O Concreto Reciclado
Por: Ednelso245 • 2/7/2018 • 3.230 Palavras (13 Páginas) • 302 Visualizações
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Tendo conhecimento destes fatores, deve-se salientar que existem maneiras de reduzir os impactos negativos da geração e acúmulo desses resíduos. É possível aprimorar os processos da construção civil com a redução de perdas de materiais, melhorando também o planejamento das cidades e do destino dos sólidos urbanos.
Neste contexto, surge a possibilidade de reciclagem dos resíduos de construção e demolição, através, por exemplo, dos agregados reciclados e do seu emprego na produção de concreto, como alternativa aos agregados naturais.
A reciclagem, potencialmente, pode resultar na redução de custos e do volume de extração da matéria-prima, preservando os recursos naturais limitados, e também na minimização dos problemas com gerenciamento de resíduos sólidos urbanos nos municípios. (Leite, 2001).
Tema recente e ainda esporádico nas questões que tramitam nas políticas ambientais brasileiras, o beneficiamento e reutilização dos RCD’s não é novidade para alguns outros países.
Ressaltando as particularidades de cada região, é esperado que o Brasil avance neste quesito, se apoiando para tanto, nos avanços científico-tecnológicos aqui conquistados e abrindo espaço para que, ainda que a passos lentos, essa técnica seja cada vez mais utilizada e aprimorada nas nossas cidades.
Desta maneira, este trabalho visa possibilitar a discussão da viabilidade técnica e econômica, bem como dos impactos ambientais da utilização de RCD na produção de agregados para o concreto reciclado na nossa região...
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2. DESENVOLVIMENTO
2.1 Materiais e Métodos
A metodologia desse trabalho foi baseada na análise de artigos e estudos sobre a utilização do concreto reciclado, para que assim pudéssemos obter uma discussão sobre os seus benefícios para com o meio ambiente e a viabilidade da utilização do mesmo nas construções civis em nossa cidade, Montes Claros, abrangendo também de uma forma geral todo o país.
2.2 Discussão
Resíduos De Construção
De acordo com a definição da palavra, “’Entulho’ sm 1. Caliça, pedregulhos, areia, tudo que sirva para aterrar, nivelar depressão de terreno, vala, etc. 2. Restos de tijolos, argamassa, etc. 3. Materiais inúteis resultantes de demolição. ”
De uma maneira mais geral e técnica, os Resíduos de Construção e Demolição (RCD) é todo resíduo gerado de atividades de construção, sejam reformas, demolições ou novas construções. Existe uma definição específica para os resíduos da construção civil; a Resolução nº 307, de 5 de julho de 2002 elaborada pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), nos diz: “Resíduos da construção civil: são os provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc., comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha;”
Esta resolução também diz ao respeito sobre a classificação dos resíduos de construção civil, que podem ser classificados em quatro diferentes classes, sendo elas,
- Classe A: são os resíduos que podem ser reutilizados e reciclados na forma de agregados, tais como componentes cerâmicos, argamassa, concreto, alvenaria e solos. O nosso trabalho tem como enfoque os resíduos originados dessa classe.
- Classe B: são os resíduos recicláveis para outra destinação, como madeira, metal, plásticos, vidros e papel.
- Classe C: são os resíduos que ainda não foram desenvolvidos tecnologias para sua recuperação, tais como o gesso.
- Classe D: são os resíduos considerados perigosos provenientes do processo de construção, como tintas, solventes, óleos ou aqueles que foram contaminados no processo, tendo como exemplo reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros.
A geração dos RCD é proveniente das perdas de materiais de um empreendimento, desde a construção, manutenção até a demolição. As catástrofes naturais como desabamentos, incêndios, bombardeios e etc. também podem ser consideradas geradores de RCD. Diversos estudos têm indicado elevados percentuais de perdas de materiais de construção e, em consequência, uma grande quantidade de resíduos gerados (FORMOSO et al., 1998; ISATTO et al.).
No gráfico abaixo pode-se analisar a porcentagem das áreas de origem do RCD em alguns municípios do Brasil:
Origem do RCD em alguns municípios brasileiros
[pic 1]
Fonte: I&T Informações e Técnicas apud Pinto e Gonzáles (2005)
No Brasil, a porcentagem dos RCD nos resíduos sólidos urbanos é alta: cerca de 51 a 70%. Isso degrada a qualidade de vida humana, pois como muito ocorre, existe uma grande deposição em locais irregulares, gerando assim problemas na sua captação, o que sobrecarrega os serviços públicos. A realidade é que esses resíduos deviam ser responsáveis pelos geradores, e não depositados na conta dos cidadãos.
A cidade de Montes Claros, especificamente, sofre um processo de verticalização, o que aumenta cada vez mais a presença da construção civil, assim, cada vez mais RCDs são gerados. Segundo informações obtidas pela ESURB em fevereiro de 2013, dados indicam o número de aproximadamente 131.000 ton.ano-1 e resíduos sólidos gerados no município de Montes Claros. Um grande problema é que nem todos os empreendimentos são registrados pelos CREA-MG, assim, grande parte dos resíduos são gerados e dispostos em locais irregulares.
Grande parte dos RCD produzido são argamassa, concreto e material cerâmico, estes que fazem parte dos resíduos de classe A, ou seja, os agregados reciclados. Assim, discutiremos sobre o mesmo e mais conseguinte a possibilidade da utilização do concreto reciclado na construção civil.
[pic 2]
Agregados Reciclados
A NBR 15.116 (ABNT, 2004f) define agregado reciclado como
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