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O USO DOS GRUPOS OPERATIVOS COMO FERRAMENTA DE TRABALHO PARA A ENFERMAGEM

Por:   •  10/12/2018  •  3.718 Palavras (15 Páginas)  •  344 Visualizações

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Considerando que o homem é um ser gregário e precisa do grupo para viver, o enfermeiro que trabalha na assistência precisa reconhecer a excelente estratégia didática que a dinâmica de grupo representa e a oportunidade que os usuários têm de estar em um local onde podem se expressar, adquirir autoconhecimento, quebrar paradigmas, vencer medos e conhecer outras histórias de vida e superação (DIAS, SILVEIRA E WITT, 2009).

O maior desafio, no entanto é fazer com que os profissionais de enfermagem utilizem os grupos de forma mais efetiva, como ferramenta diária da assistência. Muitos profissionais da área ainda vê a educação em saúde no modelo convencional, baseada em discursos longos e cansativos sobre o que deve ou não ser feito, fortalecendo a palavra do educador como sendo “a coisa certa” e não dando ao usuário a oportunidade de expor suas idéias ou conhecimentos. Esta era a ideia que se tinha na década de 1980, quando a educação em saúde ainda era vista como uma forma de controlar e padronizar o comportamento dos usuários nos serviços de saúde. Esta prática, porém não se mostrava eficaz, pois apesar de instruir, não era atrativa e nem envolvia realmente as pessoas no cuidado e em consequência, a adesão aos grupos era muito pequena. (RIGON e NEVES, 2011).

Pretendeu-se neste trabalho discorrer sobre o uso dos grupos operativos como ferramenta de trabalho para a enfermagem, a fim de ressaltar sua importância e eficácia nas estratégias de educação em saúde. Espera-se que este estudo possa contribuir para que a educação em saúde seja inserida na assistência de enfermagem como ferramenta essencial e cotidiana e que se aumente os estudos e pesquisas na área.

2 METODOLOGIA

Para realização deste estudo foi realizada uma revisão bibliográfica construída com base em artigos científicos pesquisados entre os meses de Março a Setembro de 2013 para obter dados de estudos anteriores sobre a utilização de grupos operativos pela enfermagem.

O levantamento dos dados foi realizado através de recurso eletrônico nas bases de dados da Scientific Electronic Library Online (SCIELO), Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Base de Dados de Enfermagem (BDENF), contidas na Biblioteca Virtual de Saúde (BVS). E também no site de pesquisa Google Acadêmico.

Os descritores utilizados foram: enfermagem, grupos focais e cuidados de enfermagem. Também foi utilizada linguagem natural, como: grupo operativo e Pichon Rivière, todos com o auxilio do operador booleano and. Os critérios de inclusão foram: artigos publicados após o ano de 2008, disponíveis na integra e em português. Foram excluídos artigos cujo assunto fugia à nossa temática.

Foram encontrados 66 trabalhos dentro dos critérios selecionados na base de dados da BVS; destes separamos 16. No Google Acadêmico foram encontrados 703 artigos dos quais foram separados 10 artigos cujo resumo chamou mais atenção e que tratavam efetivamente do trabalho dos enfermeiros com grupos operativos e dos benefícios da utilização dos grupos na assistência. Os resultados foram categorizados de acordo com a relevância e o tipo de informação que continham. Da seleção final, 10 artigos foram efetivamente citados no trabalho, sendo 4 do Google Acadêmico e 6 da BVS.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Origem e conceito dos Grupos Operativos

A técnica de grupo operativo foi criada em 1948 pelo ilustre psiquiatra e psicanalista Enrique Pichon-Rivière*. Durante uma greve de enfermeiras no hospital La Mercedes em Buenos Aires, a assistência aos pacientes de transtorno mental ficou comprometida e Pichon sugeriu que os pacientes com menor comprometimento mental cuidasse dos mais acometidos. A experiência foi bastante satisfatória para os dois grupos que passaram a dividir tarefas e experiências, permitindo assim que todos pudessem receber os cuidados que necessitavam. Com o sucesso da experiência, Pichon passou a envolver os pacientes na terapia um do outro e a distribuir tarefas entre eles. Percebeu-se então que o grupo tinha uma grande e importante influencia sobre seus pacientes; com isso ele criou o termo Grupo Operativo e passou a emprega-lo em todo seu trabalho (BASTOS, 2010).

O objetivo do grupo operativo é educar, refletir e dar suporte aos pacientes, dividir conhecimentos e aprender por meio da troca de experiências individuais. Cada sujeito do grupo torna-se “porta-voz de si mesmo e das fantasias inconscientes do grupo” (BASTOS, 2010). O trabalho com grupos transforma a realidade dos integrantes a partir do momento que eles se vinculam e passam a interagir uns com os outros. A mudança é o principal objetivo do grupo operativo e envolve um processo gradativo, no qual os integrantes do grupo passam a assumir diferentes papeis e posições frente à tarefa grupal. No entanto para que se tenha resultados satisfatórios, essa técnica tem que ser desenvolvida com base na interpretação correta e profunda do que os usuários sentem e anseiam, com o objetivo de mudar comportamentos e ao mesmo tempo, ajudá-los a adquirir o

* Pichon_Rivière, nascido em Genebra (Suíça) em 25 de Junho de 1907. (BASTOS, 2010).

insight**, utilizando para tanto diversas técnicas de psicoterapia de grupo. (GRANDO; DALL’AGNOL, 2010).

A técnica de grupo permite aos profissionais aplica-la em várias linhas de trabalho. Ele pode ser utilizado para oferecer suporte, socializar indivíduos, dividir tarefas, desenvolver o autocuidado ou ainda como psicoterapia. Também tem um grande potencial preventivo e de auxilio em situações de transição, seja na adesão a um novo tratamento ou na aceitação de uma nova doença ou agravo. Este é o grande desafio da enfermagem, pois para que isso ocorra é necessário que o profissional esteja capacitado para conduzir o grupo, e seja articulado o suficiente para conseguir desempenhar uma ação em conjunto com os usuários e também com outros profissionais da área (DIAS; SILVEIRA; WITT, 2009).

3.2 Benefícios do GO para os pacientes

No Brasil a pratica com grupos está geralmente voltada para adesão ao tratamento proposto e na prevenção de complicações e agravos. Segundo Pichon-Riviere apud Bastos (2010) o trabalho em grupo transforma a realidade a partir do momento que seus integrantes se interagem e se vinculam. A mudança que é o objetivo do grupo operativo e envolve todo um processo gradativo, no qual os integrantes do grupo passam assumir diferentes papéis e posições

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