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Estamentos, Castas, Estratificação, Hierarquização e Sociabilidade

Por:   •  27/10/2018  •  4.024 Palavras (17 Páginas)  •  241 Visualizações

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1. Culturalidade religiosa: islamismo, cristianismo, judaísmo e protestantismo

1.1. Islamismo

A palavra islã deriva da quarta forma verbal da raiz sim: aslama, “submeter-se” e significa “submissão (a Deus)”, muslim, muçulmano, é seu particípio presente: (aquele) que se submete (a Deus)[1].

Sendo uma das mais importantes religiões da humanidade, o islamismo está hoje presente em todos os continentes. É predominante no Oriente Médio, na Ásia Menor, na região caucasiana e no norte do subcontinente indiano, no sul da Ásia e na Indonésia, na África do norte e do Leste.

Sustenta ainda Cahen que, ao contrário de tantos outros profetas, que só conseguiram sedimentar sua mensagem por meio de apóstolos, muito tempo depois da morte, Maomé viu ainda em vida sua obra ser consagrada. Em 630, depois de vinte anos de pregação, ele entrou em Meca como um vitorioso.

Conseguira converter ao Islã, a nova fé anunciada por ele, não só a cidade principal da Arábia, como toda a grande península da qual ela fazia parte. Nascido em Meca em 570, durante anos viajou como mercador pelas rotas dos desertos Sarianos, actividade que permitiu-lhe juntar um bom património, especialmente devido ao seu casamento com a rica viúva Cadija.

Somente aos 40 anos, ao redor de 610, ele teve por fim uma revelação, quando o arcanjo Gabriel fez-lhe ver que o Todo-Poderoso o escolhera como o seu mensageiro. Retirado para uma gruta no Monte Hira, Maomé terminou por confirmar a aparição, dedicando-se então a pregar a boa nova. Só havia um Deus! Era Alá, e todos deveriam resignar-se perante ele (islam).

1.1.1. A revelação do Monte Hira

A escolha dele como “apóstolo de Alá” deu-se sob duas formas: uma intelectual e outra emocional. A primeira delas, a revelação propriamente dita (tanzil), fez dele o redactor da Escritura Sagrada, do Corão (recitação) trazida a ele por um anjo, (CAHEN, 1972:30).

A outra parte da revelação ocorreu em forma de uma inspiração (nahyi, ilman), responsável pela conversão do coração do Profeta, passando a regular a sua conduta e servindo como exemplo aos fiéis.

Já naquela época, Meca, por ser o local onde se encontrava o sagrado poço de Zem-zém, de onde, desde tempos imemoriais, jorrava água, era uma cidade que acolhia peregrinos vindos dos diversos cantos do deserto. Os comerciantes da praça, e toda aquela chusma (multidão), que vivia ao redor da Caaba, a pedra negra sagrada, temiam que a pregação contra a idolatria afastasse os visitantes, estragando-lhes o negócio.

O desentendimento deles com Maomé, fez com que o profeta se retirasse para a cidade vizinha de Medina. Este movimento, chamado Hégira (retiro), assinalou a data da Nova Era (16 de Julho de 622), ano um do calendário muçulmano. Entretanto, o número de seguidores (muhadjirun) aumentava, opondo-se aos que se negavam à conversão, os munafiqun (os hipócritas, os que não aceitavam a nova fé).

De acordo com Mantran, (1977:53) diz que, num espaço de tempo, compreendido entre 627 a 629, o profeta passou por três fases distintas:

- Inicialmente, numa época intercalada por meditações e dúvidas, ele fora o eleito por Alá como o seu Anunciante;

- Depois revelou-se um comandante de homens, um general, um estrategista, e;

- Finalmente terminar os seus dias como um conquistador e um estadista, aquele que lançaria as bases de um estado islâmico.

A região da Arábia na época de Maomé, isto é, entre os séculos VI e VII, pertencia a periferia do Império Romano do Oriente (Bizantino), também considerada área de interesse marginal pela outra potência daquela época, o Império Persa (Sassânida). Estes viviam em intermináveis conflitos, travando guerras entre si, ou pela posse dos oásis ou para vingar um saque a que foram submetidas.

Cada uma das tribos tinha um culto em torno dos seus ídolos particulares. Maomé, importando o monoteísmo de suas viagens, também trouxe na bagagem a ideia de um império da lei e da ordem. O resultado disso foi o Islã, a fusão de uma mística religiosa baseada num deus único, omnisciente e omnipresente, com um estado de lei e ordem comum a todos habitantes do deserto.

O seu objectivo era estabelecer a paz entre eles, sendo que o sentimento de fraternidade islâmica deveria superar os códigos limitados dos clãs e das tribos, convertendo-as numa Umma, isto é, a imensa comunidade dos crentes em Alá, (MANTRAN,1977:55).

1.1.2. Os princípios da nova fé

O Islamismo é uma religião que chama a atenção por sua absoluta simplicidade. O fiel comunica-se directamente com o Todo-Poderoso, perante quem todos são iguais, sem distinção de qualquer espécie, (BRISSAUD, 1993).

Frente a Alá, não há ricos nem pobres, nem nobres nem parias. Na sua época, o islamismo foi o mais poderoso instrumento de igualitarismo entre os homens, pois a pregação da caridade e da fraternidade tornou-se uma ponte que ligava os extremos sociais e aplainava os preconceitos contra os pobres.

1.1.3. Obrigações do crente

Maomé nunca se viu como divino, dotado com uma outra natureza que não fosse a humana.

A adesão do crente ao Islã verifica-se pela obediência e o comprometimento com o que denominou-se os cinco pilares do muçulmanismo:

- A declaração de fé em Alá (shahada);

- A oração diária (salat);

- A peregrinação à Meca (hajj ou Hégira);

- A prática do jejum religioso (no mês do Ramadã), e;

- Finalmente, o compromisso com a caridade (em forma do dízimo, o zakat). Alguns supõem que também faz parte das obrigações, entrando como o 6º pilar, a adesão à jihad, a guerra santa na defesa do Islã.

1.1.4. A mesquita e a prece

Tal como o judaísmo ensejou a sinagoga e o cristianismo a igreja, o islamismo também criou o seu próprio templo: A mesquita. É obrigatório aos que a frequentam, retirar o calçado em sinal de respeito como um gesto de purificação (deixa-se a poeira da rua na entrada).

As

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