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A ANOREXIA NERVOSA

Por:   •  26/11/2018  •  6.139 Palavras (25 Páginas)  •  386 Visualizações

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2. METODOLOGIA

Este trabalho foi elaborado a partir de revisão bibliográfica de literaturas referente aos transtornos psicológicos que contribuem para o desenvolvimento da anorexia nervosa e como a psicologia pode atuar no tratamento das adolescentes anoréxicas. Os artigos analisados foram pesquisados em banco de dados reconhecidos cientificamente (Scielo e bvs-psi) e em livros que abordam assuntos relacionados com o tema proposto.

Contribuiu também para o desenvolvimento deste trabalho a discussão interdisciplinar com grupo de alunos e com todos os professores do 1º modulo do curso de Psicologia. A interdisciplinaridade é um paradigma que leva em conta uma tomada de posição frente ao problema do conhecimento pelas pessoas envolvidas num processo educativo e que reconhece a complexidade dos problemas a serem enfrentados, propondo soluções para que a humanidade possa se expressar em sua plenitude (CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA, 2010).

Ainda segundo o Centro Universitário Una (2010) a interdisciplinaridade requer uma relação de reciprocidade, interação, mutualidade e diálogo em torno de uma intenção comum pelos participantes do projeto; cooperação entre as disciplinas ou área distintas de uma mesma ciência para que possam enriquecer-se mutuamente; aplicação prática da teoria para a sedimentação dos conteúdos aprendidos; abertura a todas as formas de saber que possam contribuir com o projeto, mantendo-se o foco científico sobre o projeto estudado; substituição da concepção fragmentária do conhecimento por uma concepção mais abrangente, complexa e que abarque vários ângulos em que o tema do projeto possa ser estudado.

3. BASE HISTÓRICA DA ANOREXIA

Para entender as causas da Anorexia Nervosa, é necessário compreender em que contextos da história ela acontece.

Cordás e Claudino (2002) contam que no período da idade média, as práticas de jejum eram entendidas como estado de possessão demoníaca ou milagres divinos. Em 1985 no livro “Holy Anorexia” (BELL, 1985, apud CORDÁS; CLAUDINO, 2002) descreve o comportamento anoréxico realizado por 260 santas italianas, que teriam vivido entre 1200 e 1600, podendo ser resposta à estrutura social patriarcal a qual estavam sendo submetidas, este comportamento ficou conhecido como Anorexia Sagrada, aonde, para liberar o corpo e alcançar metas espirituais, elas superavam suas necessidades físicas e sensações básicas como o cansaço, impulso sexual, fome e dor, a crença religiosa relacionava-se com a intenção das jovens de perder os atrativos femininos. Um caso conhecido é o da Santa Catarina de Siena, que aos 15 anos, após a morte da sua irmã e com projetos futuros de casamento, iniciou-se restrição alimentar, preces e práticas de autoflagelação, e, quando era forçada a se alimentar, enfiava ervas e galhos na garganta para induzir o vômito, fazendo assim à retirada dos alimentos de seu estômago. Isso tudo era devido a um voto de castidade feito quando ela era ainda criança. Sua decadência (inanição) gerou alteração de seu comportamento psicológico, vindo ela a falecer aos 32 anos de desnutrição.

O primeiro relato médico da anorexia nervosa foi em 1689 por Morton, onde no livro sobre doenças consumptivas, descreve dois casos compulsivos de origem nervosa. O autor relata sobre a influência entre processos mentais e físicos e destaca o papel patogênico das emoções. Vários relatos médicos são citados em livros desde então, sem receber a atenção merecida, como o livro “Note sur une forme de délire hypochondriaque consécuti aux dyspesies et caracterisée principalement par le refus d¨ aliments” publicado por Louis-Vitor Marcé (1860) em Paris. A anorexia nervosa torna-se independente na segunda metade do sec. XIX, devido ao médico inglês William Gull e o psiquiatra francês Lasègue. Em 1873 ela é relatada como entidade clínica com sintomatologia e patogenia distintas, nesta época Gull parece receber prioridade na literatura médica pelo fato dele ter feito uma breve referência à "Apepsia Histérica" em uma conferência anual da "British Medical Association" em 1868. Gull tem grande referência pelo fato, porém passa despercebido por 5 anos. Em abril (1873) Lasègue publica o artigo “De I’anorexie hystérique” que contribuiu com a nasologia dos distúrbios digestivos que ocorrem na histeria, mas Gull em outubro (1873) apresenta o tema “Anorexia Nervosa” para a “Clinical Society of London” sendo publicado em 1874, que descreve três casos. Dizendo que os sintomas costumam ocorrer entre mulheres dos 16 aos 23 anos e ocasionalmente em homens da mesma faixa etária. (MARCÉ, 1860; LASEÈGUE, 1873; GULL, 1873, apud CORDAS; CLAUDINO, 2002)

Provavelmente Charcot (1889) foi o primeiro a detectar o aspecto psicopatológico central como causa que motiva as mulheres anoréxicas a jejuar, sendo que outros médicos franceses relacionavam a causa ao medo de engordar. Anos mais tarde, em 1903, Janet conta o caso de Nadia, uma moça de 22 anos, que durante as consultas não parava de perguntar “você acredita que eu estou tão magra quanto da ultima vez? Por favor, diga-me que serei sempre magra”. Nadia apresentava vergonha e repulsa ao corpo feminino, na anorexia o desejo de emagrecer estava relacionado à tentativa de atrasar a maturidade sexual. Janet destingue então duas formas de anorexia com base na presença ou ausência de fome, uma obsessiva, na qual a fome estava presente, e outra, histérica, na qual as pacientes não possuíam mais fome. (CORDAS, CLAUDINO, 2002)

Em 1914, a compreensão da anorexia nervosa passa a ser vista como uma doença orgânica (somática) e confundida com a doença de hipopituitarismo com implicações terapêuticas, quando Simmonds descreve um caso fatal de caquexia na qual a autopsia revelou atrofia do lobo anterior da hipófise. O conceito clássico de anorexia nervosa é retomado após 30 anos quando Sheehan e Summers (1949) demonstram que, apesar de existirem sintomas comuns entre os dois quadros, não havia evidências clínicas de redução da função hipofisária, nem anormalidades histológicas significativas da glândula nervosa. A anorexia, ao longo de sua historia, teve seus sintomas incompreendido, era constante em todos os diagnósticos psiquiátricos com grande perda de peso, devido a presente alteração cognitiva, afetiva e comportamentais provocadas pela inanição, sendo variantes em outras doenças psiquiátricas, principalmente na histeria, esquizofrenia, transtorno obsessivo e na doença afetiva. Em 1960 a doença foi reconhecida como síndrome psiquiátrica específica, isso se deve a um elevado crescimento

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