A sexualidade na terceira idade

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Conforme NERI, 2002, 2008, a velhice representa a ultima fase do ciclo vital, delimitada por eventos de natureza múltipla, incluindo, por exemplo, perdas psicomotoras, afastamento social, restrições em papéis sociais e especialização cognitiva.

Porém, acreditamos que, contrariamente ao que pé preconizado, de forma preconceituosa, pelo senso comum, envelhecer não é sinônimo de incapacidade funcional, dependência e inexistência de vivências sociais e sexuais. A pesar de haverem perdas físicas, psicológicas e sociais, no processo de envelhecimento fisiológico, sabemos ser possível a vivência de uma velhice bem sucedida. Conforme afirmam CACHIONI e FALCÃO (2009), esta possibilidade esta associada à boa saúde física e mental, atividade e envolvimento com a vida, condições essas dependentes da influência combinada de eventos genético-biológicos, sociais, econômicos e psicológicos.

Na gerontologia, o envelhecimento, é um processo sequencial do ciclo vital, tendo suas características atreladas a singularidade de cada sujeito. Felizmente, nos dias de hoje, estamos construindo uma visão mais positiva e produtiva para o idoso, Mas, quando a questão é a sexualidade nesse período da vida,o assunto é cercado de preconceitos perante a sociedade e entre os próprios idosos que convivem com mitos e tabus (ALMEIDA; LOURENÇO,2007).

A imposição de certos padrões de comportamento, pela sociedade, limita a sexualidade humana a um período compreendido entre a puberdade e o inicio da maturidade. Dessa forma, a atividade sexual não é reforçada pela sociedade na velhice. Contrariamente, é punida por meio do preconceito. Os idosos submetidos a essa ideia imposta pela sociedade, e aliados às modificações fisiológicas características do envelhecimento, parecem aceitar a dessexualização como um processo normal da idade (CASTRO; REIS, 2002).

A sexualidade na terceira idade, devido a sua complexidade, deve ser visualizada sob um novo ponto de vista que não a limite apenas aos aspectos biológicos, uma vez que se trata de uma construção social. É necessário perceber as necessidades impostas pelo processo de envelhecer e pela busca de possibilidades de assistência integral ao segmento idoso.

Por tanto, ter o conhecimento das representações sociais da sexualidade na terceira idade significa compreender a representatividade deste fenômeno para a população idosa, investigando a presença de preconceitos e mitos que norteiam esse processo e que permeiam o comportamento dos idosos no que diz respeito às suas vivências sexuais.

- RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise inicial foi realizada concomitante a nossa participação no grupo. Ela foi estruturada a partir de entrevista semi dirigida realizada de forma individual no baile da terceira idade.

Participaram da pesquisa 10 idosos, dos quais 05 eram do sexo feminino e 05 eram do sexo masculino; entre as idades de 60 a 70 anos.

Iniciamos nossa entrevista questionando o objetivo maior da presença no baile da terceira idade, 90% dos idosos responderam estarem presentes em busca de lazer e apenas 1% respondeu estar em busca de sexo. Esta resposta foi reforçada no momento em que perguntamos aos idosos se eles consideravam a sexualidade a e o ato sexual como sinônimos e a resposta de 100 foi: não.Porém,este não, torna-se contraditório nas respostas a pergunta aberta que fizemos: Como você faz para viver a sua sexualidade em seu cotidiano?

Todas as respostas associaram sexualidade com a prática ou não do ato sexual.

Quando perguntamos a importância do sexo para os entrevistados, 50% respondeu que considera de pouca importância e 50% considera de muito importante.

Interessante também é o fato de 100% ter respondido que não usa nenhum estimulante sexual.

Um dos fatores que influenciam negativamente a sexualidade do idoso é o desconhecimento acerca da sexualidade na velhice, bem como, os aspectos culturamente proibitivos cultivados a respeito de relações sexuais entre eles. Para muitos, a velhice é visualizada como um dos períodos do ciclo vital de assexualidade, Isso faz com que os idosos se comportem em conformidade com as expectativas sociais e, aqueles que têm desejo sexual experimentam um sentimento de culpa e vergonha (CASTRO; REIS, 2002).

Observamos que cada idoso manifesta ou entende a sexualidade de acordo com sua vivência isso foi demonstrado nas respostas, no geral. Porém, ao questionarmos o que é prioritário em uma relação sexual, 60% ou seja, a maioria responde que são as caricias e apenas 40% considera também a penetração.

Cada individuo expressa sua sexualidade de maneira particular e única, Para uns a sexualidade se resume somente no ato sexual,para outros, no entanto,deve vir acompanhada de outros fatores como caricias , a compreensão e o amor (RODRIGUES,2008). Observamos que cada idoso manifesta ou entende a sexualidade de acordo com sua vivência isso foi demonstrado nas respostas, no geral.

Quando questionamos a frequência do ato sexual e a quantidade de parceiros, nos últimos trinta dias, 60% respondeu que praticou sexo apenas uma vez no mês, com um parceiro (a); 10% praticaram duas vezes e com dois parceiros (as) e 30% não praticou sexo nos últimos trinta dias e não possui parceiro (a).

É esperado que com o avançar da idade,ocorra um declínio da atividade sexual,verificando que as relações de sedução podem ser mais facilmente reconhecidas e reivindicadas do que o próprio ato sexual (VASCONCELLOS ET AL; 2004). Desta forma, é possível comprovar que sexualidade não se restringe somente ao ato sexual, é muito mais, engloba sentimentos como amor, partilha toque, enfim, todas as formas que expressam a busca pelo prazer.

Finalizamos nossa entrevista perguntando aos idosos se eles tinham dificuldades ou tabus de falar sobre sexo com os jovens, 60% demonstraram dificuldades e 40% disseram que o fariam ou fazem com facilidade. É nítido que a cultura tem influência direta na forma como cada geração expressa sua sexualidade, pois é moldada pela história e pela religião, que estabelece normas e comportamentos, criando tabus, mitos e preconceitos (ARCOVERDE,2006).

- CONSIDERAÇÕES FINAIS

O envelhecimento populacional representa um fenômeno mundial que vem demandando desafios constantes aos profissionais de diversas áreas do conhecimento científico. Os indicadores sejam de ordem biológica, psicológica ou social, apontam para a necessidade de redefinição de