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O Clima e Arquitetura

Por:   •  3/11/2018  •  2.579 Palavras (11 Páginas)  •  248 Visualizações

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- Urbanismo

O processo de segregação urbana na cidade de Belém é antigo, e data da época de fundação da cidade, onde as instituições que conduziram a fundação da mesma instalaram-se nas melhores áreas, as mais elevadas, enquanto que as famílias desprovidas de posses foram ocupar as áreas mais baixas, sujeitas a alagamentos, e essa configuração de segregação existiu por um longo período, baseando-se nas áreas centrais.

Uns dos elementos urbanos que exercem uma grande influência na variação do conforto térmico são: a vegetação e a morfologia urbana; onde o primeiro possui uma função muito importante, pois é responsável pela atenuação e absorção de parte dos raios solares, além de produzir o sombreamento, e o segundo, pois irá influenciar na circulação do vento, na evaporação, além do sombreamento causado pelas edificações e a proximidade dos rios. Com o projeto de urbanização realizado durante a gestão de Antônio Lemos (1897 - 1912), avenidas foram abertas e houve a preocupação com o plantio de espécies arbóreas no decorrer dessas principais avenidas da época, e essas áreas estavam localizadas nas áreas centrais da cidade, como a Avenida Presidente Vargas, Avenida Nazaré, Avenida Gov. José Malcher e a Avenida Gentil Bittencourt. Por serem áreas centrais e terem sido urbanizadas primeiro que outras áreas, as mesmas sofreram um processo maior de valorização.

Na zona Leste da cidade predominam os bairros com as tipologias sociais Popular, Operário e Médio. Segundo pesquisas com recolhimento de amostras da temperatura em bairros de Belém, o bairro do Curió-Utinga foi o menos desconfortável termicamente, fato este atribuído à Área de Proteção Permanente (APA) de Belém e instituições públicas que ocupam quase toda extensão deste bairro, com o valor do IC de 27,4ºC. Os demais bairros da zona leste são bastante urbanizados, e não possuem edifícios muito altos, com uma pequena quantidade de áreas vegetadas, o que ocasionou menos conforto térmico do que no bairro do Curió-Utinga. Já na zona Sul da cidade predominam os bairros com a tipologia social Operário e Popular, onde os valores do IC variaram entre 29,0 º C e 29,8 º C. Os bairros do Jurunas e Condor são bastante populosos e apresentaram valores de desconforto térmico com o IC de 29,8 º C e 28,9 º C, respectivamente. Esses bairros estão situados nas margens do Rio Guamá, existe pouca vegetação arbórea, onde a altura predominante das residências é de dois pavimentos, construídas em alvenaria e/ou madeira. Na zona central da cidade predominam os bairros com tipologia social Superior, esta área da cidade foi a primeira a ser ocupada historicamente, devido a sua localização estratégica por estar nas margens do Rio Guamá e da Baía do Guajará, e as condições do terreno serem melhores (mais elevados e sem várzea), e posteriormente, a cidade cresceu em direção aos outros bairros mais afastados do rio. Esta área, atualmente, é a mais verticalizada da cidade e o efeito do sombreamento, tanto dos edifícios como das árvores, ajudam a amenizar o desconforto térmico para os pedestres. O bairro de Nazaré que possui muitos edifícios e vegetação arbórea no decorrer das avenidas apresentou um valor de IC 28,7 º C, enquanto que, o bairro do Umarizal (Nº 07) que é bastante verticalizado, mas pouco arborizado, o valor do IC encontrado foi de 29,3 º C. Na zona Oeste da cidade predominam os bairros com as tipologias sociais Operário e Popular, com a predominância de construções baixas com dois a três pavimentos, e alguns edifícios. O bairro da Sacramenta que é bastante populoso e possui poucas áreas vegetadas, o IC encontrado foi de 29,8 º C, enquanto que, no bairro de Val-de-Cães, o valor do IC registrado foi de 28,4 º C, fato este associado as proximidades das áreas vegetadas no entorno do aeroporto. Já no bairro da Pedreira, a presença de vegetação é pequena e o IC encontrado foi de 29,4ºC, e este bairro é uma área que está passando por um processo de verticalização nos últimos anos, devido à saturação do espaço na área central da cidade. Na zona Norte da cidade predominam os bairros com as tipologias sociais: Popular Operário, Operário e Médio. Essa região é caracterizada por edificações baixas, diversos conjuntos residenciais, sendo alguns de alto padrão. Ao longo do eixo da Avenida Augusto Montenegro, via de grande importância para a região, por ainda existirem terrenos disponíveis, está havendo uma expansão para essa direção, com a construção de diversos condomínios verticais e de casas de alto padrão. Os bairros do Benguí e Tapanã apresentaram valores de IC de 29,3 º C e 28,8 º C, respectivamente, uma variação bastante pequena, sendo que, o bairro do Tapanã encontra-se nas margens de um grande corpo hídrico, enquanto que o Benguí está mais afastado da margem da baía do Guajará. Nas zonas Nordeste e Noroeste da cidade as tipologias sociais predominantes foram são: Popular Periférico, Médio Inferior e Popular Operário. A zona Nordeste que é composta pela Ilha de Mosqueiro, onde predominam edificações baixas, apresentou um IC de 29,0ºC. A Ilha de Outeiro apresentou um valor do IC de 28,3ºC. Este fato deve-se ao efeito dos ventos de grande escala (alísios de nordeste) que são predominantes na região, como também da contribuição da morfologia e do tipo de cobertura do solo da ilha, onde na Ilha de Outeiro existem muitas áreas vegetadas e edificações baixas, que permitem uma boa ventilação urbana e pouca impermeabilização do solo, já que existem poucas vias devido o tamanho da Ilha. Na Ilha de Mosqueiro as edificações também são baixas, mas existem mais áreas impermeabilizadas por asfalto e concreto, já que a mesma é bastante utilizada pela população para férias de veraneio e nos finais de semana, o que gera uma maior necessidade de infraestrutura urbana (pavimentação).

O fenômeno da Ilha de Calor Urbana foi mensurado por Costa (1998) na década de 1990 e o mesmo encontrou diferenças de temperatura entre a área urbana e a rural de 4,5ºC, e medidas realizadas posteriormente por Silva Junior (2012), que encontrou valores que atingiram até 8,3ºC de diferença entre a área urbana e a periférica da cidade. Essa variabilidade ocorre, principalmente, devido às características do uso da cobertura do solo. Na área menos urbanizada, onde há menos edificações, o vento flui com mais facilidade, existem mais áreas com vegetação e menos impermeabilização do solo, o que facilita a evapotranspiração. À medida que se desloca para a área central da cidade essas características vão se invertendo, onde existem mais edificações, menos quantidade de vegetação, maior impermeabilização do solo e

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