada para a transição[4], longe de ser um quadro ideal, mesmo assim, vai proporcionando condições para melhorias graduais e cumulativas no que diz respeito à qualidade dos sectores menos favorecidos da população e à consolidação de um ambiente institucional democrático.

O país ainda está longe de consolidar as mudanças estruturais necessárias à superação da sua longa trajectoria histórica de profundas desigualdades sociais e o nosso sistema político permanece ainda afectado por sérios vícios e distorções, que resultam das interpretações sobre o ser do Estado democrático e de direito. Mesmo assim, podemos dizer que a actual corrida na sucessão de José Eduardo dos Santos, ocorre num cenário em que podemos vislumbrar diversos elementos positivos, especialmente se tivermos em conta a comparação com os momentos de guerra vividos e a curta experiência destes anos de paz.

Logo, a chegada do primeiro presidente eleito democraticamente à Presidência da República vai ser a consolidação de um novo referencial para a história política nacional, e não o enfraquecimento ou instabilidade do sistema político como muitos vaticinam.

Ao meu entender, abre-se aqui a tentação (da parte do MPLA), a continuídade do trabalho iniciado por José Eduardo dos Santos e não a personalização do poder, fruto do actual sistema político e eleitoral que confere hegemonia ao partido.

Nos últimos dez anos, o país tem apresentado fortes indicadores econômicos e sociais, que fortalecem mais a convicção de que foram estabelecidos bases consistentes para a geração de avanços em termos de desenvolvimento muitos maiores, que podem dar à garantia de condições dignas de existência para as populações.

Resta aos cidadãos e cidadãs escolher, dentre as coalizões e candidaturas apresentadas, a que demonstra maiores compromissos e condições de avançar no sentido da estabilidade política, economica e social.

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